Capítulo 11

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• Fernando •

Caminhei a passos apressados pela empresa, observando Maiara abrir a porta de vidro e passar por ali como se estivesse visto a própria figura de Lúcifer. Segui atrás, passando pelo guarda, que a observava carregar a caixa com dificuldade, e sorriu de lado com a mulher agitada.

Revirei os olhos e a alcancei logo que ela tentou abrir a porta do carro na primeira tentativa, dando um solavanco para trás e batendo contra meu corpo.

Fernando: Não vai fugir. Não dessa vez — falei baixo. — Vamos, me deve uma carona — completei, despreocupado, pegando a caixa dos seus braços e puxando a chave do carro das suas mãos. Destravando o veículo, coloquei a caixa no banco de trás, balançando o chaveiro com a miniatura de um cavalo no ar. — Como pretendia abrir a porta sem isso?

Maiara: Eu apertei. — Bufou. — Diversas vezes, só não abriu.

Puxou a chave e deu meia-volta.

Maiara: Você não vai comigo! — Foi enfática.

Segurei o sorriso, colocando as mãos sobre o coração, fingindo ofensa.

Fernando: Até seu carro preferiu ser aberto por mim, Maiara. É o destino... — Dei ênfase na última palavra, a fazendo rir desdenhosa.

Maiara: Que destino? Estou destinada a quê, Fernando? Ficar lado a lado do cara que me pediu coisas tão desprezíveis nos últimos dias que...

Fernando: Pelo amor de Deus, já pedi desculpas pelo que disse ou dei a entender. — Balancei as mãos no ar. — Quero fazer a coisa certa, ok? Só que, se você continuar com essa pose de que nunca errou na vida, não vou conseguir. Me diga, Maiara, há algo que tenha dito ou feito que nunca tenha se arrependido?

Ela deu um passo atrás, como se tivesse levado um tapa na cara.

Maiara: Não.

Novamente, me encarou com superioridade.

Sorri.

Fernando: Você é uma peça rara, Maiara Carla. O fato de dizer que nunca errou me surpreende por ver que é hipócrita o suficiente para isso.

Maiara: Você agora vai me ofender?!

Fernando: Eu não deveria. — Franzi a testa, confuso. — Só que não resisto. Não há ninguém tão perfeito que nunca tenha errado.

Maiara: Filosofia barata, Fer? — debochou, cruzando os braços, e entrou no carro, me obrigando a dar meia-volta e impedir que ela fechasse a porta. — Você não vai avançar muito me ofendendo.

Fernando: Não estou ofendendo. Só deixando claro uma coisa que aposto que sabe. — Ela arqueou a sobrancelha. — Me diga aonde irá. — Maiara inspira fundo, fazendo o peito subir e um pedaço de pele se espreitar pelo decote do vestido.

Desviei o olhar.

Maiara: Vou à uma consulta. Posso deixá-lo no hospital, já que insiste.

Fernando: Ótimo! — Entrei no carro.

Maiara: Você é o CEO, cadê seu carro, pelo amor de Deus?

Fernando: Quebrou. — Dei de ombros.

Maiara: Sério? O CEO do grande Grupo Zor não tem um carro reserva?

De verdade, eu tinha, só que não iria dar mais um motivo para me empurrar para longe.

Fernando: Não. — Ela me lançou um olhar desconfiado e apertou o dedo contra o botão do som, ativando a rádio local, e senti o carro inundando no volume alto. Logo fiz o mesmo movimento, desligando-o.

Para Sempre Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora