A Ovelha Negra

Jogo de Egos

Fecho os olhos e me afasto, me sentia afetada demais pelo o que acabou de acontecer, eu era incapaz de pronunciar uma palavra sequer, era como se eu tivesse acabado de levar um soco no estômago. Meus lábios ainda estavam inchados pela força que me beijou, Gabriel me beijou e eu correspondi, a situação era tão surreal que era difícil acreditar que tudo realmente aconteceu, meu peito estava vazio, eu não passava de um jogo para ele a doce e inocente garota da igreja os sinais sempre estiveram lá só que eu não quis ver, Gabriel era um jogador e eu não passava de uma de suas conquistas. Quando volto a abrir os olhos ele não estava mais lá, um vazio enorme começou a me consumir e lágrimas grossas se formaram nos meus olhos mais eu não iria chorar não daria esse gostinho a ele, faço meu caminho de volta até a fogueira.
__ Meu Deus Grace te procurei por todos os lugares. Sky segura meus ombros e me olha.
__ O que foi? Aconteceu alguma coisa, parece que você quer chorar. Dei um sorriso amarelo e engoli a vontade de chorar.
__ Eu e Gabriel nos beijamos. Confesso,
__ COMO ASSIM? me conta tudo, grita sacudindo meus braços, depois de tomar coragem conto a ela toda história é claro que ocultei algumas informações.
__ Ele é um doente de merda, eu vou acabar com a raça dele.
__ Sky por favor não, eu quis ele não me obrigou a nada a idiota fui eu.
__ Estou sentindo cheiro de mentira, não está me contando a história toda. Afirmou.
__ Tudo bem! Já que estamos expondo verdades porque não me diz onde estava e o mais importante com quem estava. Subitamente ela saiu do ataque para a defesa.
__ Bom, eu fui pegar as bebidas como havia prometido, acontece que no meio do caminho Nickolas  e eu nos esbarramos e antes que você diga ele não é louco como o Gabriel. Ah Grace foi perfeito acho que estou apaixonada. Acontece que Sky perdia o interesse em um cara tão rápido quanto adquiria.
__ Pelo menos para alguém a noite foi divertida. Digo irônica.
__ A noite ainda não acabou, então tira essa cara de sofrida, retoca esse batom e vamos voltar para a festa. Me entrega uma garrafa de cerveja e não sei se por causa da humilhação que acabei de passar ou meu psicológico abalado aceitei.
__ É assim que a gente se recupera de boy lixo. Sky me leva de volta para o meio da festa e já tinha vários casais bêbados enroscados um com o outro como clipe de papel.
__ Será que eles usam camisinha? Sky aponta para Janine e Gus que estavam no maior amasso no meio da multidão.
__ Eca! Espero que Sim.
__ Olha só quem não tira os olhos de você. Me viro na direção que estava apontando e vejo Scott  Adams sorrindo e acenando para mim, retribui o sorriso automaticamente. Scott era um dos poucos garotos de Saint Augustine que valia a pena investir, o tio dele frequentava a mesma igreja que eu e até Scott não faltava as missas de domingo.
__ Ele está bêbado? Sky pergunta.
Revirei os olhos porque sério, metade dos adolescentes aqui estavam.
__ Ele está sendo simpático, cutuquei-a.
__ Ele me parece que está com tesão, eu te disse que seus lábios ficaram tentadores com esse batom vermelho.
Ignoro os comentários dela e tomo outro gole da bebida.
__ Vá com calma senhorita espertalhona você não tem costume de tomar álcool, se continuar nesse ritmo vai está bêbada daqui a pouco.
__ Essa cerveja é doce, eu gostei. Sky sorri.
__ É uma mistura um pouco perigosa então vai com calma.

Já passava das duas da manhã, eu havia perdido qualquer noção do tempo, a última coisa que me lembro foi de ter aceitado um copo de bebida de Justine. Eu estava saindo do banheiro da piscina quando não encontrei Sky no lugar que deixei, minha cabeça estava muito pesada e minha visão embaçada eu tinha certeza que minha tia iria me exorcizar, isso me fez rir. Minha garganta estava tão seca que procurei por um pouco de água, mas não encontrei nada no frigobar ou no freezer da festa.
__ Não tem água nesse lugar? Eu grito indignada, ninguém presta atenção em mim, todos estavam ocupados demais com suas bebidas ou com a língua na boca de alguém para me notar. Volto ao banheiro da piscina e noto que tem uma porta que levava para dentro da mansão, algo dentro de mim gritava para não fazer isso mas minha mente bêbada estava letárgica demais para compreender.
__ Ou de casa estou entrando, eu não conhecia minha própria voz, era como se meus movimentos estivessem em câmera lenta. A casa estava escura e silenciosa, bati o quadril na ponta do balcão de mármore e soltei um grito.
__ Quem colocou  um balcão aqui?
__ Provavelmente quem colocou não esperava ter a visita de uma bêbada. Meus olhos demoram a focar no garoto alto encostado na mesa me olhando com reprovação.
__ Quem dá uma festa e não coloca água para os convidados. A última frase saiu arrastada, eu imagino o padre e Deus me olhando agora as lágrimas que lutei para não derramar escorrem sem controle.
__ Eu sou uma vergonha. Coloco as mãos em frente ao rosto e chorei  igual uma criança.
__ Eu não acredito que está chorando por ter agido como uma adolescente. Porque ele estava sendo bonzinho? Gabriel era um enigma e quanto mais eu tentava desvendar mas confusa eu ficava.
__ Você me faz mal. Declarei com a voz trêmula repleta de acusação.
__ Eu sei. Ele confessa sem me olhar. Ainda com sede e completamente humilhada, vou em direção a geladeira, Gabriel apenas me olha em silêncio, assim que encontro uma garrafa de água começo a beber como se minha vida dependesse daquilo. Depois de encher a barriga de água faço meu caminho novamente para a saída.
__ Grace, eu não me arrependo. Ele diz passando por mim e voltando para a festa. Confusa eu estava e confusa eu fiquei.