Capítulo 15

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A Bianca chegou na aula e muitas coisas se passaram na minha cabeça. Por que o Theo voltou com ela se em nenhum momento ele falou nada? E no dia que ele me chamou para o sorvete, será que a intenção era mesmo vê-la, assim como eu imaginava? Mas por que ele não me falou nada? Por que ele mentiu? Ou será que não sentia nada por ela até vê-la novamente?

— Algum problema comigo, Manu? — Bianca me perguntou ao se aproximar de mim. Foi então que eu me dei conta que desde que ela havia entrado, eu não tinha tirado os olhos dela.

— Não, er... Desculpa. Eu... eu... — fiquei pensando em algo para dizer. — Estava reparando que sua roupa está linda hoje. Bom você tem muito estilo, então sempre arrasa nos looks, mas hoje está ótima!

Falei e torci para que não soasse falso.

— Ah. — ela pareceu aceitar a minha resposta. — É que vou sair com o meu namorado depois da aula.

Na hora eu já senti o meu corpo mudar. Uma sensação estranha e pesada.

— Ah, sei... O Theo, né?

— Sim. Ele contou? — ela parecia orgulhosa em falar.

— Não, er... Ele não. A Anne que me disse. É que ela pensou que eu soubesse, só por isso que...

— Não tem problema. — Bianca me cortou. — Eu não tenho nada a esconder. Estou super feliz de ter voltado com o Theo e ele também está.

— Er... Ah.. Er... Que bom.

— Agora nada de idas a sorveteria, hein? — ela debochou. — Agora ele é comprometido.

— Ele é só meu amigo. E, além do mais, eu estou ficando com um garoto, o Miguel.

— Não precisa se explicar. Só estou avisando. — ela sorriu.

Aquele sorriso não me soava bem. Não parecia um sorriso de amiga, parecia que carregava um certo rancor naquela expressão.

Eu fiz a aula e eu fui péssima. Muito pior do que todas as vez que eu já tinha feito aula. Eu caí por diversas vezes e em uma delas aconteceu uma coisa muito vergonhosa. Eu estava tentando fazer uma abertura de pernas quando de repente me desequilibrei e mais uma vez eu caí. Só que esse tombo não foi igual aos outros. Não, eu não quebrei nenhum osso — ainda bem.

Na minha mente eu caí em câmera lenta. E em meio a esse movimento eu ouvi um barulho de pedaço de pano sendo rasgado. Esse pedaço de pano era a minha calça. E pior? bem atrás, na parte de cima das pernas. E não foi um rasgo pequeno não. Mostrava toda a minha calcinha. Eu senti isso quando coloquei a mão e senti que estava tudo aparecendo. Quer algo mais vergonhoso que isso?

Olhei para as meninas e todas riam de mim.

— Meu Deus, Manu, o que aconteceu?

— você rasgou a sua calça.

— Sua bunda está de fora.

— Você usa calcinha de bichinho?

Eu ouvia as vozes delas entre risos e imediatamente sentei no chão para que as pessoas não precisassem ver.

— Amiga, — Anne se aproximou de mim. — quer alguma ajuda?

— Manu. Você está bem? — Minha professora perguntou.

— Não... Eu não estou nada bem. Estou morrendo de vergonha.

Eu sentia as minhas bochechas queimarem de tanta vergonha que eu estava.

— Isso acontece. — A professora me disse. — Vem, vamos levantar para ver se você não se machucou.

— Não, eu disse imediatamente. — eu não vou me levantar até que todos tenham ido embora.

Todos me olhavam e eu não conseguia ver o rosto de ninguém de tão constrangida que eu estava. De repente eu reconheci um rosto que se aproximava. Theo, estava na minha frente.

Minha vergonha triplicou de tamanho. Se já não bastasse as minhas colegas de turma terem visto essa cena, imagina como eu estava me sentindo sabendo que o Theo viu tudo.

— Você está bem, Manu? Se machucou?

Eu não respondi nada. Olhei para baixo, bem envergonhada, depois olhei para ele. Quando eu o vi, ele estava tirando sua camiseta e estendendo em minha direção. Ouvi algumas meninas brincar com a situação, assoviando e elogiando o corpo dele.

— Pode usar para se cobrir. — ele disse, se agachando na minha frente e entregando a camiseta. — Não se sinta mal. Essas coisas acontecem.

Nem consegui agradecer. Peguei a camiseta e enrolei em volta de minha cintura para que ela caísse sobre os meus quadris quando eu me levantasse. Enquanto isso as meninas ainda caçoavam da situação e brincavam fazendo referencia ao corpo de Theo.

— Hey, suas assanhadas. — Bianca interviu. — Tirem o olho do meu namorado. Ele é meu!

Ela foi até perto dele e estendeu a mão, conduzindo para que ele levantasse, assim que ele fez isso, ela deu um breve selinho.

— Oi, amor! Você e esse seu coração de ouro. Sempre salvando os outros...

— A Manu é minha amiga. Eu não deixaria com que ela passasse por isso sozinha.

— Ela tem a gente! — Bianca respondeu. — Mas vamos. — ela se virou para mim. — Depois você devolve a camiseta, quando costurar as suas calças.

As meninas riram de novo e eu fiquei ali, decepcionada com o que havia acontecido. Uma a uma elas foram indo embora, ficando apenas a minha professora Olívia e a Anne.

Senti uma imensa vontade de chorar e assim o fiz quando todos saíram.

— Calma... — Olívia me disse. — Essas coisas acontecem. Você não foi a primeira e nem será a última.

— Estou me sentindo humilhada.

— Não fique. Amanhã mesmo todo mundo já esqueceu.

As duas me ajudaram a me levantar e eu ajeitei a blusa para que cobrisse todo o rasgo da calça.

Voltei para casa péssima e caí no choro novamente contando para os meus pais. Eles tentaram me animar, mas foi bem difícil.

A única coisa que me animava era saber que no dia seguinte eu teria um momento mágico ao lado do Miguel.

(19:51) Theo: Oi, Manu. Como você está? Machucou muito? Vi que você caiu outras vezes na aula. Está tudo bem com você?

Além daquela caída-mico-do-ano ele tinha visto todas as outras? Não era possível! Realmente aquele não era o meu dia de sorte.

(19:55) Manu: Estou bem. apesar de estar morrendo de vergonha.

(19:56) Theo: Quem nunca pagou um mico algum dia?? Se você perguntar, todo mundo tem uma história para contar. Eu já passei por vários kkkk o seu não foi nada.

Pelo jeito ele estava querendo me animar.

(19:58) Manu: Ah, mas não foi nada legal... Obrigada por me ajudar.

(20:00) Theo: Você sabe que pode contar comigo sempre que precisar.

Para me distrair e dar até um novo significado. Fui dormir fazendo um vídeo sobre micos. Falei para que cada pessoa fizesse um comentário contando a sua história do pior mico que já passou na vida. Fui dormir lendo as histórias e realmente cada uma era pior que a outra. O Theo tinha razão. Quem nunca passou por um mico um dia?

Eu só esperava que a professora Olívia tivesse razão e todo mundo esquecesse disso.

Por trás das máscaras de NinityeOnde histórias criam vida. Descubra agora