Por trás das máscaras de Ninitye

Capítulo 22

Durante o dia, fiquei desenhando alguns modelitos que quem sabe um dia podiam fazer parte da coleção da Ninitye. E meus pais, que estavam muito animados com as ideias para a loja, já estavam ansiosos para transformar os meus rascunhos em roupas.

No outro dia eu fui para a escola sozinha e um pouco mais tranquila. No fundo eu ainda sentia um medinho, mas a Ninitye empoderada que vivia dentro de mim dizia que eu precisava ser forte, enfrentar os meus desafios e ir em frente. E era isso que estavam fazendo.

Entrar na escola não foi tão fácil como eu imaginei. Não haviam fotos, mas olhares de todos pareciam me dizer que lembravam muito bem do que havia acontecido no dia anterior. Respirei fundo e segui adiante. Era isso que eu deveria fazer.

— Oii, amiga! — Luna disse animada ao me ver. — Que bom que você veio. Pensei em passar na sua casa, mas achei melhor não te pressionar.

— Eu estou bem melhor. Obrigada pelo apoio de ontem.

— Não precisa agradecer. — Luna sorriu. — Você sabe que pode contar com a gente.

Vick, Gabriel e Theo vieram até aonde estávamos. Cumprimentamo-os apenas falando "bom dia" e logo notei que Theo não parecia muito animado.

— Está bem, Theo? — perguntei ao vê-lo daquele jeito.

— Sim. Estou. — respondeu pontualmente.

— Algum problema com a Bianca? Como foi a conversa com ela?

— Foi bem tranquila. Ela entendeu.

— Ah. Que bom. — respondi um pouco sem graça diante da secura de suas palavras.

Vick passou o braço no irmão como se fosse consolá-lo e sorriu.

— Ai, Theo. — ela disse carinhosamente. Não entendi muito bem.

Vick soltou de Theo e ele deu um sorriso de agradecimento para a irmã.

— Eu já vou indo para a sala. Preciso fazer algumas anotações da última aula.

— Eu vou indo com você. — Gabriel lhe disse e o acompanhou.

Observei os dois indo embora e estranhei. Por mais que Theo não me abraçasse sempre, os últimos dias me fizeram ficar mal acostumada. Parecia que eu queria de volta aquele carinho.

— Meninas, — Vick interrompeu meus pensamentos. — Vamos fazer uma festa do pijama na minha casa na sexta?

— Vamos! — Luna respondeu prontamente.

— Eu topo. — falei. — Vai ser bom passar esse tempo com vocês. Essa semana já começou estressante, preciso das minhas amigas para rir um pouco.

— Perfeito. — Vick disse. — Então está combinado.

Fiquei pensando se o Miguel iria me chamar para sair na sexta. Mas era melhor deixar combinado e qualquer coisa eu avisava e eu mudaria o dia da nossa festa do pijama.

Durante as aulas e nos corredores da escola, os olhares e risos das pessoas me incomodavam um pouco. Mas eu respirava fundo e tentava não focar no que estava acontecendo.

Quando chegou o dia de patinação, confesso que fiquei com um pouco de receio de como seria enfrentar a Bianca e as amigas dela. Porém, eu tinha me prometido enfrentar todas as situações e eu não tinha motivo nenhum para fugir dessa.

Fui de bicicleta e assim que a prendi com o cadeado, dei de cara com a Bianca e Theo, de mãos dadas, bem na minha frente.

— Oi, Manu. — Bianca disse com um sorriso nos lábios. Theo me olhava bem sem graça e apenas acenou com a cabeça.