Ellie comia purê de batata lentamente. Olhava sua madrinha comer sua própria comida meio pensativa.
Depois de sair da Torre foi até a vila mais próxima, Raya, comprar batatas e viu algumas pessoas conversando sobre os próprios grimórios. Não havia se incomodado ou questionado quando recebeu, mas... Por que o seu era diferente?
Sabia que cada livro era diferente e se moldava a partir da magia do proprietário. Mas fala sério, ela não era de Clover? Todos sem exceção tinham um trevo. Até o da sua madrinha, que era todo chamuscado e parecia estar queimando de tanto calor que emite tinha um trevo.
Por isso decidiu voltar para a Torre e falar com o Mestre de lá.
- Hãm, boa tarde? - sussurrou tímida para o homem idoso que ainda se encontrava na grande Biblioteca Grimorial. Havia baixado o capuz em respeito, mas continuava com a manta.
- Hoho, olá, minha jovem. Então o dono daquele outro grimório era você, que surpreendente. Esconde bem a sua mana. - Ele dizia com um sorriso singelo e os olhos fechados. Havia reconhecido sua manta.
Ellie não conseguia sentir a mana dele, ele deve ser um mago poderoso.
- O-obrigada. - se curvou em agradecimento, ainda um pouco tímida. Não sabia lidar com elogios. - Hãm, eu gostaria de perguntar uma coisa ao senhor.
- Pode falar minha jovem, o que gostaria de saber?
- O senhor reconhece esse símbolo?
Mostrou seu grimório. Ele emitia um pouco de calor, não como o calor de sua madrinha, era um calor muito mais aconchegante e singelo.
Assim que viu, os olhos do Mestre se abriram. Entendo, então é isso. Pensou.
- Desculpe, minha jovem, mas temo que não posso te ajudar com isso.
- Entendi, bom, muito obrigada, senhor. - Soa voz saiu decepcionada. pensava que poderia descobrir algo, mas estava enganada. - O senhor sabe se forasteiros recebem grimórios em Clover também?
- Bom, se a Torre o reconhecer, qualquer pode receber os grimórios. Apenas se seu coração estiver em Clover.
- Muito obrigada, senhor. - Se curvou, pronta para ir embora. Então forasteiros também recebem um grimório de Clover.
- Se a senhorita me perguntar. O que pretende fazer agora que tem seu grimório?
- Ah, eu vou para a Capital Real, prestar o exame para me tornar Cavalera Mágica! - Ela disse animada com a possibilidade, estava ansiosa. Não via a hora de partir e botar o plano para alcançar seu objetivo em ação.
Depois disso, se despediu e partiu em direção a sua casa.
Agora se encontrava jantando com sua madrinha. Estava pensativa. Será que eu sou forasteira e esse símbolo é de algum outro reino? Além disso, quem eram seus pais? Nunca sentiu necessidade de perguntar, sempre achou que apenas sua madrinha bastava e por isso não queria saber sobre seus progenitores. E como ela também não comentava nada sobre isso, achava que poderia ser um assunto delicado, não queria magoá-la.
Mas agora queria saber.
- Madrinha... Você, reconhece esse símbolo? - Pegou seu grimório de seu suspensório e colocou sobre a mesa. Viu os olhos da sua madrinha se arregalaram e ela engasgou com o purê.
- Pelos Deuses! - Ellie se levantou correndo para bater nas costas dela e a ajudar a desengasgar.
- Cof cof cof qu-cof cof que merda!
- A senhora está? Nossa, que estabanada, madrinha. Tem que comer devagar. - Fazia carinha nas costas dela para ajudá-la a respirar melhor, sem sequer notar o nervosismo dela.
Minha Deusa, o grimório! Natasha estava chocada, não fazia ideia de que o grimório carregaria aquele símbolo. Sabia o que era e se alguém que também soubesse o significado visse ele. Nossa, Ellie estaria em perigo!
- Esse é o seu grimório? - Ela perguntou, tentando manter a compostura.
- Sim, não tem um trevo e isso me fez pensar que... - Natasha engoliu em seco, nervosa. - Eu sou forasteira? - O coração da ruiva se aliviou. Era só isso, pensou.
- Não, Ellie, não é. - Ela deu um sorriso tentando transparecer calmaria, mas eus olhos deixavam passar medo e tristeza. A loira conseguia ver isso.
- Então, o que é isso?! - Viu o sorriso diminuir da face da mulher e sentiu seu coração apertar, Ellie odiava deixar sua madrinha triste. Negou com a cabeça. - Esquece, não quero saber. Se vai doer me falar não precisa. Não quero fazê-la sofrer. Eu descubro de outro modo.
Odiaria com todas as forças deixar sua madrinha mal. Natasha já havia perdido tanto, havia sido abandonada pelo amor da vida dela. Não merecia que sua própria afilhada lhe causasse sofrimento.
Não lhe importava se era forasteira ou não. Desde que não lhe causasse problemas para entrar nos em Cavaleiros Mágicos, nada mais importava. Nunca quis saber sua origem. Não seria agora que isso iria mudar. Tinha Natasha e apenas ela importava.
Sabia que seus pais estavam mortos e só. Isso lhe bastava.
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The Dawn Light - Black Clover
Fanfiction|A Luz do Amanhecer| Ellie era apenas uma plebeia comum com uma imensa magia e um sonho, talvez, maior ainda. Partir de sua pequena e isolada casa para a Capital Real com o objetivo de entrar para os Cavaleiros Mágicos havia sido o início de sua a...