5 - Peixe morto

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_Largue-o, por favor. – Sussurro para a Tsahik, que faz o que eu pedi com total desgosto. Seguro a mão de meu irmão, fazendo um carinho discreto para que ele pudesse se acalmar. – Tá tudo bem, Bro. – Antes que a mulher pudesse dizer mais alguma coisa, meu pai ergue suas próprias mãos, mostrando seus cinco dedos. A Tsahik arregala um pouco os olhos. O que ela esperava? Meu irmão tinha que herdar a genética de algum dos pais para ser assim.

_ Olha. – Aproxima a mão do rosto da Tsahik. – Olhem! Eu nasci como um do povo do céu, e agora sou um Na'vi. – Vira para Tonowari. – Vamos nos adaptar. Vamos nos adaptar! Okay? – Parece nervoso, procurando alguma afirmação que não veio.

_ Meu marido foi Toruk Makto. – Deixo um sorriso discreto desenhar meus lábios quando mamãe defende meu pai, que não pareceu gostar da interrupção. – Ele liderou os clãs até a vitória contra o povo do céu. – Lança um breve olhar a Tonowari, o fazendo lembrar.

_ Chamam isso de vitória?! – Ronal parece desacreditada. – Se escondendo entre estranhos? – Minha mãe se cala. Ela nem mesmo queria ter vindo. Veio porque acredita em meu pai. Ronal se aproxima alguns passos da Omaticaya. – Parece que Eywa abandonou você, – Olha para meu pai. – "escolhido". – Debocha. Minha mãe então sibila para ela, que mostra as presas de volta, em uma disputa clara de dominância.

Meu pai decide interferir depois de uma breve troca de olhares com o líder. Ele coloca um braço na frente do corpo de minha mãe, a afastando um pouco da outra mulher.

_ Eu peço perdão pela minha parceira. – Olha para os líderes, sorrindo envergonhado. - Ela...

_ Não peça perdão por mim. – Parece irritada, mas fala o mais baixo possível, para que apenas meu pai a escute.

_ Ela está exausta. – Volta a falar, olhando para a mamãe. – Viemos de muito longe.

_ Jake... – É um aviso, que meu pai ignora ao elevar a sobrancelha, como se dissesse para ela se conter. Minha mãe então bufa e se afasta, ficando perto de Kiri.

Tonowari decide dar apoio, se colocando ao lado de meu pai, tocando seu ombro direito. Solto o ar que nem percebia que estava prendendo. O apoio do líder deve servir de algo, não é?

_ Toruk Makto é um grande líder de guerra. – Encara seu povo. – Todos os Na'vi conhecem a história. Mas nós, do povo Metkayina, não estamos em guerra.

_ Pai... – Tuk puxa a mão do papai, pedindo um colo que logo é concedido.

_ Nós não podemos deixar que traga sua guerra para cá. – Tonowari olha para meu pai, em uma clara inquisição.

_ Eu parei com a guerra. – Parece ainda mais ansioso. Nunca vi meu pai tão atordoado e assustado, provavelmente antecipando uma negativa. – Okay? Eu só quero minha família segura. – Abraça Tuk, dando mais ênfase em sua fala.

_ Papai, nós vamos ter que ir embora? – A voz chorosa de Tuk faz o silêncio reinar e como o pai não tem a resposta ainda, não sabe como vai a consolar.

_ Uturu é o que pedimos. – Minha mãe fala após analisar a mais nova, segurando a mão de Kiri.

Tonowari olha para sua parceira, tentando decidir junto a ela o que fariam.

Aperto a mão de Lo'ak, ansioso pela resposta. Uma negativa acabaria com os ânimos da minha família. Viajamos por dias até estar aqui. Estamos exaustos, com fome e assustados. Além do mais, somos intrusos aqui. Eu não gosto da ideia de permanecer em um lugar aonde não sou bem-vindo. Entretanto, voltar para a floresta já não é uma opção.

Eles parecem entrar em um consenso quando o olo'eyktan se vira para o povo, respirando fundo.

_ Você vai quebrar minha mão. – Lo'ak murmura, com uma careta de dor.

Destinados - Neteyam x AonungOnde histórias criam vida. Descubra agora