Destinados - Neteyam x Aonung

7 - Primeiro contato

_ Sim! - Tuk é a primeira a responder, parecendo realmente entusiasmada.

_ Sim, pai. – Sou o primeiro dos mais velhos a responder, tentando passar segurança em minha voz. Olho de um jeito inquisitador para os mais novos.

_ Ê! – Kiri revira os olhos, balançando as mãos no ar em uma falsa comemoração. – Não poderia estar melhor.

Belisco a perna de meu irmão.

_ Porra!

_ Como? – Mamãe para de cortar o que quer que seja, virando em direção ao mais novo com a faca apontada para o mesmo.

_ Q-quis dizer: Claro, pai.

_ Bom. Achei ter ouvido outra coisa. – A mais velha volta a preparar o desjejum. Papai desanima um pouco. – Tenho certeza de que será divertido. – Mamãe incentiva, terminando de arrumar o café da manhã em nossa frente. – Qualquer coisa que acontecer, quero que venham falar comigo ou o pai de vocês. - Sorri.

Durante o período em que estamos comendo, ninguém ousa abrir a boca para falar um "a". Todos parecem tensos e estressados, e a mínima desavença se tornaria uma enorme bola de neve. É melhor não arriscar.

Kiri e eu ajudamos a mamãe com a louça.

_ Boa sorte para vocês. – Neytiri deseja, sorrindo em nossa direção quando terminados de ajudá-la a guardas as louças.

_ Mano? – Lo'ak chama, parecendo confuso por eu ser o único ainda dentro da tenda.

_ Eu já vou. – Respondo e ele sai. Respiro fundo. – Eu sei que vocês estão enfrentando um monte de coisas e sei que vai ser difícil, mas nós precisamos do incentivo de vocês. Precisamos que vocês sejam fortes e presentes para nós neste momento. – Olho para meus pais. – Eu não consigo fazer tudo sozinho. Nós precisamos, mais que nunca, de carinho e acolhimento. - Olho para meu pai, que abaixa a cabeça. - Estamos longe de casa e todos nós estamos com saudades de nosso lar, porém, quando antes aceitarmos nosso destino, mais fácil será para todos. Eu quero que saibam que eu encontrei Kiri chorando ontem. Ela está com saudades do Spider e da mãe. Acha que nunca mais vai vê-los. E o Lo'ak... Bom, eu sei que ele é impulsivo, mas precisará de mais compreensão daqui pra frente. Eu faço o que está ao meu alcance, mas os pais são vocês. Vão ter momento em que eu vou precisar de ajuda. – Selo a testa de minha mãe e deixo um aperto amigável no ombro do papai. – Vejo vocês mais tarde.

Assim que saio da tenda vejo meus irmãos junto dos Metkayina's do dia anterior na ponta da rede elástica, de frente para o mar. O olhar de Tsireya parece menos tenso quando me vê. Ela provavelmente estava tendo dificuldades em manter uma conversa com o grupo.

_ Bom dia. – Faço o movimento de "eu vejo você" para eles, e dessa vez todos retribuem. – Me desculpem pelo atraso. – Peço com sinceridade.

_ Eu sou Rotxo. – O menino que zombou de mim no dia anterior se apresenta.

_ Eu sei. – Falo sério, o encarando de cima a baixo.

– Ah, - Coça a nuca, envergonhado. – Me desculpa pelo modo que eu te tratei ontem? – Pergunta e eu aceno. - Sério?! - Parece surpreso.

Ele devia achar que eu faria um caso sobre isso, mas ainda temos chance de nos conhecer melhor. Eu não vou deixar a primeira impressão me atrapalhar.

_ Sim! - Lhe ofereço um sorriso. - Está mesmo tudo bem. Começamos com o pé esquerdo.

_ Quê? – Parece confuso. - "Com o pé esquerdo"? - Olha para os demais, tentando obter algum tipo de explicação.

_ Nada. - Solto uma risada nasalada. As vezes eu esqueço que nem todos conhecem as gírias humanas. - Só quis dizer que te desculpo.