18 - nunca vou julgar você

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Paraliso com sua pergunta repentina. Tem alguma coisa no meu pescoço?! Agora eu também estou assustado.

_ "Isso", o quê? - Minha voz saí em apenas um sussurro, com medo da sua resposta. - Um bicho?! Me diz que não é um bicho. - Comprimo meus olhos fazendo um bico medroso com os lábios.

_ Isso! - Escosta o dedo indicado em um local dolorido. Franzo a sobrancelha pela dorzinha incômoda e breve. - Com certeza não é um bicho. Bro, isso é um chupão?!

Empurro ele para o lado e me levanto rápido, fazendo minha pressão abaixar logo que estou de pé, quase caindo no processo. Corro em direção a comôda, pegando um pequeno espelhinho que deixava ali, vendo a mesma coisa que meu irmão viu. Um chupão! Sim, é a porra de um chupão! Ah, mas o Aonung me paga! Passo o dedo indicador levemente por cima da marca roxa, agradecendo aos deuses pelo papai não ter visto. Ele me mataria. Oh, Eywa, ele ficaria tão envergonhado... ou orgulhoso, pensando que estou saindo com alguma garota do clã. Sim, definitivamente envergonhado e depois orgulhoso.

Coloco o objeto novamente no lugar e me viro para meu irmão, que ainda está sentado no chão, me analisando com as sobrancelhas franzidas. Ele parece perdido em seus próprios pensamentos, provavelmente fazendo inúmeras teorias sobre o que poderia ter causado esse roxo no meu pescoço. Suspiro e começo a me aproximar.

_ Lo'ak. - Me ajoelho na sua frente, o tirando daquele transe esquisito. - Tá tudo bem?

_ Você tem alguma namorada? - Pergunta com seriedade.

_ Não. - Murmuro tenso, desviando meu olhar para a outra extremidade do quarto.

_ Ficante?

_ N-não. - Demoro um pouco mais para responder.

_ Jura? - Ergue uma sobrancelha, cético. Desvio meu olhar para a lua. - Neteyam. - Chama, tocando meu braço quando o ignoro. - Sempre contamos tudo um para o outro. - Volto a encará-lo com essa constatação. - Você sabe que pode confiar em mim. O que está acontecendo?

Mordo meu lábio inferior e respiro fundo. Me solto de seu aperto e sento direito no chão, me preparando mentalmente para falar.

_ Não sei por onde começar. - Murmuro com sinceridade olhando para os belos e inocentes olhos do meu irmãozinho encrenqueiro.

_ Bom, - Ele encolhe os ombros. - você... está ficando com alguém? - Sem forças para abrir a boca, apenas aceno em concordância. - Uh, isso é uma surpresa, Teyam, você nunca se interessou por ninguém.

_ Eu sei. - Sussurro, me sentindo culpado que logo na primeira vez que algum sentimento se desperta em mim ser por um homem.

_ Nós estamos aqui há tão pouco tempo, são poucas opções para adivinhar. - Continua sério. Sério até demais. - Então serei direto. - Aceno, arregalando os olhos. - É a Tsireya? - Faz um bico emburrado.

Não consigo negar de imediato, pois começo a rir... rir de nervoso. Como meu irmão pode ser tão burro e cego? Não posso acreditar que ele ache mesmo essa uma opção válida.

_ Eu acertei, não foi? - Cruza os braços ao perceber que não consigo falar.

_ Droga! - Coloco a mão na minha barriga, tentando parar a crise de risos. - Não, seu idiota! Você errou! E errou feio.

_ Errei? - Franze as sobrancelhas, relaxando visivelmente. - Por favor, não mente para mim. - Pede de maneira quase vulnerável. Ele gosta mesmo daquela menina. - Se for ela...

_ Não é, Lo'ak. - Seguro suas mãos. - Além dela ser muito mais nova que eu, - Respiro fundo. - eu não faria isso contigo, meu irmão. Jamais te trairia dessa forma. Jamais te trairia de qualquer forma. - Toco nos seus cabelos carinhosamente. - Você gosta mesmo dela, não é? - Um rubor sobe por suas bochechas.

Destinados - Neteyam x AonungOnde histórias criam vida. Descubra agora