20 - Nadem conosco

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De longe vemos Rotxo sentado em uma enorme pedra, parecendo repassar alguns movimentos que vai nos ensinar. Ele está estranhamente nervoso, mais nervoso do que estava ao me pedir desculpas por ter sido um idiota quando chegamos aqui.

_ Olá. - Kiri anuncia nossa chegada, fazendo o menino se levantar todo desengonçado, quase tropeçando em seus próprios pés.

_ Oi. - Sorri tímido. - Como vocês estão?

Agora que está sem seu bando, ele parece um pouco acuado, parece não saber como agir diante da nossa presença. É um pouco engraçado, talvez ele pense que vamos devorá-lo, ou algo do tipo.

_ Estamos bem. - Tuk responde educada, sorrindo animada. - O que vamos fazer hoje? - Parece extremamente curiosa.

_ Aparentemente, vamos aprender a língua de sinais. - Lo'ak a responde primeiro.

_ Exatamente. - Afirma. - Bom, - Coça a nuca, desviando o olhar quando o silêncio começa a ficar estranho. - Aonung e Tsireya estão ocupados com os deveres que tem com a vila por serem filhos do líder. - Repassa o que já sabemos. - Só serei eu pela próxima semana, depois Tsireya vai começar a me ajudar nas lições, e o Aonung chegará por último.

_ Tem algum período certo para nos dar sobre quando vamos terminar a língua de sinais? - Pergunto, me sentando na pedra, incentivando todos a fazerem o mesmo. - Será que vai demorar muito?

_ Não. - Respira fundo ao responder. - Vai depender mais de vocês, para ser sincero. Pode levar dias, semanas, ou até meses. - Dá de ombros. - Mas só durante essa semana que vamos focar mais nesse aprendizado. Convenci o Aonung que poderia dar conta de tudo ao mesmo tempo. - Coça a nuca de forma envergonhada. - Depois, quando a Tsireya voltar, vamos misturar o que vocês já aprenderam para ver o nível do progresso. E quando o Aonung voltar, vamos focar na língua de sinais novamente. - Sorri de leve. - É provável que depois que a Reya volte, vocês comecem nas aulas de artesanato também. É um grande requísito para vocês se tornarem parte do povo.

_ Com a Anya? - Pergunto e ele arregala os olhos, completamente surpreso.

_ Sim. Com ela também. - Fica sério de repente. - Como sabe que sobre ela?

_ O Aonung me contou algumas coisas interessantes. - Dou de ombros, como se não fosse uma coisa verdadeiramente importante.

_ O Aonung te contou sobre ela?! - Ele parece levemente incrédulo. - Você tá falando sério, cara?

_ Foi o que eu disse. - Franzo o cenho. - Por que a dúvida?

_ Ele te contou, contou, sobre ela? - Parece aterrorizado. - Ele te contou tudo? Ele te contou sobre o que ela fez?!

_ Por que você parece tão surpreso com isso? - Inclino minha cabeça levemente para a esquerda. - Eu já respondi que sim.

_ Porque ele não fala a respeito dela com ninguém. - Engole em seco, desviando o olhar para um ponto específico. - Nem mesmo comigo e Tsireya. Ele não toca no nome dela, e ninguém fala dela perto dele, porque ele fica irritado. É por isso que eu estou surpreso. - Responde rápido. - Por que ele se abriu justo com você? - Sussurra a última parte, mas eu consigo ouvir.

_ O que essa pobre menina fez para merecer esse tipo de tratamento do filho do líder? - Kiri se intromete, e finalmente notamos que não estamos sozinhos. - Deve ter sido algo verdadeiramente horrível, não é? Devemos ficar longe dela?

_ É algo pessoal do Aonung. - Respondo quando o Rotxo morde o lábio inferior, provavelmente pensando em como dizer que não pode contar. - Me desculpe por tocar nesse assunto. - Encaro o menino, que assente em compreensão. - Bom, eu acho que devemos ser cuidadosos quando a gente for ter as aulas de artesanato, mas não tem como ficarmos longe dela.

Destinados - Neteyam x AonungOnde histórias criam vida. Descubra agora