8 - Só eywa sabe o que está guardado no meu futuro

670 96 25
                                    

_ Qual a sua idade, garoto da floresta? – Pergunta parecendo interessado demais.

_ Por que está interessado? - Respondo com outra pergunta, um pouco confuso pelo interesse repentino.

_ Só estou um pouco curioso. - Dá de ombros. - Não pode me crucificar por causa disso.

_ Ok. - Aceno. Ele tem razão. - Tenho dezoito. Por quê?

_ Nada. – Dá de ombros. – É só que eu entendo a respeito das cobranças dos pais em cima dos irmãos mais velhos. - Fala. - Eu entendo porque você ficou desesperado quando percebeu que sua irmã não estava perto. As cobranças são piores quando somos filhos de líderes importantes. – Sorri triste. – Tudo o que queremos fazer é proteger os mais novos e viver nas sombras dos nossos grandes pais, suprindo todas as expectativas. Vamos. – Me puxa para nadar ao seu lado, sem me dar chance de responder. Talvez eu o esteja odiando menos nesse momento. Suspiro. Não sei se isso é bom.

Nadamos por mais alguns minutos até chegar em uma parte aonde a água chegava em nossas cinturas, logo perto da praia.

_ Então, - Tento tomar coragem para falar, ainda parado ao lado de Aonung. – Quantos anos você tem, menino do mar? – Pergunto, dando ênfase no apelido. Se ele me deu um, eu posso lhe dar um. Certo?

_ Por quê? – Me encara de cima a baixo. – Interessado, menino do mato? – Me olha com um sorriso malicioso. Reviro os olhos. Na mesma medida que ele parece ser legal também parece ser irritante. Seu jeito me lembra um pouco do meu irmãozinho.

_ Não seja ridículo. – Rosno constrangido, desviando o olhar. – Só acho que eu mereço uma resposta, já que você me fez a mesma pergunta lá trás. – Me aproximo um pouco, ficando ao seu lado. Eu sou um pouquinho menor. Uns dois dedos talvez. - E então? Vai me responder ou não?

_ Eu tenho dezessete anos. – Responde por fim, se dando por vencido. – Sou dois anos mais velho que Tsireya e um ano mais velho que Rotxo. - Umidece os lábios. - Embora ele não seja de fato meu irmão, eu o considero assim. - Dá de ombros. - Somos primos próximos, e ele é meu melhor amigo. E eu também me culparia pelo resto da vida se algo de ruim acontecesse com algum deles dois.

_ Primo? – Confesso que só essa parte me chamou atenção. – Tonowari tem um irmão?

_ Sim. – Afirma com a cabeça. – Três anos mais novo.

_ Eu achava que vocês dois eram irmãos. – Confesso, me referindo a ele ao Rotxo. – Ele saiu daquela multidão junto com você. E tinha postura de um filho do líder. E, bom, ele parece um pouco com você. Agora faz sentido.

_ E como seria essa postura de liderança? – Sorri de lado, um  pouco provocador. - A postura de um homem gostoso?

Me permito gargalhar com sua constatação.

_ Não, isso não tem nada a ver com um líder. - Nego. - Ok que alguns são bonitos, de certa forma, mas não é um requisito de fato. O que eu estou falando é sobre a cabeça erguida, passos lentos, olhar atento e expressão debochada e convencida. Embora esses dois últimos só sejam comum em pessoas metidas. – Cutuco.

_ Não sabia que tínhamos um estereótipo. – Ri um pouco, não se importando com minha "ofensa". – Mas se isso me torna temido e respeitado, estou okay com essas características. Entretanto, você não parece se encaixar em muitas destas.

_ E qual nome do irmão do seu pai? - Pergunto, tentando manter um assunto legal e não falar sobre mim.

_ É Adriel. - Sorri com orgulho. Parece gostar do tio, o que não é incomum. - Ele é muito foda. Você vai conhecê-lo algum dia.

Destinados - Neteyam x AonungOnde histórias criam vida. Descubra agora