Isaac
- Lia, você quer ir para perto das meninas?- noto seu desconforto apesar da área que estávamos ser a mais possível de se ficar
- Pode ser, mas depois a gente pode ir para casa?- ela fala um pouco inquieta
- Pode- seguro sua mão e começo procurar o casal ternura, e logo as encontro junto de um velho amigo, o Luís
- Opa, boa noite- me auto anuncio quebrando algum tipo de tensão que eu senti pairar no ar
- Boa noite, Isaac, soube do que aconteceu, como se sente?- Luís fala solidário
- ótimo - falei com confiança e com um bom sorriso, não pude deixar de notar o sorrisinho de Lia me observando
- Bom, foi um prazer te ver novamente, Luís - Mari sorri aparentemente desconfortável por algum motivo e logo deduzi que podia ser algo relacionado a Bel
- A gente se vê, cara- o incentivo a cair fora do nosso grupinho
- até- ele se vai
- Pelo amor, Será que ele não percebeu que somos um casal?- Mari fala um tanto irritada
- Somos?- Bel perguntou
O silêncio reinou para todos ali
- Gente, eu poderia ir para casa?- Lia quebra o clima, tadinha, tava totalmente destoada e provavelmente arrependida de ter gasto seu dinheiro com aquele mini vestido
- Meninas, assim que possível vão para casa, não fiquem bêbadas , qualquer coisa falem comigo ou com a Lia, se cuidem- vou saindo e em seguida peço um uber e vou com Lia para a minha casaAcendo as luzes e vou adentrando a casa com Lia na minha frente ainda em silêncio.
- O que você está sentindo, Julinha?- fiquei um pouco preocupado ao perceber como ela estava se portando
- Desculpa por ser tão estranha- ela abraçou seu próprio corpo de cabeça baixa
Passei minha mão em seu rosto afastando uma mecha de seus longos cabelos fazendo ela inclinar um pouco o rosto que não necessariamente me encarava.
- Não fale isso de você mesma, me deixa triste, sabia?
- Você poderia estar lá agora, mas eu atrapalhei tudo, eu não consigo por muito tempo- ela estava ficando nervosa, sua inquietação se transformou em uma bola de neve de confusão e logo suas mãos em um movimento frenético se torna perceptível, além das lágrimas que já estavam rolando de seus olhinhos
- Ei, respira devagar e solta- isso poderia desencadear uma crise pior, apesar de estar bastante nervoso tentei ajudá-la
- Me dá um abraço- fiquei surpreso com seu pedido mas a abracei carinhosamente aninhando ela a meu peito
Fui cantando baixinho músicas que eu gostava de cantar antes de tudo, e fechei os meus olhos, senti seu corpo ir de trêmulo e respiração forte a mais controlada e calma em questão de minutos.
- Tá tudo bem, meu anjinho, eu vou cuidar de você- falei com todo meu amor
Senti que seu corpo parecia meio sem forças e fiquei com medo de um possível desmaio, a levei para o meu quarto e a deixei deitada na minha cama, ela parecia estar se recuperando
- Como se sente?
- Não se preocupe, podia ter sido pior, eu só fiquei sobrecarregada- ela me olhou com aqueles olhinho brilhantes, sua expressão era de cansaço e talvez um pouco de vergonha
- Tudo bem, não se culpe, estou aqui para você nesses momentos também, não só nos bons, entende?
- Mas você não se importa?- suas mãozinhas procuraram a minha e eu a segurei
- Quando eu me apaixonei por você, eu me apaixonei por você sem máscaras e sem fingimentos, e essa é exatamente a Lia que eu conheço, que prefere o silêncio, a calma, e a luz baixa- me aproximei dela- Não sinta vergonha de impor seus limites, por favor
- Eu te amo, Zac- ela deu um sorrisinho pequeno e suficiente para me acalmar e me deixar feliz
Me aproximei e beijei carinhosamente seus lábios.
- Me empresta uma camisa, eu não quero passar nem mais um minuto usando essa roupa- ela fala baixinho ainda próximo ao meu rosto
- Eu sabia que alguma hora você ia pedir, eu te conheço- dou uma risadinha e vou buscarManhã, pós festa
11h- Gostaram da festa?- Meu pai finalmente tinha uma expressão cansada no rosto ao invés de um sorrisão enorme, significava ressaca e isso era ótimo, resultado de alguém que tinha aproveitado a festa
- Sim, adorei- Mari falou ainda meio felizinha
- Estava tudo muito bonito, Sr Seixas- Lia falou educadamente
- Não me chame de Senhor, querida Lia, agora você é da família
Ela sorriu em resposta e consequentemente me fez sorrir
- Voltaram mais cedo para casa por quê? Esqueci de perguntar?- Mari tinha uma expressão maliciosa no rosto
Lia a encarou com uma expressão assustada
- A Lia não estava se sentindo bem- me pronuncio
- Tudo é malícia para você né, Mari- Lia reclamou
- Jamais, cunhadinha, mas é que de meu querido irmão eu só espero o pior
- Adoro assistir as conversas de vocês- meu pai deu uma risadinha
A energia tava tão boa naquela hora, uma paz e uma leveza imensurável invadiu meu interior.
Apesar das piadinhas de Mari, dos problemas com minha madrasta que para minha felicidade estava distante, eu adorava estar ali em família, e percebo que a Lia só veio para agregar e mostrar que tudo já era bom e que ela só melhorou, as dificuldades pareciam mais simples de serem vivenciadas ao lado dela. Por um segundo me senti ansioso pelo o que aconteceria daqui uns anos, se isso duraria.
- Mais tarde a Bel vem para cá- Mari falou com um sorriso diferente de todos que ela costuma dar
- E o que a gente vai fazer?- Lia parecia animada, o que me deixa aliviado após ontem
- A gente decide quando ela chegar
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Modo Silencioso
RomanceIsaac perdeu sua audição da noite para o dia e recebe ajuda de quem menos esperava: Lia. A garota autista que conhecia há anos mas nunca havia notado o quão graciosa era ela. E foi no silêncio que ele conseguiu se ouvir e contornar anos de erros con...