Scenario - KTH

Capítulo 14

"Era uma vez
Onde ela lutou com um dragão
Era uma vez
Onde o monstro era ela mesma
Era uma vez uma juventude desperdiçada
Ela se enfrentou, ela falou a verdade
É assim que eu vejo meu era uma vez
A vida não é um livro de histórias
Mas ela se desenvolve em capítulos."
- My Once Upon A Time

[...]

Bibliotecas estão cheias de ideias, talvez a mais perigosa e poderosa de todas as armas.

Quando Leila entrou naquela biblioteca, sentiu o cheiro de tudo aquilo. Das aventuras escondidas por detrás das capas, das histórias de amores perdidos e encontrados, das histórias de autodescoberta.

Ali, no meio de todo aquele espaço que exalava magia, mesmo que trabalhasse em uma livraria por meses, Leila sentiu que não havia dado valor suficiente a toda a riqueza daquele espaço.

- Eu disse que você se surpreenderia. - Ela ouviu a voz de Taehyung atrás de si.

Se virou para ele, sorrindo. Mesmo que, naquele momento, quisesse chorar.

- É um lugar...Incrível. Agora eu entendo porque teve tanta curiosidade, achei que você só estava sendo intrometido.

Taehyung riu de leve.

- Acho que se você ficar três segundos sem me ofender, você morre. - Brincou, por dentro querendo chorar também.

- É o meu passatempo predileto. - Respondeu, tentando sorrir para amenizar tudo aquilo. Amenizar todo o aperto que seu coração estava sentindo.

O Kim não era diferente. Ficava se perguntando se havia encontrado a pessoa certa no momento errado, mas sabia que não. Não existia momento mais certo do que aquele, apesar de saber que, mesmo que a história fosse reescrita milhares e milhares de vezes, ele se apaixonaria por ela em todas elas.

Sem dizer mais nada, Taehyung segurou as mãos da mulher de forma forte e carinhosa, ao mesmo tempo, e a trouxe até o livro, localizado no centro da mesa da biblioteca.

Ele a olhou, ela o olhou. Mas não sabiam o que dizer, mesmo que aquele momento fosse o mais propício para colocarem para fora tudo que sentiam.

- Eu gostaria... - Ele começou. - Gostaria de dizer pra você não me esperar. - Soltou. - Gostaria de falar que se eu não conseguir ir e você encontrar outra pessoa, você pode seguir em frente. Mas você sabe que eu sou egoísta demais pra isso.

Sentindo pequenas lágrimas descerem pelo seu rosto, Leila sorriu.

- Eu sei. - Afirmou. - Quando voltar, vou reunir todos os homens da cidade e dizer que não estou disponível. - Brincou.

- E eu quebro os dentes do primeiro que reagir. - Respondeu rapidamente, fazendo a mulher a sua frente soltar uma pequena gargalhada.

Ele a olhou sorrindo com ternura e olhos molhados. Em seguida, envolveu suas duas mãos no rosto feminino.

- Não quero que me esqueça. - Continuou, afetado. - Eu sei dos nossos sentimentos, mas...Por garantia... - Começou, antes de colocar as mãos nos bolsos e tirar de lá uma fotografia.

A fotografia que Leila havia tirado dele no jardim.

- Tae... - Ela olhou a foto, com ternura.

- Quero que me leve com você. - Inseriu a foto nas mãos alheias, que a seguraram com amor. - Eu gostaria que fosse no sentido literal, mas como ainda não é possível, é só isso que posso te dar.

- É mais do que o suficiente, Tae. - Ela o responde rapidamente, e o olha com carinho. - Mas você sabe que eu nunca esqueceria você.

Ele sentiu seu coração palpitar. Para alguns, aquilo poderia ser um fim triste, mas para ele, era apenas o começo. Por trás de cada pessoa, existe uma grande história, somos um universo de bibliotecas ambulantes. Ela havia o ajudado a entender isso, a entender que todos podemos ser protagonistas de nossas próprias histórias e vidas.