Capítulo 8

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"Eu posso segurar minha respiração
Eu posso morder minha língua
Eu posso ficar acordada por dias
Se é isso que você quer
Ser a sua número um
Eu posso fingir um sorriso
Eu posso forçar uma risada
Eu posso dançar e atuar
Se é isso o que você pede
Te dar tudo o que eu sou
Mas eu sou apenas humana
E eu sangro quando caio
Eu sou apenas humana
E eu me despedaço e me quebro
Suas palavras na minha cabeça
São como facas no meu coração
Você me levanta e então eu desmorono
Porque eu sou apenas humana."
- Human

[...]

- Por que você não pensa melhor?

Jisoo simplesmente parece desistir de tentar me responder, respirando fundo.

Eu a ajudava a dobrar as roupas de meu armário enquanto ela as guardava, isso obviamente depois de eu insistir muito pra lhe dar uma mão.

- Sabe Leila, nesses momentos eu entendo o porquê do Taehyung e você brigarem tanto. É um mais cabeça dura e insistente do que o outro. - Reclama.

Fiz a minha melhor cara de nojo.

- Você está dizendo que somos parecidos? Eca, sai pra lá.

A vejo rir de minha indignação.

- É a verdade.

- Eu sei o que está fazendo, não vai conseguir desviar do assunto como pretende, entendeu?

- Leila, eu sei que você está tentando ajudar, mas sem chance alguma de eu falar com o Yoongi sobre esse assunto, está bem?

Bufo estressada. Já perdi a conta de quantas vezes já havíamos tido essa conversa e ela nunca nos levava a lugar nenhum. Jisoo estava irredutível: recomeçar com Yoongi estava fora de questão.

- Acho que você está sendo muito pessimista. É nítido que ainda o ama.

Ela termina de arrumar as roupas no pequeno armário antes de se virar em minha direção com uma expressão levemente cabisbaixa.

- Amiga... - Ela começa, receosa. - É óbvio que eu ainda o amo. Não consigo imaginar o dia que não amarei.

Sorrio com sua revelação apaixonada.

- Mas... - Contesta rapidamente. - Nossa situação não é conveniente. Eu sou uma mãe solteira, todos na vila comentam sobre mim, mesmo que tentem esconder. Eu sei que sou mal vista e sei que absolutamente ninguém está interessado em saber os meus motivos.

A ouço calada. Eu era uma mulher também, eu a entendia muito bem.

- E a última coisa que eu quero é que ele se preste a isso. Que as pessoas falem. Eu sei o quanto as pessoas podem ser maldosas e eu não quero que ele passe a escutar essa gente.

- Eu entendo você, de verdade. - A conforto e ao me levantar, envolvo suas mãos nas minhas. - Me desculpa se eu fui muito intrometida.

- Ei, tá tudo bem.

- Não, sério. Me desculpa mesmo. - Reforço. - Eu só...Fico pensando se realmente vale a pena jogar tudo fora pelo simples fato de que as pessoas vão comentar. Jisoo, as pessoas perdem tanto justamente pelo medo de perder. Eu sei disso melhor do que ninguém, acredite.

Tinha tanto medo de tomar decisões erradas que simplesmente deixava de as fazer. Colocava tudo nas mãos dos outros. Era sempre sobre eles, nunca sobre mim.

Afinal de contas, quem melhor para dar conselhos sobre isso do que eu? Eu vivia isso há anos. E eu era tão péssima em sair desse ciclo que eu poderia facilmente dizer a Jisoo o que não fazer.

Scenario - KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora