LARISSA SANTOS - Casa de Chá da Vivian, Nova Friburgo - RJ
Larissa queria matar Fred.
Estripá-lo. Esfolá-lo vivo. Cozinhá-lo em um caldeirão em seu próprio sangue.
Naquela manhã, ela acordou antes das sete e mandou mensagem para ele.
Bom dia! Já acordaram?
Uma mensagem simples e descontraída. Nada muito exigente. Ela até introduziu a pergunta com um cumprimento alegre, pelo amor de Deus. Passou uma hora e ele não respondeu, mas tudo bem. Às oito horas ainda daria tempo de tirar Sophia da cama e levá-la para casa até as nove para que ela pudesse colocar o vestido que Key comprou para ela usar no brunch. Era lavanda, tomara que caia e lacinhos na manga, e Sophia tinha detestado. Larissa não teve coragem de dizer isso a amiga. Ela tinha conseguido convencer Sosso a engolir o ranço e ser educada – o vestido custava mais que a roupa vintage que ela mesma usava, afinal, e Sophia amava Key –, mas também sabia que o humor da filha andava um pêndulo e que seria melhor ela se vestir na própria casa, e não na Casa de Chá da Vivian.
Por isso, pediu a Fred que levasse a filha para casa às nove naquela manhã.
Mas passou das nove e nada.
Cadê vocês?, escreveu ela às 9h01.
Indo!, respondeu ele, mas obviamente eles não estavam indo, porque quando o relógio bateu 9h40 Lari teve que sair ou correria o risco de se atrasar, e uma das madrinhas não podia se atrasar para um evento de casamento no mundo de Key Alves. Larissa foi até o apartamento de Fred e bateu à porta às 9h50. Ninguém atendeu, e ela estava prestes a ter um ataque de pânico, porque agora não só conseguia imaginar aquele tique no olho de Key quando ela ficava estressada, como seu cérebro de mãe estava criando milhões de cenários aterrorizantes, de um acidente de carro a Fred sequestrando sua filha e fugindo para o Canadá.
Cadê vocês, porra?, escreveu ela quando estacionou em frente à Casa de Chá da Vivian, as mãos tremendo e os olhos cheios de lágrimas. Talvez o "porra" chamasse a atenção dele. Ela nunca usava essa palavra, guardando-a para momentos como aquele, quando fantasiava sobre arrancar uma parte vital do corpo de Fred.
A caminho!, respondeu ele. Larissa queria enrolar aquele ponto de exclamação feliz no pescoço dele. Paramos para comprar donuts! E ele teve a audácia de inserir um emoji de donut e um coração verde. Agora ela estava no meio do salão extravagante da Casa de Chá da Vivian, pisando um chão de mármore, os olhos vermelhos e inchados, enquanto Bruna Griphão fotografava tudo.
Ou talvez não. Ela não chegou a levar a câmera ao rosto desde que a tinha visto, mas estava perto demais enquanto Lari desabafava, absurdamente gostosa com aquela regata de seda preta e aquela calça creme elegante que deixavam seu corpo já esbelto ainda mais atraente.
E aquelas tatuagens, meu Deus.
Os olhos de Larissa se fixaram em uma delas, a da costela - estava encantada desde o dia em que se encontraram - tinha uma palavra escrita, parecia ser grega.
Na noite anterior, ela mal tinha distinguido as escritas. Estava ocupada demais tentando agir como se não fosse a mãe exausta de uma menininha angustiada enquanto dava em cima da irmã distante de Key. E Bruna obviamente sabia quem ela era... Não, ela não podia pensar nisso agora. Precisava concentrar suas energias em não cometer um assassinato. Tirou os olhos de Bruna quando a porta principal da Casa de Chá da Vivian se abriu atrás dela, e Fred e Sophia entraram rindo.
– Bom dia, senhoras! – cumprimentou Fred ao vê-las, fazendo os óculos escuros deslizarem pelo nariz e revelando os olhos reluzentes.
Aline rosnou.
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Clouds - Brulari
FanfictionBruna Griphão jurou nunca mais voltar ao Rio de Janeiro, a cidade onde cresceu. Lá não há nada para ela, só as lembranças da infância solitária e do desprezo da madrasta e da irmã postiça, Key. Em São Paulo ela tem uma carreira como fotógrafa em asc...