O início talvez - capítulo 1

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Era início de dezembro quando Midiã chegou ao mundo humano, não se sabe ao certo a quanto tempo se esteve no espiritual ou se lá ela também era Midiã, mas isso é outra história.

Sua mãe uma menina/mulher de 16 anos, com a pele clara como a luz da lua e os cabelos negros como a noite, a segurava em seus braços após 7 horas de parto e mesmo assim conseguia sorrir ao vê-la chorando.

Seu pai um menino/homem de 21 anos, assistia ao jogo enquanto esperava sua primeira filha nascer, mas quando a mesma nasceu, pediu para que esperasse um pouco até o jogo terminar, afinal eram as finais e ele não poderia perder.

Midiã não tinha nada de único, era uma típica garota branca, com o rosto considerado até bonito, de classe média baixa, que não era nem inteligente e nem burra, nem bonita nem feia, nem gorda nem magra, nem grossa e nem simpática.

Sua infância e adolescência foram marcadas pela sua falta de personalidade, não tinha um estilo de música favorito, não era boa em cantar, nem em dançar, nem em tocar qualquer instrumento...na verdade não era especialmente boa em nada e nem péssima, tudo na média.

Seu estilo também não era bem um estilo, não tinha filmes, séries ou personagens favoritos, nem uma cor favorita ela parecia ter.
Foi uma filha que não chorava, não pedia, não reclamava e também a que menos parecia precisar de cuidados.

Na escola teve poucas amigas durante sua passagem, na verdade apenas 3, até porque não existem muitas meninas que estudavam naquela época, o restante dos alunos nem percebiam sua existência...

Mesmo sendo considerada bonita...com corpo esbelto e curvilíneo, ela nunca se envolveu com ninguém além do necessário.

Seu corpo desenvolveu muito cedo, sempre foi alta, mas com 13 anos desenvolveu curvas, que nem toda mulher no auge de seu amadurecimento teria.

Isso a trouxe problemas, seu primeiro contato com o sexo oposto foi atravéz de um professor de educação física, que se sentiu no direito de a encoxar durante a explicação desnecessária de um exercício, porém ela não disse nada, não disse nada a ninguém, não queria incomodar e no fundo se sentia culpada por aquilo.

Cresceu sem mais problemas, terminou a escola, teve notas regulares e se formou. Suas três amigas já tinham tudo planejado sobre suas carreiras, e ela nada... não era por não querer, ela apenas não conseguia entender o que queria fazer da vida, ou o que combinava com ela...as pessoas em sua volta tinham grandes expectativas com ela, se não as correspondessem acabaria como uma dona de casa.

Não tinha nada contra donas de casa, só não sabia se era isso que queria também, ela não sabia o que escolher e nem via sua felicidade nisso.

De tanto pensar e não conseguir encontrar uma resposta, ela acabou se deixando influenciar e começando a faculdade que "dava dinheiro", levou 2 anos pra ela ter a certeza que não era o que queria, passou por pelo menos mais 4 cursos e universidades, sem terminar nenhum.

O ABISMO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS Onde histórias criam vida. Descubra agora