XVIII

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Seher sentia sua cabeça girar, conforme levantava de sua cama. Sua memória não a ajudava. Quase não se lembrava do que tinha ocorrido, sua mente e lembranças estavam em desordem. Fazia dois dias que tinha voltado para mansão e desde então Yaman estava fora, diziam que ele foi resolver questões da empresa, porém ela sabia no fundo que ele estava resolvendo outro tipo de assunto e provavelmente envolvia mortes. Era engraçado, como o altruísmo funcionava. Mesmo diante, do que se sabe Deus o que ele faria com ela naquela noite, ela pulou em frente ao uma bala para salva-lo.  Talvez não fosse altruísmo, afinal. Deveria ser demência ou loucura. Qualquer resposta, era valido. Mas o seu coração teimava dizer que era outra coisa.  Ah, engana-se que o choque por ter levado um tiro e ter ficado a porta da morte, era o motivo. Não, ela quase não se lembrava do tiro ou da dor. Ela se lembrava, dele. Da sua fisionomia de preocupação e arrependimento, das palavras de conforto. Mas o que mais mexia com seu amago, era o que ela escutou em uma das noites em que ela delirava em febre

-          Eu nunca pensei que fosse me preocupar com qualquer mulher. Eu não entendo o que você tem ou quem você é...que me faz sentir dessa forma.

Desde aquele momento, essas palavras vêm passando em minha mente.  Cheguei a imaginar, que era um delírio causado pela febre. Só podia ser essa a solução, como um homem como ele poderia ter esses pensamentos ou até sentimentos por alguém como eu? Somos tão opostos...

Escuto um barulho em minha porta, me tirando do meu devaneio

-          Tia, está acordada? - O pequeno garoto aparece no vão da porta, seus pequenos cachos estão revoltos em sua cabeça indicando que acabava de acordar – Vamos tomar café!

-          Meu pequeno, mas primeiro você vai se arrumar, até porque a mesa provavelmente não foi servida ainda –Digo me aproximando e sentindo os seus braços me abraçar.

-          Tia, você deve comer conosco! Meu tio entenderá - A menção de Yaman, faz meu coração saltar em compasso. O que está havendo comigo? - Ele já voltou, tia Ikbal disse que ele chegou bemmmm tarde - Ele sorri

-          Meu menino, não vamos irritar o seu tio, ta bom?

-          Mas, tia! - Ele fez um biquinho adorável

-          Yusulf, não acho que seja o momento. E você precisa me prometer que não vai mais insistir nesse assunto? Um dia tudo vai ser do jeito que você quiser.

-          Jura, tia?

-          Juro, de dedinho – Damos risadas

Após me arrumar e trocar Yusulf, descemos a grande escada rumo ao nosso desjejum, aceno para Yusulf que se adianta para sala de jantar, enquanto sigo para cozinha. Escuto algumas risadas calorosas quando adentro o cômodo

- Bom dia – Digo

- Senhorita Senher, bom dia  - Eric é o primeiro a levantar para me receber – Espero que esteja melhor do...que ocorreu! – Seu rosto mostrava preocupação.

- Estou melhor, obrigada. Então você resolveu aparecer? - Digo baixinho para que ninguém escutasse além dele.

- Precisei sair com o Senhor Yaman. Fomos resolver alguns assuntos – Seu olhar confirmava o que imaginava. Aquilo me amedrontou. Será que mataram alguém? Não queria nenhum senso de vingança.

- Você sabe que não foi culpa sua, não é mesmo? Ele diz baixinho, entendendo o turbilhão de sentimentos que transparecia, suspiro.

- Minha querida, venha sentar e tomar o seu café. Precisa recuperar suas forças, ainda está abatida. Probleminha...- Diz Adalet, todos sabiam que havia ocorrido alguma coisa, mas ninguém ousava perguntar. Eu ainda estava tentando descobrir se os empregados da mansão temiam ou respeitavam o seu patrão, a ponto de todos fingir que tudo estava bem.

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