Capítulo 7

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No outro dia bem cedo William já estava me esperando na entrada do prédio para irmos ao laboratório.
Acabei indo junto com ele em seu carro, depois de muito ele insistir por estarmos indo para o mesmo lugar. Ele tinha um carro esportivo belíssimo, que sem dúvidas valia muitos milhares de dólares. E só então eu comecei a reparar em como ele sempre usava roupas e sapatos de marcas, e seu celular era de última geração.

- É por isso que não sai dessa vida? - Perguntei.

- Por isso o que?

- Pelos luxos que te proporciona? Pelo status que consegue ter?

- Diferente de você meu mundo nunca foi cor de rosa, meus pais não podiam me ajudar financeiramente para eu entrar em uma faculdade, passei anos trabalhando ajudando fazer encanamentos e depois tendo minha mão de obra explorada atrás de um balcão de padaria, onde eu entrava as cinco da manhã e saia as dez da noite sem porra nenhuma de Direito trabalhista, ganhava menos que um salário mínimo. Então quando uma viúva me mandou mensagem no meu Instagram me oferecendo o triplo do que eu ganhava por uma hora simplesmente para fazer sexo com ela, sim, eu fui. No início é tranquilo, mas depois se torna um verdadeiro inferno. Eu não acordei em um belo disse e falei "A vou me tornar um garoto de programa", para todos eu não passo de um objeto, ninguém vê que por trás existe um homem que tem sentimentos como qualquer outra pessoa.

Eu me senti mal, porque até agora eu mesma involuntariamente o via como um objeto.

- E quando a idade chegar? A beleza não é eterna.

- Eu tenho minhas economias, do mesmo jeito que você não estará trabalhando com 80 anos eu também não estarei.

O restante do caminho fomos em silêncio, quando chegamos eu comecei a ficar nervosa e ansiosa com os resultados. E mesmo ele tendo ficado ofendido comigo ainda assim segurou em minha mão para me acalmar e juntos entramos.

- Bom dia, eu e minha companheira gostaríamos de fazer os exames para detectar possíveis doenças sexualmente transmissíveis, marquei um horário ontem a noite.

- Bom dia, William e Maite, certo?

Ele apenas concordou com a cabeça, logo após fomos separados e cada um seguiu para uma salinha onde começaram a tirar sangue, coletar saliva e até exame de urina tive que fazer. Depois nos mandaram esperar na sala principal.

- Por que disse que sou sua companheira?

- Queria que eu tivesse dito a verdade? Ela contratou meus serviços e esquecemos a camisinha?

Não respondi nada, ele tinha razão, teria sido uma situação bem desconfortável apesar de ontem eu não ter o chamado, e termos transado por livre e espontânea vontade.
Cerca de duas horas depois eles estavam com os resultados.

- Bom, William você não tem nada, e Maite... Você tem hepatite B. Vocês já tiveram relações sem proteção?

- Tivemos ontem. - Respondeu William.

- Venha comigo então, lhe daremos um coquetel para que não seja infectado também.

Eu estava estática enquanto a mulher levava William, e um dos biomédicos me pediu para sentar para conversar comigo.

- Como isso é possível? Nunca senti nada.

- É normal, tem pessoas que morrem e nunca descobriram que estavam infectadas. Mas agora que já sabe terá que começar a fazer um acompanhamento para que o vírus continue assim, sem te afetar em nada e te deixando continuar a ter uma vida normal. Só que vou te pedir para não voltar a ter relações sem camisinha, e se um dia quiser engravidar terá que conversar com o médico, pois não poderá ser através do método natural e...

Ele falava e falava e minha cabeça só conseguia amaldiçoar o desgraçado do Antônio, um homem que a mais de cinco anos tive um breve relacionamento, e havia me convencido a transar sem camisinha algumas vezes.
Eu não sei bem em que momento aconteceu, mas derrepente eu já estava no carro de William voltando para a casa. Ele estava extremamente calmo, sendo que se fosse o contrário eu estaria xingando até sua décima geração. E então eu que até agora estava impassível sem demonstrar nenhuma reação desabei a chorar.

- Maite... Se acalme. - Pediu enquanto estacionava o carro para tentar me tranquilizar.

- Me desculpa... Eu fui uma completa babaca, duvidei de você enquanto quem quase te passou uma doença fui eu.

Ele me abraçou e me deixou chorar até que minha respiração estivesse controlada novamente.

- Está tudo bem, você não me passou nada. E você também ficará bem, hoje em dia a medicina é muito avançada e vai poder continuar tendo uma vida normal. Se você quiser eu sempre irei ir contigo nos acompanhamentos.

- Por que? Até agora fui uma completa idiota com você.

- Eu não sei...

Depois daquilo voltamos em total silêncio, ele me deixou na entrada do condomínio e partiu em seguida, mas não antes de me fazer prometer que qualquer coisa eu iria ligar para ele.
Naquele dia eu me permiti ser uma completa inútil, e fiquei apenas deitada até anoitecer.

O prostituto do meu exOnde histórias criam vida. Descubra agora