03 - A vitamina e o banana

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— Qual foi a parte do "Não apronte nada" que você não entendeu? !

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— Qual foi a parte do "Não apronte nada" que você não entendeu? !

Rosana é a primeira coisa que vejo quando saio do banheiro depois de ter tomado um banho quente.

— Eu entendi, não sou nenhuma anta.

Termino de amarrar o meu robe e tiro a toalha da cabeça, deixando os longos fios úmidos à mostra.

Eu sabia que alguma cena dramática me aguardava quando cheguei em casa e Lenna me contou que a Rosana ainda não havia retornado das chamas flamejantes do inferno nas quais andou se aventurando.

Estava contando com alguma invasão no meu quarto, previ os braços cruzados e o rosto vermelho de raiva quase da mesma tonalidade de seu batom carmesim. Tudo isso combina com ela.

Já assisti essa mesma cena várias e várias vezes. Rosana e eu vivemos sobre uma sintonia cíclica.

— Então, está me dizendo que não deixou sua impulsividade quase patológica estragar o dia de algum aluno do colégio?

— Não foi o que eu disse. — Digo, caminhando até a penteadeira para pegar a escola de cabelo.

— Isla, você agrediu uma aluna nova!

— Não, eu também não fiz isso.

— Não foi o que eu soube...

— Se já sabe o que aconteceu porque tanto rodeio? Quem contou? Megan ou Maya? As duas em um coro? Talvez o Fred... Ele começou a seguir aquele imbecil.

Começo a desembaraçar os fios escuros devagar, encarando a pintura de um trem de uma das paredes do meu quadro.

Eu nunca andei de trem. Nem sei como é um de perto, e curiosamente, a família do meu pai é rica por construir ferrovias.

Nós já conversamos sobre o seu comportamento!

— Não foi exatamente uma conversa, foi mais um monólogo. Só você falou. — Resmungo.

Rosana fecha os olhos e se a conheço bem, deve estar contando até dez em silêncio.

— Você precisa se portar melhor, inclusive no colégio. Tem uma imagem a zelar, esqueceu? Como as pessoas irão reagir se souberem que a futura princesa do país está fazendo bullying?

— Bullying? — Por algum motivo minha voz sai num tom ofendido.

— Ah, então você discorda? — Arqueia as sobrancelhas.

— Óbvio? Isso é ridículo! Não fui atrás da garota, ela brotou do nada e me derrubou! Eu não sou um desses valentões dos filmes americanos!

— Não é a primeira vez que você revida dessa forma.

— Eu não revidei, ela me derrubou e eu derrubei os livros dela. Fui eu quem saiu perdendo nessa história!

Assisto ela revirar os olhos.

Onde se Escondem as Causas Perdidas - 01Onde histórias criam vida. Descubra agora