28 - Entre sonhos e pesadelos

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Posso ouvir o mar

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Posso ouvir o mar. O som das ondas se movendo parece sair de dentro de mim e se alastra por toda superfície arenosa.
Ao examinar minuciosamente o ambiente amplo e silente, posso contemplar as ruinas das torres de um grande castelo distante e desabitado. Não se é possível saber mais do que isso, pelos imensos galhos de árvores que se agarram a paisagem e cobrem parcialmente a cidadela.

O vento é forte e frígido. O ar denso me traz o cheiro cortante, áspero, lento e soturno de carne em putrefação.
Mesmo escondendo o nariz com a mão, ele insiste em tomar conta dos meus pulmões, me recordando de que eu não estou em casa. De que, possivelmente, não se trata de um sonho.

Esse lugar cheira a morte.

E, eu estou correndo. Estou correndo de algo, de alguém, mas avançando entre árvores de folhas secas que vão se desfazendo.

Os meus pés fincam em um solo terroso e úmido, os galhos me golpeiam a medida que eu aumento a velocidade. Meu coração parece que irá saltar pela minha boca a qualquer momento e os meus pulmões se negam a encherem de ar enquanto eu não parar de correr.
A extensão da vegetação se prende ao meu corpo. A verdade é que eu estou envolta desse lugar, como se eu pertencesse a ele e ao céu nublado.

E, então eu vejo, a silhueta da garota loira atirada no chão, apenas alguns metros de distância de mim.

Paraliso nos primeiros segundos, ao observar a sua imagem apagada, coberta por um vestido de um tom azul mortiço.
Ela não está respirando, eu posso vê-la, mas eu estou sozinha, não é possível sentir a sua presença.

Corro na direção da moça roubada pela morte e afundo o meu corpo no terreno gélido.

— Harp? — Rastejo até a garota empalidecida, tão fria quanto tudo aqui. — Harper. — Murmuro, balançando o corpo dela. — Harp! Por favor, acorda... — Suplico. — Por favor... — Seguro o rosto dela com as mãos, atenta aos hematomas espalhados pelas bochechas, pescoço e braços.

E, num piscar de olhos, eu não estou mais sozinha.

Um braço envolve o meu pescoço me impedindo de respirar, enquanto me arrasta para longe dela.

É só puxar o ar. Soltar devagar.

Eu tento. Tento me debater, tento cravar os meus pés na terra, enquanto as pedras no chão rasgam a minha pele.

Fechar os olhos. Eu quero fechar os olhos e parar.

Desacelerar. Eu não respiro, não posso.

Cada átomo e célula integrando o meu corpo se move tão desesperadamente que dá nó nas minhas veias. Os meus ossos e músculos derretem, pouco a pouco eu me torno um dos itens que soma na paisagem mórbida.

Inacreditavelmente a sensação é familiar.

Inacreditavelmente a sensação é familiar

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Onde se Escondem as Causas Perdidas - 01Onde histórias criam vida. Descubra agora