Cap VII

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Finn repousava em cima de uma árvore quando viu o sol nascer no horizonte, trazendo pro garoto um pouco de tranquilidade uma vez que não precisa mais se preocupar com os perigos noturnos, por enquanto.

Um pouco menos cansado, o garoto se esquiva pelos galhos ate encontrar o chão, vagou pela floresta durante horas seguindo o nascer do sol, lembrou que no primeiro dia quase viu o sol nascer no horizonte pela sacada de Alec, então essa era a direção a ir se quisesse ficar o mais longe possível do castelo, e quando o sol batia no céu ao meio dia, Finn sabia que era hora de andar em direção oposta ao por do sol, e assim o garoto seguiu viagem, com a parte do corpo de cima totalmente exposta, os pés descalços e o corte imenso em sua perna.

Passou-se dias desde que Finn fugiu do castelo, e a noite que banhava a floresta sem fim, não o assustava mais o pobre garoto. Estava vivendo apenas de castanhas que encontrava jogadas pelo chão e de frutas beliscadas pelos pássaros, estava fraco e com sede, sabia que estava na hora de procurar água, então assim ele seguiu, em busca de um riacho, ou uma poça, apenas para manter-se hidratado.

A noite hospedada no céu, carregava com sigo um vento frio, a sorte do garoto foi não ter o céu tomado por nuvens tempestuosas, a não ser pela noite em que fugiu. Finn continuou caminhando ate se deparar com um barranco, não sabia se era o certo descer por ele mas algo la embaixo, talvez um barulho, o chamou a atenção.

— Água— falou baixo, quase inaudível, estava evitando gastar energia.

Ao descer o barranco o garoto ouve cada vez mais auto o barulho da agua se batendo enquanto descia o riacho. Ao se aproximar o cheiro de terra molhada logo preenche suas narinas o fazendo suspirar em alivio. As pedras que guardavam a margem eram afiadas como facas para os pés machucados do garoto, mas ele nem se importou, apenas correu e se ajoelhou, enchendo as mãos com o liquido e enfim tomando, a água claramente não estava apta pra consumo, mas na situação em que o garoto se encontrava, era aquilo ou morrer de desidratação, o primeiro gole desceu como se ele estivesse navegado quarenta dias no deserto a procura de um oasis, e os goles a seguir só enfatizavam essa semelhança.

Ao se olhar no reflexo, Finn sentiu pena de si mesmo, um garoto sujo, despenteado e sem rumo, um total perdido, e mesmo no frio o garoto não excitou em tirar as calças e banhar-se, ou pelo menos tirar um pouco da sujeira na agua corrente, a agua gelada o fazia arrepiar, mas era um banho rápido, esfregou o rosto e as costas tirando toda a terra, seguindo para os braços e pernas, e ao sair da agua, o garoto usou de sua calça para se secar, ficando apenas de cueca. Estava prestes a seguir sua jornada quando viu movimentos na parte rasa da agua, eram peixes, Finn não fazia o consumo de carne mas na situação em que se encontrava, qualquer fonte de energia era valida, foi ate uma arvore mais próxima, quebrou um galho ao meio deixando-o com a ponta toda torta e espetada, perfeita para uma lança improvisada.

Entrou na água com movimentos leves para não espantar os nadadores, e a única ajuda que ele tinha para velos era o brilho do luar, Finn tentou algumas vezes mas nada adiantava, os peixes parecia ser mais rápidos do que a lança de Finn, quando o garoto finalmente conseguiu pescar algum, sabia que dali pra frente faria uma das coisas mais desagradáveis possíveis para ele mesmo, teria de abrir o peixe com a própria mão e come-lo, sem ao menos assar, afinal qual era a outra solução?

Estava sentado escorado em uma das arvores enquanto se delicia com seu peixe cru pescado na hora, não era a coisa mais saborosa ou a mais bonita do mundo, mas ja era alguma coisa.

Finn levantou, agora alimentado decidiu seguir pela margem do rio, uma hora ou outra iria encontrar alguma coisa, um vilarejo, um pescador, alguma coisa ele tinha esperança em encontrar, e se tivesse que encontrar, ele não esperaria ate o amanhecer pra fazer isso.

As pedras continuavam a machucar seus pés e o garoto estava ficando um tanto quando estressado, e o frio que sentia não o ajudava em nada, vestiu a calça não molhada, mas úmida, não espantaria o frio mas pelo menos o protegeria do vento.

Finn andou por algumas horas perto do riacho até finalmente sentir algum sinal de vida, talvez alguns galhos sendo quebrados a passos humanos? foi o que Finn pensou na outra noite, mas eram apenas esquilos, então na noite de hoje o garoto apenas ignorou, ou tentou assim que o viu uma silhueta humana no matagal ao seu lado.

— Ola, tem alguém aí? — o garoto para ao olhar em direção as arvores, mas não obteve resposta — Eu sei que tem alguém aqui, vamos apareça.

Surpreendentemente a silhueta que estava totalmente imóvel começa a se mover em direção a Finn, era uma mulher, suas vestes se assemelhavam a qualquer coisa que as pessoas daquele lugar usava.

— Oii— o garoto não era idiota, não ia pedir por ajuda logo de cara.

— Está perdido? — Ela pergunta com uma voz serena, e com movimentos calmos vai chegando mais perto do menino. Ela estava bem pouco agasalhada para aquela noite fria, mas Finn também estava.

— Sim, poderia me ajudar? — Finn observa a mesma parar com um sorriso estranho no rosto, o fazendo engolir a seco.

— Pobre habitante do sol que não respeitou o toque de recolher — Ela o rodeia, e ao parar atrás do menino começa a passar suas unhas sobre seu pescoço o fazendo arrepiar a espinha — E pensar que você poderia ter sobrevivido se não fosse quase hora do jantar.

Aquelas últimas palavras soaram tão estranhas que o assustou, mas permaneceu parado apenas sentindo a respiração da maior em seu pescoço.

— O que quer dizer com isso?

— Quero dizer que eu estou com fome e você é uma presa fácil.

— COMO? — se surpreende o garoto virando rapidamente para moça que mantinha um sorriso maligno no rosto.

— Deixa eu te mostrar.

Com movimentos ágeis e agressivos ela segura os braços do menino com tamanha força que ele não conseguia se livrar de suas mãos, e após cheirar o pulso de Finn ela o morde enfincando suas presas em suas veias, aos poucos Finn pode sentir toda sua energia sendo tirada do seu corpo e sua visão foi se escurecendo junto, ele não sabia o que ela estava fazendo mas tinha certeza de que não era bom, então com a voz falha quase sem entonação ele pede a ela que pare, e feito ela parou e o encarou.

— Nossa, você é mais forte que os outros, não me surpreende seu sangue ser tão saboroso.

Ela diz soltando mais um daqueles terríveis sorrisos com seus lábios vermelhos que escorria sangue, "o meu sangue" pensou Finn. E depois de se divertir ao ver o rosto do garoto ela avança para seu pescoço o mordendo com tanta delicadeza que nem parecia que o mesmo estava prestes a desmaiar, a sensação não era boa e a cada segundo se tornava mais agonizante. Finn podia sentir suas pernas fraquejarem e logo em seguida já não tinha mais forças para se debater e então encarou as estrelas no céu pensando no quão azarado ele era e então apagou nos braços da mulher que usava seu sangue como refeição.

𝒯ℎ𝑒 𝒢𝑎𝑟𝑑𝑒𝑛 𝑜𝑓 𝒞𝑟𝑦𝑠𝑡𝑎𝑙 𝒯𝑒𝑎𝑟𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora