II

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Belinda tentou dormir.

Passou a noite toda rolando de um lado para o outro com a esperança de que tudo isso era apenas um pesadelo que ela não conseguia acordar, no entanto, sempre que abria os olhos e se beliscava tinha mais certeza de que tudo aquilo não se passava de um louco sonho.

Seu pai estava mesmo sendo feito de prisioneiro.

Toda vez que essa consciência batia em sua cabeça ela chorava.

O desespero era enorme, ela não queria perder o pai para esses homens.

O que eles poderiam fazer com um velho homem além de matá-lo? Ou será que ele já estava morto e falaram isso para não gerar pânico em nós.

As dúvidas eram muitas para Belinda continuar a dormir, por causa disso, com a coragem que nem ela mesma reconhecia, colocou um casaco por cima do seu pijama rosa de flanela, calçou um tênis, prendeu seus cabelos em um rabo de cavalo, andou bem sorrateiramente até a sala de estar onde pegou a chave da camionete.

Quando saiu estava caindo uma fina garoa e isso só dificultava mais ainda a visibilidade da estrada escura até a mansão da família Blanchart.

Belinda estava em um misto de sentimentos, entre raiva e desespero, por não saber o que essa sua louca atitude iria fazer, mas tudo o que mais queria naquele momento era salvar o seu pai da Fera.

Depois de passar pelas imensas montanhas e atravessar uma pequena floresta, Belinda chega aos enormes portões de ferro da mansão Blanchart, em cima dos portões tinha o nome da família com seu brasão e ao lado dos portões havia uma guarita.

— Quem é?

— Sou Belinda Pierrot. — disse a menina cheia de medo.

— Sua entrada não é autorizada, volte para casa garota. — disse o homem sendo arrogante.

— Por favor me deixe entrar, só quero ver o meu pai.— disse ela se segurando para não chorar na frente dos guardas.

— Ele não está autorizado a ter visitas.— disse o homem firme.

— Nem que seja a última vez, me deixe ver meu pai.— disse ela já chorando.

O homem estava sem paciência ainda mais por ser incomodado altas horas da madrugada.

Ele interfonou para dentro da casa, depois de alguns minutos os portões se abriram.

— Muito obrigada. — disse a inocente garota toda feliz.

Assim que ela entra os portões se fecharam bruscamente atrás dela.

O escuro e a chuva davam um ar mais sinistro a enorme mansão Blanchart.

Mesmo assim, nada disso a amedrontava, pois tudo o que ela mais queria naquele momento era poder rever seu pai, nem que seja por um breve minuto.

— Belinda, certo?— disse um homem alto, esquio, de cabelos castanhos e lisos, de roupão branco.

Concordou a garota com medo.

— Prazer, me chamo Louis, digamos que sou uma das pessoas que mais conhece o Fera.— disse ele sendo bem cavaleiro.

— Pois eu sou a primeira pessoa que mais conhece o senhor Blanchart e toda a sua agenda.— disse uma senhora baixinha rechonchuda, que estava vestindo um robe preto e bobes no cabelo.

— É um prazer conhecer vocês, me desculpa acordar vocês assim, os senhores devem trabalhar bastante nessa enorme casa.— disse ela se atrapalhando toda.

— E você veio aqui para ver o seu pai?— disse a mulher sendo bem direta.

Belinda sem reação apenas concordou com a cabeça.

Quando eu te contarOnde histórias criam vida. Descubra agora