capítulo 02

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Depois de tanta insistência minha, a enfermeira concordou sobre eu tomar o meu banho sozinho, ela colocou uma cadeira debaixo do chuveiro, me ajudou a levantar, e eu fui andando apoiado no braço dela, após ela me sentar, avisa que vai ficar esperando na porta, e qualquer coisa é só chamar. Eu estava só com uma camisola do hospital, que consegui tirar após certo esforço, e liguei o chuveiro, a água caía, e eu retirava as bandagens junto. Quando não tinha mais nada no meu corpo, vi uma pequena caixa com sabonete, uma esponja suave e shampoo, me inclinei para pegar, sentindo fortes dores, mas não iria desistir. Consegui pegar após me inclinar muito, ainda bem que corpo de criança é tão flexível. Passei o sabonete na esponja, e fui passando pelo meu corpo, era visível as inúmeras cicatrizes das diversas cirurgias. Não sei como foi possível, mas eles me curaram.

Se o ferimento for o mesmo da minha realidade, eu estou surpreso é de ter aguentado. O maluco apontou uma metralhadora para mim, fechou os olhos e apertou o gatilho. Simplesmente não conseguiu controlar ela, e foi tiro para literalmente todo lado, dei sorte do rosto não ter sido atingido, mas de resto, até minha garganta não se salvou. Maldito seja você, Marcos. Tem sorte de que não estamos mais na mesma terra, eu ia fazer você comer cada tiro que você deu.
Estive tão preso em pensamentos que nem notei que já estava terminando de tomar banho, foi no automático. Estava lavando o cabelo tranquilamente até a enfermeira bater na porta e perguntar se estava tudo bem.

_ Sim, já estou terminando, não se preocupe.

E então tirei o sabão com a água caindo. Tinha uma toalha dobrada na pia mais próxima, me escorei na cadeira para levantar e consegui dar dois passos até a pia, me segurei nela, peguei a toalha, virei de costas e me escorei. Comecei a me secar tranquilamente, primeiro pelo cabelo, depois pelo corpo, até que quando enfim seco, peguei um outro roupão e coloquei. Então chamei a moça e ela entrou, me pegou no colo e me levou para a cama.

_ Sabe, eu gostaria de fazer uma pergunta_ ela diz me olhando, eu aceno para que ela continue_ Quantos anos você tem?

_ Ah, eu tenho deze… quantos anos a senhora acha que eu tenho?_ e dei meu sorriso mais traquina.

_ Bom, de acordo com o resultado dos exames, você tem por volta de 4 anos… mas, seu modo de falar, agir e aparentemente pensar, não são de uma criança.

_ Bah, acho que a senhora tá imaginando coisas_ respondo ela após sentir meu coração errar uma batida.

Ela não respondeu, só saiu dizendo que se precisasse de qualquer coisa era só chamar, e que eu deveria aproveitar para descansar o restante do dia, o que eu não demorei a obedecer. Virei de lado, fechei os olhos e logo adormeci.

Não tive muito o que fazer pelo passar dos dias, minha rotina era comer, tomar banho e dormir, aos poucos fui recuperando a minha mobilidade, e já conseguia andar firmemente quando o Hokage voltou para cumprir sua promessa.

Ele entrou na sala e abriu um sorriso ao me ver de pé, olhando pela janela. Ao ouvir a porta se fechando, olhei para trás e o avistei.

_ Bom, acho que não temos muito o que conversar_ ele diz com um sorriso amável_ vamos?

Eu concordei e o segui pelo hospital, chegando na entrada ele me pediu para ir falar com a recepção, e eu fui.

Chegando lá a moça me entregou uma troca de roupas e disse que eram presente do Hokage. Também me entregou minhas roupas antigas numa sacola me avisando de que estavam completamente destruídas. Eu agradeci a ela e fui me trocar no banheiro mais próximo. Estava de frente a um espelho enorme e então vesti a roupa, empolgado e muito animado. Quando terminei comecei a me observar no espelho, eu era uma criança bonita, cabelos pretos, com pequenos fios brancos, sempre os tive, deve ser genético, nessa forma desenhada os cabelos brancos eram mais visíveis, eram como mechas para o meu cabelo ondulado, se fundem perfeitamente as duas cores opostas nos cachos. Meu corpo bem magro, meu rosto liso e bem simétrico, olhos pretos, não era tão branco quanto todos eles que estão por aqui, se eu fosse chutar, minha pele foi literalmente pintada com a cor bege. O pensamento me fez rir um pouco. A camiseta era de um roxo escuro, o short era preto, as sandálias eram brancas, e obviamente não vou falar a cor da peça íntima. Depois de sair do banheiro completamente trocado, caminho até o Hiruzen novamente.

_ Muito obrigado_ eu disse estendendo minha mão. Ele olhou como se não houvesse entendido, talvez não fosse parte da cultura local, mas após um tempo percebeu o que tinha de fazer e retribuiu o cumprimento.

Ele foi saindo do hospital, e eu praticamente grudei nele, andava ao seu lado, e quando estávamos fora das portas do hospital, pude admirar a estrutura da cidade, as enormes casas vizinhas, os prédios e comércios fazendo sucesso, as ruas cheias. Todos que passavam ou avistavam a gente, paravam para cumprimentar o Hokage, que sempre parava e dava atenção a todos. Era incrível ver o carinho e respeito que ele possuía.

Depois de alguns minutos andando, chegamos na frente de um prédio, ele me pediu para segui-lo e fomos andando até os fundos. Lá havia um cara de cabelo loiro e grande, amarrado num rabo de cavalo, percebendo nossa chegada ele se virou em nossa direção.

_ Senhor Hokage, seja bem vindo, fiquem à vontade_ disse o homem loiro sorrindo.

_ Obrigado, Inoichi_ respondeu o velho_ preciso que você consiga averiguar o passado deste pobre menino.

Ué, mas como ele vai fazer isso? Vão tentar fazer mais exames? Então não seria melhor fazer isso no hospital?

_ Sem problema, senhor Hokage. Só um instante por favor_ ele prepara alguma coisa de costas para nós_ certo, garoto, pode vir se sentar aqui.

Ele apontou uma cadeira, enquanto segurava uma espécie de capacete. Uma ideia um tanto louca e irreal passou pela minha cabeça… ele iria ler minha mente? Isso era impossível.

Segui até a cadeira e me sentei, ele colocou o capacete em mim e consegui ouvir sua voz dizendo:

_ Relaxa, isso não vai doer nada, então fica tranquilo, vou tomar bastante cuidado. Vamos lá.

Senti como se eu tivesse sido jogado dentro de um abismo, quando percebi eu estava ao lado do cara loiro, flutuando em um lugar estranho.

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