Capítulo 28

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O agente concordou e eles foram para seus quartos. Não é necessário dizer que Tiago não dormiu. Não poderia. Estava com uma vontade descomunal de ver Malu.

Já era madrugada quando ele saiu pelo corredor e procurou pela suíte onde ela tinha sido levada. Não bateu e não pediu licença para entrar, simplesmente abriu a porta e adentrou o quarto.

A menina estava cochilando sentada em uma poltrona ao lado da cama e segurava a mão de Gu. Tiago sentiu vontade de chorar quando a viu dessa maneira. E pensar que horas antes ela estava dançando e bebendo com seus amigos para comemorar seu aniversário de vinte anos.

Seria a pior lembrança da vida dela e ele estaria ligado à essa memória para sempre.

Tiago chegou perto e ela abriu os olhos depressa. Malu deu um pulo da poltrona e se afastou assustada. Merda, ela estava com medo dele? Céus, não era possível que ela estivesse considerando-o como um risco à vida dela.

-Não há nada a temer aqui Malu.

Ele fez um movimento para chegar perto e ela recuou.

-Merda, só quero saber se está...precisando de alguma coisa...

-Não.

Tiago olhou pra ela e nada poderia machucar mais seu coração do que o olhar de revolta e traição que ela jogou pra ele. O quarto estava sendo monitorado e ele não podia arriscar dizer nada comprometedor à ela, então simplesmente sussurrou.

-Precisa confiar em mim.

O silêncio dela não era confortável e não dava à ele nenhuma brecha para amenizar a situação. Tiago passou a mão pelos cabelos.

-Vai terminar tudo bem...Gu vai ser levado embora amanhã. Pablo vai com ele.

Malu concordou com a cabeça e manteve sua postura reservada. Gu respirou fundo e deu um gemido baixo. A menina olhou pra ele preocupada.

-Ele vai ficar bem Malu. Por favor...fala comigo.

Sua voz estava entrecortada e Tiago mal podia respirar. Os olhos dela se umedeceram e a menina piscou muitas vezes tentando não chorar. O silêncio era pesado, apenas as respirações ofegantes de ambos podiam ser ouvidas. Finalmente, o rapaz se retirou e ela deixou as lágrimas caírem. Ela se lembrou do que Bernardo tinha lhe dito, que Tiago iria lhe magoar e que ele iria achar bem feito.

Pela manhã uma moça com idade por volta dos quarenta, veio lhe trazer um café da manhã muito sortido. Gu acordou e conseguiu se sentar na cama. Malu o obrigou a comer e a tomar seus remédios.

-Como se sente?

-Um pouco quebrado.

Ele tentou rir e ela novamente sentiu os olhos lacrimejarem. Não adiantava poupá-lo da verdade, então Malu falou de uma vez.

-Eu fiz um acordo com Julian.

-Ah Deus...que tipo de acordo Malu?

-Ele ia te matar Gu...e então...eu disse que se ele te deixasse ir, eu ficaria por aqui quanto tempo ele quisesse.

-Merda, não fez isso...

-Era isso ou te ver morrer. Prefiro ficar aqui e saber que está vivo.

-Não vou embora sem você.

-Por favor Gu...vá e não tente fazer nada pra me ajudar. Não quero te perder.

-E nem eu a você. Se ficar aqui, nunca mais eu vou te ver.

-Mas saberá que eu estou bem e eu terei certeza de que você também vai estar.

Ela se aproximou e abraçou o homem. A menina até tentou, mas não conseguiu não chorar. Soluçou na verdade. Era um som doído e que comoveu Gu. Ele também chorou. O homem sentia o peito arder, mas sabia que a menina tinha razão. Eles tinham perdido a batalha para o traficante e qualquer reação, especialmente ali dentro, seria caminhar para a morte. Eles ficaram um tempo assim, apenas sentindo um ao outro. Malu murmurou chorosa.

A Fugitiva - 1o.Coligado aos Agentes do BSSOnde histórias criam vida. Descubra agora