Capítulo 4

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Pablo olhou pela janela. Malu estava trabalhando na moto equilibrada no elevador. Bernardo estava sentado no chão, encostado na parede observando-a trabalhar. O garoto podia ser tudo o que Tiago falou, mas Pablo ainda achava que Malu era muita mulher pra ele.

-Bernardo, você sabe o que é uma menina tomb...alguma coisa?

-Tomboy?

-Isso. É essa a palavra. O que é?

-É uma garota que...gosta de agir como um garoto. Que gostam de coisas que os caras gostam entende?

-Uma mulher macho.

-Mais ou menos, mas porque perguntou?

-Nada importante. Eu ouvi essa palavra e não sabia o que significava.

Ela voltou ao trabalho e raciocinou sobre o que tinha ouvido Tiago falar.

Ela parecia uma mulher-macho? Bom, não conhecia muitas mecânicas e nem ninguém que pudesse dar uma boa surra em um cara como ela. Mas, isso era no trabalho. Quando saia, procurava se arrumar e tinha muito xodó com seu cabelo. Também cuidava da sua pele.

Ali na empresa usava sempre o uniforme e estava constantemente suja de graxa, óleo e fuligem, mas era parte do seu ofício. Não tinha como ser diferente.

Bernardo se levantou e veio até ela.

-Alguém disse que você é uma tomboy?

-Não. Não é isso, mas talvez eu pareça uma dessas garotas...

-Não. Você não é Malu. Eu acho que você é linda.

Ela riu. Ele era inocente e gostava tanto dela, mas a menina nunca ia corresponder a esse amor por várias razões e uma delas era o que Tiago havia dito mesmo. Bernardo era muito bom pra ela.

O carregamento da Kawasaki foi concluído um dia antes do prazo final. Henry, o dono da empresa assinou os documentos necessários, levantou-se da mesa para se servir de café e comentou com Tiago e Pablo que estavam em seu escritório.

-Essa Malu é do cacete mesmo. Só ela pra entregar tudo pronto, sem nenhum problema e antes do prazo.

Tiago virou os olhos para o comentário, mas o homem não pareceu notar.

Passou o café pra cada um deles e voltou a falar.

-Eu queria tanto que ela tivesse um olho para o meu menino, mas infelizmente percebo que ela não tem.

Os agentes olharam pra ele curioso, em especial Tiago que não a considerava um bom partido para Bernardo.

-Me surpreende que você aprove essa paixonite do seu filho.

-Porque?

-Sei lá. Ele é seu herdeiro, Malu é uma funcionária de baixo escalão.

O homem olhou para o rapaz pensativo.

-Não teve tempo de reparar porque não conviveu com a menina, ou talvez esteja apenas sendo preconceituoso, mas ela é uma garota extraordinária e a quem eu confiaria essa empresa de olhos fechados, se ela fosse próxima, é claro. A tendência do meu filho é se casar com uma menina fútil e de mente vazia, porque não há nada que essas meninas que já nasceram ricas como ele podem pensar além de cosméticos, viagens e sapatos de marca.

Pablo riu alto e concordou.

-Cara, eu odiaria uma mulher assim ao meu lado. Eu já disse a ele que a Malu é um partido e tanto.

-Sim, ela é. Inteligente, trabalhadeira, responsável e de bônus, bonita.

Tiago estava mudo, porque não gostou de ser chamado de preconceituoso. Não era, mas talvez, nesse caso sobre a Malu, ele tenha sido e ficou chateado consigo mesmo sobre o assunto.

A Fugitiva - 1o.Coligado aos Agentes do BSSOnde histórias criam vida. Descubra agora