Pablo olhou pela janela. Malu estava trabalhando na moto equilibrada no elevador. Bernardo estava sentado no chão, encostado na parede observando-a trabalhar. O garoto podia ser tudo o que Tiago falou, mas Pablo ainda achava que Malu era muita mulher pra ele.
-Bernardo, você sabe o que é uma menina tomb...alguma coisa?
-Tomboy?
-Isso. É essa a palavra. O que é?
-É uma garota que...gosta de agir como um garoto. Que gostam de coisas que os caras gostam entende?
-Uma mulher macho.
-Mais ou menos, mas porque perguntou?
-Nada importante. Eu ouvi essa palavra e não sabia o que significava.
Ela voltou ao trabalho e raciocinou sobre o que tinha ouvido Tiago falar.
Ela parecia uma mulher-macho? Bom, não conhecia muitas mecânicas e nem ninguém que pudesse dar uma boa surra em um cara como ela. Mas, isso era no trabalho. Quando saia, procurava se arrumar e tinha muito xodó com seu cabelo. Também cuidava da sua pele.
Ali na empresa usava sempre o uniforme e estava constantemente suja de graxa, óleo e fuligem, mas era parte do seu ofício. Não tinha como ser diferente.
Bernardo se levantou e veio até ela.
-Alguém disse que você é uma tomboy?
-Não. Não é isso, mas talvez eu pareça uma dessas garotas...
-Não. Você não é Malu. Eu acho que você é linda.
Ela riu. Ele era inocente e gostava tanto dela, mas a menina nunca ia corresponder a esse amor por várias razões e uma delas era o que Tiago havia dito mesmo. Bernardo era muito bom pra ela.
O carregamento da Kawasaki foi concluído um dia antes do prazo final. Henry, o dono da empresa assinou os documentos necessários, levantou-se da mesa para se servir de café e comentou com Tiago e Pablo que estavam em seu escritório.
-Essa Malu é do cacete mesmo. Só ela pra entregar tudo pronto, sem nenhum problema e antes do prazo.
Tiago virou os olhos para o comentário, mas o homem não pareceu notar.
Passou o café pra cada um deles e voltou a falar.
-Eu queria tanto que ela tivesse um olho para o meu menino, mas infelizmente percebo que ela não tem.
Os agentes olharam pra ele curioso, em especial Tiago que não a considerava um bom partido para Bernardo.
-Me surpreende que você aprove essa paixonite do seu filho.
-Porque?
-Sei lá. Ele é seu herdeiro, Malu é uma funcionária de baixo escalão.
O homem olhou para o rapaz pensativo.
-Não teve tempo de reparar porque não conviveu com a menina, ou talvez esteja apenas sendo preconceituoso, mas ela é uma garota extraordinária e a quem eu confiaria essa empresa de olhos fechados, se ela fosse próxima, é claro. A tendência do meu filho é se casar com uma menina fútil e de mente vazia, porque não há nada que essas meninas que já nasceram ricas como ele podem pensar além de cosméticos, viagens e sapatos de marca.
Pablo riu alto e concordou.
-Cara, eu odiaria uma mulher assim ao meu lado. Eu já disse a ele que a Malu é um partido e tanto.
-Sim, ela é. Inteligente, trabalhadeira, responsável e de bônus, bonita.
Tiago estava mudo, porque não gostou de ser chamado de preconceituoso. Não era, mas talvez, nesse caso sobre a Malu, ele tenha sido e ficou chateado consigo mesmo sobre o assunto.
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A Fugitiva - 1o.Coligado aos Agentes do BSS
Romance"A vida de um adolescente escravizado pode mudar para sempre suas convicções, seus anseios, sua personalidade e a maneira em que ele enxerga o mundo." Apaixonadas pelo BSS, por favor, deem às boas vindas ao implacável, perigoso e sedutor Tiago Savi...