Capítulo 29

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Tiago bateu à porta do quarto para anunciar sua chegada. Malu estava deitada na cama com os braços cruzados sobre a cabeça. A menina não se deu ao trabalho de olhar pra ele.

-Como está hoje?

Silêncio.

Tiago se aproximou e se sentou na cama. Ela não se moveu, pelo menos não parecia estar mais com medo dele. O agente pensou que tinha que tomar cuidado com o que falaria pra ela. O quarto estava sendo monitorado e mesmo Julian não estando ali, a fiel escudeira Anahí daria todos os detalhes pra ele.

-Precisamos conversar Malu. Pode estar brava comigo, pode estar se sentindo traída, mas quero que saiba que...por Deus...não está sozinha.

-Pode ir embora Tiago.

-Marcos.

-Ah sim...claro...aqui não precisa mais disfarçar, não é? Não tem nenhuma tomboy fedendo a óleo para enganar e para passar pra trás. Aqui você é você. O jogo acabou.

Ele ficou em silêncio porque não podia lhe dizer a verdade. Ela se sentou na cama.

-Pode ir embora. Não vou fugir ou nada parecido, fiz um acordo com o bastardo e vou cumpri-lo porque tem alguém lá fora que eu amo muito e que depende do meu bom comportamento aqui dentro pra continuar vivo. Agora, não tem mais que estar aqui, não tem mais que fingir que gosta de mim. Então quer por favor levar a porra do seu traseiro fodido para longe deste quarto e me deixar em paz?

O agente queria dizer tanta coisa à ela, mas o temperamento dela o tinha irritado. Merda, ela estava brava e condenadamente decepcionada com ele.

Claro, como não estaria? Ela praticamente tinha deixado de fumar nos últimos dois meses, se limitava a dar alguns poucos tragos esporadicamente e tudo porque sabia que ele não se agradava do hálito com sabor de cigarro. A menina evitou falar tantos palavrões na frente dele e tinha até feito as unhas. Queria agradá-lo. Queria ser a namorada perfeita pra ele e o que ganhou em troca? Uma traição. Deus, como não enxergou que estava desmedido sobre sua sede de vingança antes de chegar tão longe?

Só esperava que a ferida aberta no peito dela pudesse ser cicatrizada com o tempo e ela o perdoasse. Sim, ela o perdoaria porque era uma pessoa justa e enxergaria que o ato dele a deixaria livre para ter uma vida digna.

Malu se levantou e acendeu um cigarro. Deu um trago profundo e soprou a fumaça para fora como se pudesse jogar junto toda a sua mágoa. Tiago se aproximou dela e a abraçou cuidadosamente pelas costas. A menina se encolheu ao sentir as mãos dele em seus braços. O rapaz arregalou os olhos muito surpreso que a reação dela fosse tão negativa.

Jesus Cristo, por mais que estivesse profundamente magoada, a rejeição que seu corpo teve ao toque dele foi o golpe final em suas defesas. Se havia alguma esperança de que ela o compreendesse, foi embora naquele momento e ele recuou.

-Malu...não.

-Vai embora.

-Não se feche dessa forma ao seus sentimentos.

Ela se virou pra ele.

-Que sentimentos?

-Não faz isso. As coisas podem estar confusas e sei que está magoada, mas tudo vai se resolver e o que vivemos não foi falso, eu juro que não foi...

-Não sei do que está falando. Eu tinha um namorado e o nome dele era Tiago. Eu achei que era importante pra ele e que tinha encontrado o amor da minha vida, mas me enganei. Acontece, não é? Eu tive bons momentos com ele, os melhores da minha vida...mas passou, ele se foi pra sempre.

-Não...não para sempre meu anjo.

A voz dela estava falha e os olhos muito brilhantes do esforço de não deixar nenhuma lágrima cair. Ela arrancou a correntinha que usava com as iniciais dele e jogou no chão.

A Fugitiva - 1o.Coligado aos Agentes do BSSOnde histórias criam vida. Descubra agora