Capítulo 1: uma mariposa na lâmpada

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 Você já viu o que acontece quando uma mariposa chega perto de uma lâmpada? Ela fica lá, atordoada, tentando voar para perto daquilo que pode ser sua morte, sem entender o perigo que está próximo. A luz é quente e bonita, mas ao mesmo tempo, a cega de tudo.

Quando olho para Celine, a vejo como aquela mariposa próxima da lâmpada. Sempre tentando voar para aquilo que pode destruí-la. Talvez seja interessante a sensação de estar próximo da morte... ou talvez ela realmente não saiba o que está acontecendo. Seja como for, o fim inevitável é sempre o mesmo.

Mas o que acontece se alguém nota aquela mariposa e tenta retirá-la dali, guiando-a para uma saída, como uma janela? O animal, a princípio não percebe o que está acontecendo, mas depois, ao notar a mão que o leva, busca fugir da situação para retornar à sua fonte de luz. Porém, se for alguém com muita paciência e dedicação, o inseto pode ter um destino melhor, conseguindo escapar de seu triste fim.

E foi quando notei isso que pensei, que a mariposa sempre pode voar pelo cômodo inteiro, mas ela escolheu por todo seu empenho e vontade para voar em direção à lâmpada que a mata. Por que isso?

	Celine estava preenchendo a ficha de inscrição com seus dados, como de praxe, prestando atenção aos mínimos detalhes e demorando o máximo possível

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Celine estava preenchendo a ficha de inscrição com seus dados, como de praxe, prestando atenção aos mínimos detalhes e demorando o máximo possível. Queria prolongar seu tempo naquela recepção da escola, para protelar, o quanto fosse possível, sua entrada na nova sala de aula.

Já era a oitava vez que ela mudava de instituição em um período de seis anos, e por isso, a experiência de ter que se apresentar na frente de todo mundo, já estava encravada em sua mente como uma marca de ferro na pele.

Mas não havia como fugir, aquilo era inevitável, assim como as reações das pessoas que a viam andando pelos corredores. Para piorar tudo, sua mãe, Carine, andava ao seu lado falando alto e sem parar, para chamar atenção. Falava da vida da filha como se fosse a sua, não se preocupando se a garota ouvia tudo. Bom, já fazia tempo que Celine tinha perdido sua vontade de interromper a mãe, agora sua tática era só ignorar.

Sua mão parou em uma linha da ficha, e ela olhou para a secretária que, com uma cara simpática, tentava não encarar a jovem com olhos julgadores. Era uma das melhores atuações que Celine tinha visto, por isso, fingiu não perceber os verdadeiros pensamentos daquela secretária.

— O que eu coloco aqui nessa linha?

— Aí você pode colocar essa opção.— Respondeu a secretária com um sorriso.

— Tá, deixa que eu preencho o resto. — Falou a mãe tirando a folha das mãos de Celine com um puxão.

A garota permaneceu sentada e sem resposta, porque já sabia que se fosse contra, teria que ficar ouvindo uma longa discussão que não levaria a nada. Sem demora, a ficha foi preenchida, e as duas foram encaminhadas para a sala de aula onde a garota passaria a estudar.

Pararam na frente da porta, e a inspetora de corredor, que havia mostrado o caminho, chamou o professor que estava dando aula para introduzir a nova aluna. Logo o homem calvo veio, fechando a porta atrás de si.

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