Capítulo 13.

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Liz ficou feliz quando eles saíram daquela memória, ela tinha visto a Lorena feliz e viva, ela tinha visto os olhos dela brilharem em felicidade juvenil.

E agora, olhar para ela e vê-la estando tão perto da morte parecia errado.

Liz também estava com um pouco de pressa, ela queria muito terminar toda essa confusão e voltar para o seu próprio universo. Ela tinha uma pessoa para achar agora.

Liz seguiu Lúcifer enquanto ele escolhia qual porta abrir. Liz cruzou os braços para afastar o frio e continuou a pensar.

Ela não se importa muito se não tiver as suas memórias de volta contanto que ela tenha a sua mãe de volta.

Ela não quer pensar em onde ela esteve todo esse tempo, afinal, Liz tem quase 40 anos, mas como é uma maga, ela parou de envelhecer aos 29.

Ela tem uma memória, provavelmente implantada, dela saindo do orfanato aos 18 e entrando na faculdade.

Mas ela não pode confiar em suas memórias, não mais.

Então ela faz uma coisa em que é boa. Ela ignora.

Ela ignora a quantidade de coisas que ela não sabe a respeito da própria vida e continua a andar pela sala.

Ela também ignora o que pode ter acontecido com a sua mãe e se concentra apenas no que a deixa feliz, imaginar sua mãe e ela reunidas.

Uma pequena parte dela sabe que ela vai se arrepender mais tarde, mas ela não se importa agora, ela merece pouco de paz e se uma ilusão vai fornecer isso para ela, ela vai aceitar.

Lúcifer escolha uma porta e eles embarcam em uma nova memória.

Liz e Lúcifer estão na mesma sala que encontraram Lorena e Victória pela primeira vez.

Victória parece ter 21 anos agora, Lorena está deitada no sofá, dormindo.

Há um campo em volta dela e Liz acha que é para impedir que ela ouça os gritos vindos do cômodo ao lado.

Lúcifer e Liz caminhão até lá e encontram Victória e Mérida discutindo.

— Isso tem que parar, Vick — Mérida disse em súplica. — Ela está piorando e você sabe que as rachaduras são as causas.

— Não são! — Victória grita. — São os viajantes, eles é que espalham a poeira pelos universos.

Mérida suspira e se encosta no balcão.

— Eu estou te dizendo, mãe — Victória se aproxima de Mérida. — Eu a levei para universos em que nenhum viajante já esteve e você sabe o que aconteceu? Nada.

“E sabe o que acontece quando a gente vai para algum universo em que eles estão já foram para lá? Ela piora.”

Mérida não parece convencida.

— Espera um pouco — Victória disse e sai da cozinha, ela vai até à sala e pega uma mochila que está em cima do sofá.

Ela volta para a cozinha a passos largos e coloca a bolsa a em cima da mesa. Victória pega um caderno pesado de dentro da mochila e começa a folheá-lo.

— Aqui — Ela disse e aponto para algo, Mérida se inclina para ver. Liz e Lúcifer se aproximam para ver. — James Clot, ele foi um dos primeiros viajantes multiversais que temos registros. Ele registrou que os viajantes deixam pequenas partículas de seu universo original e que quando viajam, levam essa partícula com eles.

— Victória — Mérida a chama.

— Anos depois, Martha Tenesse descobriu partículas que não eram de seu universo em seu universo, ela as chamou de particular Dinter. Depois, com outro experimento, ela descobriu que essas partículas vêm de outro universo.

— E você não acha que as rachaduras ajudam a espalhar essas partículas? — Mérida a interrompeu.

Victória não soube o que responder.

— Olha — Mérida disse e envolveu as mãos nos ombros de Victória. — Sua irmã ama viajar, eu não posso pedir para ela parar com base em uma teoria.

Victória tenta interromper, mas Mérida continua.

— Mas, sua irmã também ama a Lorena, então fale com ela, ela é talentosa com magia assim como você. Eu tenho certeza de que vocês podem descobrir o que realmente causa essa doença.

Victória tem lágrimas nos olhos, ela balança a cabeça e anda dois passos para trás.

Ela fecha as mãos e elas começam a tremer. Seus olhos se enchem de lágrimas.

Vários objetos na casa começam a chocalhar e a cair do chão.

— Victória, respira, me escuta. Você precisa controlar isso. Você preci-

Mérida não consegue terminar de responder porque ela desaparece no ar.

Victória suspira e começa a chorar.

— Não — Ela disse e engasga. — Não. Não. Não. Não.

Victória estende as mãos e começa a balança-las de um lado para o outro.

Liz bloqueia os gritos dela.

Ela sai da memória, não querendo ver mais nada.

Ela começa a andar pela sala e respirar fundo. Suas pernas começam a ficar fracas então ela segura em um vão entre uma porta e outra. Ela se esforça a permanecer de pé e a não chorar.

Ela força a sua mente a se lembrar de que isso não deveria a afetar, ela é uma adulta que por muitos anos pensou que sua mãe estava morta, agora ela tem certeza.

Liz ficou aliviada por não ter memórias, se não isso doeria muito mais.

Ela se acalma o suficiente para não chorar mais.

Lúcifer aparece atrás dela e a abraça, Liz aperta seus braços ao redor dele e respira fundo, sentindo o cheiro de colônia cara dele.

Liz, pela primeira vez em muito tempo, fica feliz em não viajar sozinha.

Ela fica feliz por ter alguém ao seu lado.

Ela pode não saber muito, mas ela sabe que pelo menos agora, ela tem alguém com que contar.

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