7.

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ANTÔNIO

Não era Fred quem ligava.

Era o meu treinador. Não atendi porque sabia que ele ia querer falar algo sobre as lutas e não queria falar de trabalho quando estava num momento tão legal com a Amanda.

E isso se mostrou uma decisão acertada, principalmente porque aconteceu algo que eu realmente não esperava. A Amanda me beijou! Eu nem entendi direito como aconteceu. Ela só...me puxou pra si e me deu um beijo e...caramba! Que beijo. Não sabia o que tinha rolado com ela, ou melhor, até acho que sabia, mas preferi aproveitar aquele momento antes que ele acabasse, como ele realmente acabou...

Fizemos a viagem de volta pra Campo Largo inteira em silêncio e Amanda me evitou o resto do dia inteiro. Nesse momento, por exemplo, eu estava no quarto e ela em alguma outra parte da casa, uma bem distante de mim, eu acho. Ela com certeza está envergonhada por ter me dado aquele beijo e eu, apesar de ter gostado, sabia que tinha sido só porque ela viu o ex namorado e a ex sogra, e não porque ela realmente queria fazer aquilo.

E eu queria muito desabafar com alguém sobre como estava me sentindo. Mas estava com medo de falar alguma coisa pra Fred e ele colocar no Jornal Nacional, então resolvo recorrer a outra pessoa que também sabia dessa história com Amanda...

— Fala, Sapatinho!– Cigano diz ao atender o celular.

— Oi, cara! Tá podendo falar?– pergunto.

— Tô...o que rolou?– ele pergunta e conto tudo a respeito da minha história com Amanda desde que chegamos aqui. Sobre o namoro falso e o beijo.

— E aí? O que...você acha que eu deveria fazer?– pergunto.

— Cara, essa situação é complicada...Você aceitou esse namoro de mentira porque gosta dela, mas ela não faz ideia disso. Então...talvez ela tenha te beijado só por causa disso.

— Eu também acho mas...porque eu senti uma coisa diferente? Por um instante eu...achei que ela pudesse sentir o mesmo por mim...– digo porque era verdade. Enquanto nos beijávamos, eu senti que tinha...algo ali, algo que nos empurrava um pro outro.

— Já tentou falar com ela sobre isso?

— Claro que não. Tá maluco?– digo– Acho que foi só minha cabeça iludida tendo um surto porque ela me beijou. Mas é claro que ela não sente o mesmo por mim...

— Sou a favor de você abrir o jogo de uma vez. Você tá nessa há anos. Talvez seja a hora do...vai ou racha.– meu amigo diz.

— Vai ou racha?

— É. Ou...você fica com ela, ou...esquece de vez o que sente e segue em frente. Porque...depois que vocês se beijaram você ficou desse jeito...acho que vai ser difícil vocês seguirem amigos sem conversar.– Júnior diz.

— Vou pensar nisso. Prometo. Tchau, amigo...– digo e desligo o telefone, refletindo sobre tudo que ele me disse. O celular vibra de novo e olho pro visor. Era meu empresário.

— Alô?– atendo.

— É verdade que você não está atendendo seu treinador, Antônio?— ele pergunta.

— Aconteceram algumas coisas por aqui, mas eu ia retornar ele. Você tem alguma ideia do assunto?

— Se não me engano, uma das suas lutas foi adiantada, então ele quer que você comece logo os treinos.

— Qual delas?

— A que seria na próxima quinta. Foi adiantada pra terça.

— Espera aí...isso quer dizer...

Safe Inside | DocShoeOnde histórias criam vida. Descubra agora