14.

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AMANDA

— Então, Amandinha, o que foi que fez olhos tão bonitos como os seus chorarem?– ele pergunta quando sentamos na cafeteria e fazemos o pedido.

— Eu...você acompanha as páginas de fofocas?– pergunto.

— Vagamente...vez ou outra aparece algo no meu feed, mas não conheço metade dos envolvidos.

— Nossa! Então você é uma pessoa rara. Mas bom...há alguns dias eu...comecei a me relacionar com um cara famoso...um lutador. O nosso relacionamento foi exposto nas páginas de fofoca e eu...me vi praticamente famosa da noite pro dia.

— Ah, meu Deus voce é a namorada daquele lutador...o Cara de Sapato?– ele diz.– Cara, eu sabia que te conhecia de algum lugar...

— E você ainda diz que não acompanha fofoca.

— Eu gosto de MMA...Mas isso ainda não explica porque você tava chorando?

— O compromisso que eu tinha ontem...era pra assistir a luta dele. Depois que ela acabou, o...Antônio e os amigos foram pra uma festa. E...lá ele beijou e pelo visto dormiu com outra mulher.

— Ah, caramba! Sério?– pergunta e assinto.

— Eu...realmente me perguntava quanto tempo ele ia demorar pra fazer isso, mas ja tava achando que não ia acontecer porque...ele parecia gostar tanto de mim, sabe?– pergunto fungando porque meu nariz estava cheio e lágrimas voltavam a sair dos meus olhos– E eu também gosto muito dele e é por isso que tá doendo tanto! Eu já fui traída outras vezes. Isso parece até uma sina. Mas eu achei que fosse dar certo pela primeira vez. Só que não deu.

— Você já tentou conversar com ele?

— Eu liguei pra ele! Quem atendeu foi...ela! Depois disso, eu não tive mais dúvidas de que era verdade. Ele...tá me ligando. Mas nao quero falar com ele. Não quero nem ouvir a voz dele porque vou começar a chorar mais ainda...– digo

— Olha, Amandinha, eu cheguei ao hospital quando você ainda tava de folga, mas eu ouvia todos falarem de você e do quanto era incrível com todos. Caramba, olha o que você faz todos os dias? Aguenta não sei quantos plantões andando de um lado pro outro naquele hospital imenso, é legal, engraçada e gentil...qualquer cara tem sorte de te ter e...se ele não percebeu isso, quem perdeu foi ele.– Ricardo diz sorrindo e sorrio também.

— Valeu, Ricardo. De verdade...

— E, não me leve a mal, eu nunca aconselharia alguém a perdoar uma traição mas...pelo que você me contou, vocês dois nem conversaram ainda. Nem tudo é o que parece, Amandinha. Tira um tempo pra pensar, respirar um pouco e conversa com ele, com calma. E se, mesmo assim, vocês decidirem não continuar com o relacionamento, acho que você tem bastante gente pra te apoiar. Eu sou uma dessas pessoas...– ele pega na minha mão e sorrio. Nosso café chega e paramos de falar sobre as minhas decepções amorosas, pra começar a falar das dele.

— Calma aí, voce tá me dizendo que a sua ex te trocou por um cara só porque ele tinha mais cabelo que você?– pergunto rindo.

— Sim! Porque foi isso que ela me disse. Que o topete dele era bonito e que eu não tinha e terminou comigo. Até hoje eu me pergunto se isso realmente aconteceu ou se foi so um surto da minha cabeça. Mas rio toda vez que lembro.

— Eu também riria.– comento, ainda rindo.

Ele me leva de carro pro hospital depois do nosso café e eu já estava me sentindo melhor. Passo o resto da tarde e da noite cuidando dos meus pacientes. Eu ia ficar até a tarde de quinta no plantão, então eu teria bastante tempo de pensar na minha conversa com Antônio, que eu sabia que tinha que ter.

Safe Inside | DocShoeOnde histórias criam vida. Descubra agora