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vídeo contexto de uma cena desse cap.Soraya Thronicke P.O.V
Mãos: substantivo feminino plural
Membros superiores do corpo humano que vai dos punhos até à extremidade dos dedos; o ser humano tem duas com cinco dedos cada uma. Definição chula, insuficiente e vazia. Conheço um par de mãos que consegue arrancar de mim com os dedos, qualquer coisa. Sem nem pedir duas vezes. Me ter nas digitais da forma que quiser, segurar-me com força e apertar minha devoção velada. Por mais que eu esconda, seus dedos sabem. Buscam, rastejam até o fundo do meu ser à procura da minha rendição.Boca: substantivo feminino singular
Nos vertebrados, cavidade situada na cabeça, delimitada externamente pelos lábios e internamente pela faringe. Sou assombrada pela voz que sai dela. Meus pesadelos tem o formato de coração que contornam os lábios que só ela tem. A casa de uma língua que profere tantas doçuras, na mesma intensidade em que me enlouquece com a sujeira dita no pé do meu ouvido. É a morada de um sorriso inigualável, cujos dentes modelam a alegria inebriante que me contagia, mesmo contra minha vontade.Coração: substantivo masculino singular
Órgão muscular oco dos vertebrados, na cavidade torácica, que recebe o sangue das veias e o impulsiona para dentro das artérias. Que mais posso dizer além de admitir que essa parte minha, sempre seria dela ?Mutilando o botão do elevador naquele dia, eu desisti e desci pelas escadas. Me agarrei ao corrimão, sem o mínimo equilíbrio. Maldito álcool. Mulher abominável!
Pior do que correr feito uma bala para fora daquele apartamento (que eu nunca deveria ter entrado), foi ter que encontrar com ela de novo no dia seguinte. Com a mesma cara lisa, de falsa inocência, ao me devolver o Gael. Mariany já estava em casa, não tive que ter muito contato com os olhos castanhos e travessos, ou as piadinhas infames. Mas, eu a vi. Era impossível não olhar pra ela.Tinham tantos sentimentos mesclados entre nós, que nem mesmo o melhor dos dicionários seria capaz de definir. A forma enigmática que ela tem em me respeitar, do mesmo jeito que derruba minhas estribeiras ao perceber que eu sinto vontade dela. O desejo que eu tenho em gritar no seu rosto o quanto ela me faz mal, e abraçar seu corpo para que ela nunca mais saia de perto de mim. São camadas demais, que não param de crescer.
Confesso que nos últimos tempos, escorreguei. Me permiti abaixar alguns muros, e só me deixou mais confusa. Depois de tudo que aconteceu, como podemos nos juntar novamente ?
É uma dúvida que eu mesma não sei responder há muito, muito tempo. Dessa forma, eu sigo.
Passo meus dias dentro dos lençóis do fantasma do que fui um dia, antes de destruir com minhas próprias mãos algo que era bom. Mais que bom, perfeito.Aquele dia, em que eu fugi, agora não era mais tão recente assim. Se tornou uma memória destacada no grande conjunto de dias que se passaram, depressa. Meu ato de ir embora, reitera o sentimento de rejeição na fina película da minha boa relação com a Simone. Por mais durona que seja, é uma mulher sensível. Que talvez tenha sentido a mesma dor que sentiu anos atrás, quando eu a deixei pela primeira vez.
Pude perceber as lacunas entre as nossas conversas inexistentes. As mensagens de texto que se resumiam aos horários e endereços do Gael. Nosso plano de nos juntarmos por um dia na semana pelo bem dele, não surtiu tanto efeito assim. Pela covardia minha em estar sozinha com ela, e também pela inflexibilidade das agendas dela de presidente, que se tornou mais apertada ainda com o fim do mandato, e muito em breve, apertaria mais ainda com uma possível reeleição vindo dela.
Era um plano distante, assim como nós uma da outra.
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Diga que me odeia [HIATUS]
FanfictionAh, o orgulho. Até onde o orgulho pode levar alguém? O que você faria para provar que tem razão? Quais limites destroçaria ? Quantos outros sentimentos teria que engolir para mascarar o que verdadeiramente sente ? Se não se perguntou nada disso ai...