Avisos: Abuso (familiar), angústia, manipulação e menção a ataques de pânico.
Esse capítulo é dedicado à:
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Espero que goste! 💕
- Não, eu não vou para esse evento!
____ não odiava muitas coisas, mas uma dessas definitivamente era os eventos da alta sociedade. Toda vez que algo do tipo acontecia, sempre tentava escapar, mas como filha de dois donos das maiores empresas de pedras preciosas do mundo, era uma missão quase impossível.
Seu pai se levantou de sua cadeira e aproximou-se, agarrando seu braço e levando-a para seu escritório, enquanto sua mãe continuava sentada na sala de jantar tomando o café da manhã.
Assim que fechou a porta do cômodo, ele foi até a escrivaninha, abriu uma gaveta e tirou dali um colar de ouro que continha uma medalhinha do mesmo material cravejada de jóias da sua cor favorita.
- Eu sou o seu pai e se estou dizendo que você vai, é porque irá! Esse evento será sediado por Gabriel Agreste e como nossa família será eternamente grata a ele, nós temos a obrigação de ir.- Enquanto ele falava, girava o pingente estava entre os seus dedos.
A garota queria contra-argumentar, dizer que seja lá o que tinha acontecido no passado não lhe dizia respeito, mas simplesmente não conseguia fazê-lo. O sentimento de impotência a sufocava e fez com que lágrimas brotassem em seus olhos.
- Tudo bem, eu farei o que me pediu e irei para o evento.
Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, ____ pôs-se a correr até chegar no seu quarto, jogando-se na cama enquanto chorava copiosamente, a angústia dominando-a
──────⊱ Break Time ⊰──────
As luzes ofuscantes e todo aquele barulho a deixavam atônita, sendo necessário que sua mãe segurasse sua mão e a conduzisse pelo tapete vermelho até chegar na entrada, onde o anfitrião, Gabriel Agreste, estava com seu filho, Adrien, e seu sobrinho, Félix Fathom.
Por seus pais serem muito próximos, ela e os dois primos se conheciam desde as fraldas, a presença deles sendo por muito tempo a única de pessoas com a mesma faixa etária da sua, já que toda a sua vida havia sido bem reclusa.
Adrien era simplesmente o seu melhor amigo e sabia que poderia contar com ele para tudo, mas Félix era diferente. Não de um jeito ruim, ou pelo menos não totalmente, mas a partir de um certo ponto ele se tornou tão fechado que era difícil compreende-lo.
E Gabriel Agreste... bem, ele nunca a tratara mal e nem nada do tipo, mas havia algo nele que a incomodava, que se intensificou ainda mais quando sua esposa, Emilie, desapareceu.
- Venham, vamos tirar uma foto!- O Agreste mais velho sugeriu, chamando um fotógrafo para fazê-lo.
- Eu acho melhor...- Antes que pudesse sugerir, seu pai pegou aquele colar mais uma vez, segurando a medalhinha enquanto ditava.
- Vamos sim, é um prazer para mim e minha família ter essa honra.
Mesmo que sua mente gritasse para não obedecer, ela se aproximou, se posicionou entre os dois garotos e colocou um sorriso no rosto.
Naquele momento, tudo fez sentido. Aquele colar, aquele maldito colar, toda vez que seu pai pegava-o e dava uma ordem, ela obedecia sem pestanejar, mesmo que fosse contra os seus ideias. Ele a controlava por meio do objeto.
Ter essa percepção a deixou em pânico, sentindo dificuldade para respirar, as mãos suarem e tremerem e a visão embaçar por conta das lágrimas.
Será que tudo o que viveu não passava de uma farsa, apenas um reflexo do que seu pai queria em uma filha? Ou esse artifício era usado apenas em certas situações? Sua mãe também era cúmplice? Esses e tantos outros questionamentos rondavam sua cabeça.
Assim que a sessão de fotos acabou, ____ rapidamente sai antes que mais alguma ordem lhe fosse dada, tropeçando nos próprios pés enquanto corria sem rumo.
Quando se deu conta, havia chegado no banheiro, que era excessivamente branco e imaculado. Sentindo a bile subir pela sua garganta, ele entrou em uma cabine e sem se importar com mais nada, ajoelhou-se na frente do vaso e pôs tudo para fora, vômito, angústia, lágrimas, mágoa, ranho, indignação e tantas outras coisas.
Sem ter mais o que expelir, deitou-se no chão frio e cobriu o rosto com os braços, lágrimas escorrendo sem parar e os soluços fazendo-a tremer.
Então esse era o motivo por trás de todo a angústia que sentia ao acatar uma ordem? A razão de sempre se sentir obrigada a ser uma filha perfeita desde sempre? Quantas outras coisas seus pais, se é que ainda conseguiria chama-los assim, estavam escondendo? E afinal, qual era o verdadeiro poder daquele colar?
- Eu sei que não é nada fácil lidar com essa descoberta e que também tem muitas perguntas, mas continuar deitada no chão sofrendo não vai resolver os seus problemas.
Ao ouvir aquela voz, soube imediatamente quem estava no recinto. Tirando os braços de seu rosto, viu Félix parado diante de si, seu traje todo preto contrastando com o ambiente, com a mão estendida.
Diferente do normal, ele não estava mortalmente sério e nem nada do tipo, parecia até que ele compreendia o que estava acontecendo.
- Do que você tá falando, Félix?!
- Nós dois sabemos muito bem do que estou falando.- ____ ficou encarando-o sem saber ao certo que dizer. Ele realmente sabia ou era apenas um blefe?- Eu sou assim como você, criado a partir de sentimentos e minha existência está contida nesse anel que um dia foi usado para me manipular, assim como ainda fazem com você, Adrien e Kyoko.
Definitivamente não se tratava de um blefe, ele definitivamente sabia de muitas coisas, coisas essas que poderiam fazê-la compreender a verdade. Por isso, mesmo sem confiar totalmente nele, sentou-se e aceitou a ajuda para se levantar.
Caminhou até a pia, vendo o estrago ué seu choro havia causado em sua maquiagem, deixando-a totalmente borrada. Sem saber ao certo o que fazer, pegou vários pedaços de papel-toalha, os encharcou e começou a passar por todo o seu rosto.
- Você pode me explicar toda a história por trás dos itens que nos controlam, por favor? Eu preciso saber a verdade, Félix.
- Você merece saber a verdade é eu estou aqui para isso, mas antes, precisa se recompor para o seu próprio bem.
Logo após dar descarga no vaso em que a garota havia vomitado, o loiro aproximou-se, ficando atrás dela, encarando-a retirar o que estava em seu rosto, jogando os papéis sujos com desleixo.
Ele pôs uma das mãos em suas costas, enquanto a outra pegava um dos lenços e a ajudou, aproveitando para enxugar as lágrimas que ainda teimavam em cair. O gesto a fez se arrepiar, mas preferiu ficar em silêncio, apenas permitindo que ele continuasse.
- Eu e você somos iguais, atormentados pelo fardo da perfeição, sendo que isso não nos pertence, mas sim àqueles que vêm nos usando como marionetes desde o nosso Gênesis, controlando as cordinhas.- O rosto dele estava bem próximo, permitindo-a sentir o hálito quente.
Inesperadamente, os lábios de Félix se chocaram contra a pele de ____, fazendo uma trilha de beijos até chegar no ombro, o que a fez ficar completamente arrepiada.
- Mas nós vamos dar um fim nesse tormento e finalmente todos não teremos aquilo que sempre desejamos: Liberdade.