Como Agarrar Um Duque

🌹 𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐐𝐮𝐚𝐭𝐨𝐫𝐳𝐞

"Eu não sabia que me apaixonaria tão forte
Meus pés deixaram o chão
A gravidade não faz sentido quando você está por perto"
BIBLICAL | CALUM SCOTT

Charlotte

Nenhum de nós dois comentou sobre nosso quase beijo.

Eu não sabia se ficava grata ou frustrada. Com certeza, grata. Não acho que conseguiria conversar sobre o que aconteceu sem corar ou querer me esconder debaixo da mesa. E também, eu não queria trazer de volta aquele gelo que era entre a gente quando nos conhecemos.

Não quero voltar a ser apenas a mulher que dorme ao lado dele todas as noites.

Eu quero mais.

Com Aaron eu sempre quero mais.

Quando entramos em casa, eu rapidamente comecei a tagarelar, morrendo de medo de ficar um clima estranho entre a gente. Aaron embarcou na minha na mesma hora, soltando um sorriso de alívio ao olhar para mim e prestar atenção às minhas palavras. Ele estava verdadeiramente aliviado e fiquei pensando depois que ele podia achar que eu fosse me afastar, mas é claro que não.

Ele me ouviu enquanto comia — decidimos jantar no quarto porque ele disse que estava cansado e não queria ter que se aprontar todo para descer novamente, eu aceitei óbvio — despreocupado em nosso quarto. Eu lhe contei tudo, sobre meu dia e principalmente, detalhei toda a conversa com sua avó e sua mãe. E ainda enfatizei a fala de sua avó de me defender com a bengala. Aaron gargalhou da minha imitação, sério, ele quase engasgou com a comida de tanto que riu.

Mas eu fiquei feliz, porque no fim da noite, éramos novamente Aaron e Charlotte. E não havia nenhum constrangimento indesejado. Eu amei isso.

Aaron me tranquilizou sobre o baile e todos os preparativos, me disse que podia contar com ele para tudo, mas que não sabia em quê poderia ajudar, independente disso, garantiu que tentaria. Achei melhor aceitar a oferta de sua avó de me ajudar do que arriscar aceitar a dele e no fim acabarmos todos lascados. Lógico que não disse isso a ele, apenas acenei e agradeci sua gentileza. Mas, no fim das contas, acho que estava fazendo tempestade em copo d'água. Eu podia fazer isso.

Pelo menos eu achava que podia.

Nos próximos três dias eu passei atarefada até o pescoço. Nunca imaginei que fosse tão complicado organizar um baile. Misericórdia. E com Violet no meu encalço a cada passo — não que eu esteja reclamando, não sei o que faria sem ela, mas mesmo assim — eu estava enlouquecendo. Sequer sabia da existência de tantas cores e bordados. Ou que os arranjos de mesas eram coisas tão complexas para uma ocasião social.

As rosas combinam com a toalha de mesa? Ou os girassóis ficam melhor? Ou devemos trocar a toalha de mesa de pêssego para ouro rosê? Os talheres prateados ou dourados? Música lenta ou animada? Traje formal ou casual elegante? Qual vai ser o tema? Realmente precisávamos de um tema? E por que diabos inventaram tantos esse ou aquele? E porque, misericordioso Deus, eu tinha que escolher tudo isso?

E era isso todos os dias. Sem cessar. Porque quando uma coisa não combinava com a outra — de acordo com a exigente Lady Violet — tínhamos que trocar tudo. Absolutamente tudo. Tinha que ser a tradição. Tinha que combinar. Tinha que ser elegante e romântico, mas sem ser escandaloso, afinal não era um cabaré.

— Ah, não? — sussurrei, provocando a velha viúva que fez uma careta e acertou a bengala na minha canela. Acho que nunca xinguei tanto na minha vida. Mentalmente, claro. Deus me livre se ela me ouvisse proferir um único xingamento. Eu nunca mais terminaria isso.

Aaron estava visivelmente com pena de mim. Ele dava uma voltinha pela mansão de meia em meia hora com alguma coisa para mim, comida ou bebida, ou simplesmente para me dar um intervalo de sua avó. E a cada vez que ele aparecia e abria aquele sorriso torto para mim, ele roubava um pedacinho do meu coração.