Capítulo 6

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Anastácia

Estava sentada em um banco em um canto da farmácia. Eu
balançava as pernas de um lado para outro como se fosse uma
criança. Estava angustiada e temerosa em relação àquele exame.
Estar grávida, principalmente de um desconhecido, não estava nos
meus planos para um futuro a curto prazo. Com vinte e sete anos,
eu ainda esperava pelo meu casamento dos sonhos na igreja, em
ter a minha própria casa e fazia planos melhores para uma carreira
futura.
— Torcendo para que seja só um alarme falso.
Balancei a cabeça, mas estava alheia demais para prestar
atenção e de fato processar o que a Duda estava falando.
Ao invés de simplesmente comprarmos um teste rápido,
preferi fazer um exame de sangue que a farmácia oferecia. Ficava
pronto em meia hora, mas foram os trinta minutos mais angustiantes
da minha vida.
Se não estivesse grávida, teria tomado um susto mais do que
suficiente para nunca mais sequer cogitar fazer sexo sem estar cem
por cento segura, além de não me arriscar com um desconhecido.
Contudo se eu estivesse...

— Anastácia Rose Stelle .
Levantei a cabeça e parei de esfregar uma mão na outra
quando ouvi o meu nome.
— Sim.
A mulher que havia colhido o meu sangue para fazer o
exame veio até mim e me entregou um envelope.
— Aqui está o seu resultado.
— Obrigada.
A sensação era horrível, como seu eu tivesse uma estaca
atravessada no pescoço. Se fosse um sonho, queria acordar logo,
mas nada aconteceu quando me dei um beliscão.
— Quer abrir aqui? — Duda colocou a mão no meu ombro e
fez com que eu olhasse para ela.
— Vamos lá para o carro.
Ela assentiu com um movimento de cabeça e se levantou,
caminhando em silêncio junto comigo para o veículo, que estava
parado na rua em frente a farmácia. Abri a porta do carona e me
joguei no banco, afundando no estofado.

Segurei o papel entre as minhas mãos até tomar coragem
para abrir o envelope. Minha prima acendeu a pequena luz que
ficava no meio do carro e ficou olhando para mim.
— Abre logo!
— Espera.
— O resultado não vai mudar se você não abrir.
Ela estava certa, mas não significava ter menos medo de
encarar o resultado.
Levantei a aba do envelope e puxei a folha de ofício lá de
dentro. Estava rezando por um negativo, mas as minhas preces não
foram atendidas.
Positivo...
— Você está grávida! — A voz da minha prima ecoou no
carro antes que eu tivesse oportunidade de verbalizar aquele fato.
— Estou.
— O que vai fazer agora? Caramba!
— Primeiro, absorver a notícia — balbuciei enquanto o meu
coração batia cada vez mais acelerado.

O aperto sufocante na minha garganta se tornou ainda mais
incômodo. Eu queria gritar, mas me faltava voz. A minha cabeça
começou a girar e a tombei contra o banco.
— Está tudo bem com você?
— O que acha?
— Eu não sei o que estaria pensando se estivesse na sua
situação. Sempre fui muito mais festeira do que você antes de me
casar, mas felizmente nunca passei por isso.
— Meus pais vão ter um troço quando descobrirem.
— Você pode falar que é do Alexandre.
— Que ele nem saiba desse bebê!
— Então vai contar para os seus pais que deu para um
motorista de aplicativo e ficou grávida dele?
— Duda, não piora a situação!
— Só estou falando a verdade.
— Ah, droga! — Tombei a cabeça para frente e comecei a
massagear as têmporas.

Ainda parecia inacreditável que eu tinha me metido naquela
situação. Nunca fui do tipo baladeira, não transava com caras
desconhecidos, nem me envolvia com alguém por uma única noite.
Era muito azar pensar que tinha engravidado logo no meu primeiro
deslize. Isso era para me mostrar que eu tinha sempre que manter a
minha cabeça em ordem.
— Tenho que me programar para ter um bebê. Nem sei se
tem espaço para um berço no meu quarto, e tenho certeza de que o
meu pai vai martelar todos os dedos tentando fazer um depois de
surtar muito comigo por causa da gravidez.
— É melhor você comprar um pronto numa loja.
— Eu sei, mas ele vai tentar.
— Acho que isso é o que você menos tem que se preocupar
agora.
— Pois é! — Bufei, soltando o ar com força dos pulmões.
— Vai contar para o cara?
— Quem?
— O pai do bebê, oras! Está pensando direito, Anastácia ?

Me debrucei sobre o porta-luvas do carro, segurando os
meus soluços.
— Manda uma mensagem pelo aplicativo. Oi, estou grávida.
— Se for a única alternativa...
— O cara vai sumir.
— É bem provável.
Fechei os olhos, me martirizando ainda mais pelo que havia
acontecido.
— Calma! — Ela afagou o meu ombro. — Eu vou ser uma
ótima madrinha.
— Obrigada, Duda. — Tentei sorrir, mas estava em completo
pânico.
— Vamos lá para casa.
Concordei com a cabeça. Não queria falar com os meus pais
naquele momento que eles seriam avós e o pai era um cara que eu
nunca havia apresentado para eles.

Continua...

Votem comentem  meus amores eu saberei se estão gostando da história.

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