Cristhian
A gente não é rico, mas vai dar um jeito...
Ela estava sentada diante de mim, na mesa de uma
lanchonete, e aquela frase ainda ecoava na minha cabeça. Anastácia
não fazia ideia de quem eu era de verdade e que a parte financeira
definitivamente não era um problema para mim. Eu havia crescido
com tudo que o dinheiro podia comprar, numa redoma dourada
proporcionada pela minha família, e que no passado me envolvi com
a Letícia, uma mulher que estava muito preocupada em manter
aquela mesma vida de luxo.
Deveria falar naquele momento que não era um simples
motorista de aplicativo como ela pensava, que não precisaríamos
contar moedas para comprar fraldas, mas eu não contei a verdade.
Errado ou não, decidi que poderia adiar um pouco essa
notícia. Sentia que ela era diferente da Letícia, e queria conhecer
essa versão da Anastácia sem que o meu dinheiro estivesse na
equação. Tínhamos meses até o bebê nascer e eu poderia construir
algo diferente com ela antes de revelar as minhas origens.
— Será que eu posso... — Puxei o meu celular do bolso,
querendo tirar uma foto do ultrassom para mostrar a minha mãe,mas mudei de ideia quando lembrei do valor do aparelho e o
empurrei de volta. Teria que comprar outro se quisesse manter
aquela história.
— Pode...?
— Anotar o meu número. — Estendi a mão.
— Por favor. — Ela sorriu e me entregou o seu celular.
— Me liga se precisar de qualquer coisa. — Devolvi o
aparelho para ela.
O telefone da Anastácia começou a tocar e ela atendeu.
— Alô... Mãe... Sim, eu estou bem. Quando vou voltar para
casa?... Daqui a pouco. Tchau. — Anastácia guardou o celular na bolsa
e se virou para mim. — Preciso ir.
— Agora?
— Sim.
— Eu vou levar você.
— Obrigada.Anastácia seguiu para a saída da lanchonete e eu fui atrás.
Depois da perda do meu pai, a ideia de que teria o meu próprio filho
ou filha me animou, mesmo que a novidade tenha me pegado
completamente de surpresa.
Queria me sentir um pouco melhor diante do luto e de certa
forma a notícia veio em um bom momento. Queria algo diferente do
que tivera com a Letícia e aquela parecia a oportunidade perfeita,
com a exceção do fato de que ela não sabia quem eu era de
verdade...
— Cristhian ? — Anastácia me chamou e eu saí dos meus
pensamentos. Dei a volta no carro e fui para o banco do motorista.
Pedi desculpas pela ausência momentânea e a enchi de
perguntas sobre a gravidez enquanto dirigia até a casa dela. Não
demorou para que eu parasse na entrada.
— Obrigada. — Anastácia começou a mexer na bolsa. — Eu
preciso pagar pela corrida.
— Ei! Não! — Segurei a mão dela e fiz com que olhasse para
mim.
— É o seu trabalho.
— Com você, não é trabalho.Ela ficou sem jeito, desviando o rosto quando as bochechas
coraram, mas eu continuei a encarando até que a Anastácia voltou a
olhar para mim. Ela tinha cabelo liso e escuro, olhos castanhos
reluzentes e era tão linda que facilmente me encantava. Poderia ter
sido uma atitude completamente impulsiva ter transado com ela pela
primeira vez, mas não era nenhum sacrifício estar com alguém tão
atraente.
A possibilidade de viver uma vida diferente da que levava
com ela estava se mostrando cada vez mais irresistível. Subi com a
mão que segurava a sua para o seu rosto e suas pupilas se
dilataram, deixando o castanho ainda mais escuro.
Fazia um bom tempo que eu não me envolvia com alguém.
Decepcionado com a minha relação com a Letícia, não imaginava
que pudesse encontrar uma mulher que me visse além do que eu
poderia oferecer para ela financeiramente, e queria experimentar
isso com a Anastácia .
Deslizei a mão até a sua nuca e puxei o seu rosto para mim.
— Cris...
Interrompi o meu nome quando uni os nossos lábios. A boca
dela era macia e tinha um gosto bom que me atraía ainda mais.
Pressionei a minha língua, buscando passagem, e a mergulhei emsua boca. Com a mão livre, subi pela sua coxa, até segurar o seu
quadril, e a puxei para mais perto, o máximo que consegui com o
freio de mão e a estrutura do carro entre nós.
Ela tombou a cabeça, cedendo ao beijo, que foi se tornando
mais voraz, até que ela colocou uma mão no meu ombro e me
empurrou para trás.
— Cristhian ... — sussurrou o meu nome enquanto ofegava.
— Oi.
— Não deveria ter feito isso.
— Temos um filho a caminho e...
— Não significa que precisamos ficar juntos. — Virou o rosto,
colocando uma mexa atrás da orelha enquanto se recompunha.
— Não, mas eu quero conhecer você melhor. É bonita,
gentil... O que acha de sairmos amanhã?
— Amanhã?
— Sim. Que horas eu posso passar para pegar você?
— Ah... eu...— Está tudo bem, Anastácia . — Segurei a mão dela fazendo com
que voltasse a olhar para mim. — Se você não quiser, eu vou
entender.
— Não é isso. — Ela balançou a cabeça em negativa.
— Então o que é?
— É o nosso terceiro encontro e eu já estou grávida.
— Certamente não é a ordem natural das coisas, mas não é
algo que nos impeça de ter um quarto encontro.
— Tem razão. — Ela sorriu enquanto eu afagava o seu rosto.
— Me manda uma mensagem para combinarmos?
Fez que sim, antes de abrir a porta e sair do carro.
— Até amanhã.
— Até. — Toquei no câmbio manual e dei partida no carro.
Estava encantado pela aquela ideia de ter uma vida diferente
com ela. Talvez estivesse agindo mais por impulso do que por
racionalidade. Entretanto uma parte de mim me dizia que era a
única forma de construir algo verdadeiramente real, por mais que euestivesse me escondendo por trás de uma imagem e interpretando
um papel que não era eu de fato.Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
O MISTERIOSO PAI DO MEU BEBÊ
FanfictionADAPTAÇÃO 50 TONS Rico desde que nasci, cresci numa redoma, distante das pessoas comuns e convivendo apenas com outros como eu. Herdeiro, prestes a assumir um império, era tratado como tal. Entretanto havia algo em mim que me impulsionava a querer ...