CAPÍTULO 13

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Cristhian

— Anastácia! — gritei por ela, mas ela simplesmente entrou no
carro e foi embora.
Não havíamos voltado a nos ver depois daquela noite, mas
ter cruzado com ela no hospital em um dos dias mais difíceis da
minha vida deveria significar alguma coisa.
— Me solta. — Tirei as mãos da Letícia de cima de mim e a
afastei. — O que está fazendo aqui?
— Sua mãe me contou o que aconteceu e vim o mais rápido
possível.
Bufei. Mais uma vez, minha mãe fazia isso! Ela não tinha que
ter falado nada para Letícia, mas já era tarde demais e eu não
queria me estressar.
— Seu pai era uma pessoa tão boa!
— Sim.
Desde o momento em que o meu pai havia desmaiado na
noite anterior e eu havia o trazido para o hospital que não pregava
os olhos por um minuto sequer. Esperava notícias promissoras da

equipe, mas já era início da manhã quando eles apareceram na sala
de espera, onde eu e a minha mãe estávamos, e deram a terrível
notícia de que o meu pai não havia resistido.
Em busca de um pouco de ar, viera para a entrada do
hospital. Não sabia por quanto tempo estava ali quando a Anastácia
apareceu. Fora pura coincidência ou alguma obra do destino.
— Quem era aquela mulher? — Letícia questionou, me
lembrando de que ainda estava perto de mim.
— Alguém que eu não estava esperando rever... — Balbuciei
em tom pensativo, me recordando em flashes imagens do que havia
acontecido com a Anastácia .
— Ah, que bom!
— Letícia, por que não vai até a minha mãe e vê o que ela
está precisando?
— Não sei onde ela está.
— Procura.
— Mas quero ficar com você.
— Eu preciso ficar sozinho agora.

— Mas... — Torceu os lábios em uma expressão chorosa.
— Só me deixa sozinho, por favor.
— Okay! — Ela estufou o peito, parecendo irritada com a
forma que eu a estava tratando, mas naquele momento ela era
definitivamente a última pessoa que eu queria por perto.
Dei uns passos para longe e me aproximei de uma árvore.
Olhei para trás e vi que Letícia ainda estava no mesmo lugar,
me encarando, até que finalmente decidiu respeitar a minha vontade
e entrou no hospital.
Estava arrasado, mas de certa forma fiquei feliz em rever a
Anastácia. Ela fazia parte de uma vida diferente, talvez até menos
dolorosa. Entretanto mais uma vez ela havia ido embora, e eu não
tinha nada dela. Bom, na verdade sabia o local onde ela morava,
considerando que o endereço onde eu a havia deixado daquela vez
realmente fosse a sua casa.
— Cristhian ?
Virei ao ouvir o chamado e me deparei com o João.
— Oi.

— Eu sinto muito. — Ele abaixou a cabeça, mas notei que
tinha peso no olhar.
— Achei que teríamos mais tempo.
— Sempre pensamos isso.
— Ele era jovem...
— Acho que o câncer não se preocupa muito com isso.
Ele me abraçou, dando tapinhas nas minhas costas, e eu
deixei que o pranto fluísse. Estava arrasado e por um momento não
me preocupei com outra coisa que não fosse a dor que eu estava
sentindo.

Continua....

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