Anastácia
Anastácia ? — Questionou o meu chefe quando bati na porta
do seu escritório.
— Seu Daniel? — Abri a porta e coloquei a cabeça
modestamente para dentro, ainda um tanto envergonhada, tensa e
aflita por estar ali. — O senhor mandou me chamar?
— Sim! Por favor, entre.
— Obrigada. — Abri melhor a porta para passar e a fechei
atrás de mim. Por reflexo, cruzei os braços atrás do corpo e esperei
pelo que ele teria a falar.
Muitos fatos aconteciam no supermercado e como gerente
eles eram responsabilidade minha. Poderia ser qualquer coisa, e o
fato de estar no escuro e possivelmente esperando uma bronca me
deixava bastante tensa.
— Venha aqui mais perto. — O meu chefe fez um gesto para
que eu me aproximasse. Depois ele tirou uma caixa de uma das
gavetas da escrivaninha e a entregou para mim.
— O que é isso? — Levantei uma sobrancelha.— Um presente.
— Ah, obrigada. — Minha tensão se transformou em um
sorriso sem graça.
— Pode abrir.
Assenti, desfazendo o laço e puxando a tampa. Para poder
ver melhor o presente, coloquei a caixa sobre a beirada da mesa
dele, e tirei de dentro um macacãozinho de recém-nascido. Depois
de examinar a delicadeza da roupinha, levantei a cabeça e sorri
para o meu chefe.
— Muito obrigada, seu Daniel. É uma gracinha.
— Fico contente que você tenha gostado. Quero que saiba
que é uma boa funcionária e que eu tenho um carinho muito grande
por você. Desejo o melhor na sua gravidez e deixo aqui o meu apoio
se precisar de alguma coisa.
— Muito obrigada! — Estendi os braços e fui abraçá-lo, sem
esperar pela sua autorização.
Ele ficou parado por alguns segundos, mas acabou abrindo
um sorriso ainda mais largo e retribuindo o meu abraço. Ficamos
assim até que eu me afastei.— Mais uma vez, obrigada.
— Não por isso. — Moveu a cabeça.
Peguei o presente, sorri para ele mais uma vez e deixei a sua
sala.
Guardei o presente nas minhas coisas e voltei a me dedicar
as tarefas do supermercado. Eu estava com uma blusa larga que
disfarçava a minha barriga, mas sabia que com o tempo iria ser
cada vez mais difícil de esconder. Estava contente porque o meu
chefe e os outros funcionários do supermercado estavam se
dedicando a apoiar a mim e ao meu bebê.
Depois do fim do expediente, despedi-me de maneira geral
do pessoal segui para a saída.
Estava ajeitando a bolsa no ombro e caminhando em direção
a rua onde moro quando ouvi um chamado.
— Anastácia!
Meu coração acelerou e eu senti a garganta seca ao
reconhecer a voz. Balancei a cabeça, tentando ignorar o chamado.
Poderia ser fruto da minha imaginação, e se eu ignorasse, iria embora.— Anastácia ! — A voz estava mais próxima.
Olhei para trás e o vi diante de mim. Diferente das roupas
comuns e populares com as quais estava acostumada a vê-lo,
Cristhian estava usando um terno bem cortado e alinhado, que
deveria custar pelo menos o meu salário do mês.
— Então esse é você de verdade?
— Você me conheceu de verdade.
Ri em tom de deboche. Não acreditava que depois de tudo
ele ainda tinha coragem de me dizer aquilo.
— Ah, tá! — resmunguei. — Agora, por favor, dá licença
porque eu preciso ir para casa. — Toquei o ombro dele, tentando
empurrá-lo para o lado, entretanto ele segurou o meu pulso e me fez
voltar a encará-lo. Nossos olhos se cruzaram com tamanha firmeza
que um calafrio partiu da base da minha espinha e varreu o meu
corpo por completo.
— Me solta.
— Precisamos conversar.
— Achava que eu já havia me feito ser bastante clara, mas
você é muito insistente. Qual a parte do fica longe de mim vocêainda não entendeu?
— Sei que errei mentindo para você.
— Isso já é um bom passo.
— Então. — Um sorriso começou a surgir em seus lábios,
mas eu fiz questão de apagá-lo.
— Mas não é o bastante.
— Anastácia ...
— Não insiste comigo. Provavelmente a Letícia, ou qualquer
outra mulher do seu nível, deve estar esperando você.
— Eu e a Letícia não temos mais nada há muito tempo.
— Não precisa se preocupar em me dar satisfações. —
Cruzei os braços e desviei o olhar.
— Escuta. — Tentou tocar o meu braço, mas eu recuei.
Vi que um dos caixas do supermercado estava olhando para
nós e tentei me esquivar do Cristhian mais uma vez. Por mais que o
seu Daniel estivesse sendo bastante compreensivo e gentil comigo,
eu não precisava trazer um escândalo para a porta do seu
estabelecimento.
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O MISTERIOSO PAI DO MEU BEBÊ
Fiksi PenggemarADAPTAÇÃO 50 TONS Rico desde que nasci, cresci numa redoma, distante das pessoas comuns e convivendo apenas com outros como eu. Herdeiro, prestes a assumir um império, era tratado como tal. Entretanto havia algo em mim que me impulsionava a querer ...