12 - minefields

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Seria possível acordar de um pesadelo que acontece diante de seus olhos abertos?

Grace mantinha seus olhos fixos no feliz casal à sua frente enquanto a mãe lhe abraçava fortemente, claramente aliviada por ter a filha de volta em casa. Nick, que se desvencilhava do dele, repousava olhadas discretas em resposta aos dela.

Na cabeça deles, estavam escondendo relativamente bem suas reais intenções, mas estavam errados, pois Sam percebera que havia algo pairando no ar. Naquele momento, o pai do rapaz não disse nada indiscreto, preferindo aguardar o momento certo.

Como ainda era muito cedo, Megan e Cassie estavam extremamente animadas e, por isso, já se adiantaram em servir o café para os recém-chegados, que àquela altura estavam à mesa, conversando amenidades sem importância, como se horas antes não estavam dormindo juntos, abraçados. Enquanto estavam sozinhos, Nick pensou em quebrar o silêncio sobre a situação embaraçosa, mas Grace se portava evasiva e impunha certa distância.

O mesmo acontecera no tradicional almoço natalino. Com a alta quantidade de pessoas na casa, a jovem Russell considerava ainda mais fácil se esquivar pelos corredores e ser pouco vista. Quando já havia feito aparições suficientes, subiu ao seu quarto e entrou em um sono profundo.

Naquela noite, Nick finalmente conseguiu corresponder às ansiantes expectativas de Megan na cama. Apesar de querer entender a mudança quase súbita do namorado, o êxtase que emanava de seu corpo após o orgasmo ajudou a dissipar qualquer pensamento que a afastasse da boa sensação.

Poucas horas depois, no auge da madrugada, Nick sentiu que o sono lhe abandonara. Apesar de o corpo ainda estar relaxado depois da transa com Megan, sua mente fervilhava. Na tentativa de organizar as ideias, levantou-se com cuidado e se dirigiu rapidamente ao chuveiro.

-

Noite anterior.

- Acho que agora posso contar.

- Contar o quê?

Grace e Nick estavam exaustos e contentes. Depois de fazerem amor, ficaram calados por alguns instantes, olhando nos olhos um do outro e soltando risinhos frouxos, enquanto analisavam o que aconteceu.

Em alguns momentos, ela se sentiu intimidada pela forte presença que o rapaz emanava sobre ela. Já ele respirava calmo e profundamente, olhando para cima enquanto a abraçava protetoramente.

- Bem... - iniciou ela, relutantemente - contar do porquê te beijei daquele jeito.

Nick não pode esconder o sorriso de satisfação. Pensou em desvencilhar-se dela por um momento, para olhá-la nos olhos, mas descartou a ideia para não desencorajá-la. Grace entendeu o recado.

- Eu tive um sonho ontem à noite, que me afetou muito.

- Sonho ou presságio?

- Como assim? - ela indaga, confusa.

- Acho que você às vezes esquece o que herdou da sua mãe, né? - ele sorri, sem malícia.

Grace suspira, lembrando que Nick foi uma das únicas pessoas que sempre a aceitou por ser quem era, nunca querendo tirar qualquer vantagem ou insinuar desprezo pelo fato de ela ter herdado alguns dos dons de bruxa da família materna.

De tanto querer ser normal quando saiu de Middelton, a jovem deixou que suas intuições aguçadas adormecessem.

Com os ombros relaxados, ela se limita a dizer antes de continuar:

- Espero que seja apenas um sonho, porque nele, eu te perdia para sempre.

Ele suspirou.

- Por mais que eu ou você queiramos, você nunca vai me perder. Eu sempre farei parte da sua vida.

You broke me firstOnde histórias criam vida. Descubra agora