His Angel

23

Voltar a Nova York depois daquela viagem parecia um choque de realidade. O brilho das festas e das paisagens ensolaradas foi rapidamente substituído pelo som constante das buzinas e pelo movimento interminável das ruas. A cidade nunca dormia, e agora, eu também não podia mais me permitir desligar.

Era uma manhã fresca quando voltei à escola, com a brisa suave balançando meus cabelos ruivos. As aulas recomeçaram, e todos pareciam diferentes depois do final de semana. Havia uma energia no ar, como se todos tivessem suas próprias histórias para contar. 

Porém, minha história era diferente das outras. Eu não estava apenas voltando de uma viagem. Eu estava voltando a uma nova realidade, uma em que Damon Knight não era mais apenas o meu amigo de infância, mas algo mais.

Eu só não sabia o que.

Enquanto caminhava pelo corredor da escola, sentia olhares sobre mim. Sabia que as pessoas cochichavam, os rumores inevitáveis sobre o que havia acontecido entre mim e Damon durante a viagem. Mas eu me acostumei com isso. Fazia parte da nossa rotina desde sempre.

Vestida com um uniforme impecável, uma saia preta, camisa branca e um casaco azul marinho ajustado à minha cintura, eu caminhei com confiança até o meu armário. Tudo parecia no lugar, até que senti aquela presença familiar ao meu lado.

-Bom dia, Angel. - A voz grave de Damon soou suavemente ao meu ouvido, fazendo meu estômago revirar como sempre.

Olhei para ele, e o contraste entre seu uniforme perfeitamente alinhado e o caos que ele causava em mim era quase cômico. Damon estava sempre impecável, o blazer preto justo, a gravata perfeitamente amarrada e o cabelo negro caindo sobre os olhos azuis intensos. E então, com aquela calma característica, ele estendeu a mão, ajustando um fio de cabelo que escapara para meu rosto. Seu toque era frio, mas, ao mesmo tempo, ardia como fogo.

-Pronta para mais um dia?- Ele perguntou, seus olhos cravados nos meus, como se fosse impossível escapar.

Antes que eu pudesse responder, ele pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos. Aquilo me pegou de surpresa. Damon nunca foi o tipo de cara que gostava de demonstrações públicas de afeto. Ele era sempre reservado, controlador. Mas hoje, parecia determinado a me marcar.

-O que você está fazendo? - Perguntei, com um sorriso sutil nos lábios, tentando esconder o nervosismo que se agitava em meu peito.

-Estou sendo seu. - Ele respondeu simplesmente, como se fosse a coisa mais natural do mundo. 

O corredor ao nosso redor parecia parar. As conversas sussurradas tornaram-se mais altas. Olhares curiosos foram lançados em nossa direção. Mas Damon não se importava. Ele caminhava ao meu lado como se fosse dono da escola, sem hesitar, sem dúvida. E eu... Eu estava lá, permitindo que ele assumisse o controle, porque, no fundo, era isso que eu queria.

Ao longo do dia, Damon esteve ao meu lado em todas as aulas, como uma sombra possessiva. Nos intervalos, ele ficava perto o suficiente para que todos soubessem que algo estava rolando, mas distante o bastante para não sufocar. Havia algo quase estratégico em seus movimentos, ele sabia quando aparecer, quando se afastar e quando avançar.