O Berço da Mãe!

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Após se despedir do porteiro do apartamento onde mora, Calan desceu os poucos degraus da escadaria até a calçada, deparando-se com um veículo preto que permanecia com o motor ainda ligado. Em pé, do lado da porta do passageiro, havia um homem de terno escuro com um fone no ouvido, o qual cumprimentou Will com um aceno de cabeça ao abrir a porta de trás para ele entrar.

O beta entrou no automóvel, não conseguindo conter a emoção de estar passando por tal situação; quem o visse, acharia que ele era alguém importante, embora estivesse roendo a unha do dedão como se não houvesse amanhã, devido ao nervosismo. Na breve conversa, Calan soube que o homem era um alfa — exalando um agradável cheiro de cedro fresco que era um aroma perfeito para qualquer um pela manhã — e que, assim como combinado com Bryan na noite anterior, estava responsável por levá-lo à mansão, tal como acatar suas ordens se precisassem passar em outros lugares primeiro.

Sentado no banco de couro há algum tempo, Will fez perguntas simples ao motorista que se limitava a “sim” e “não” ou nenhuma resposta. O homem podia ser sério, mas diferente dos outros que Calan viu na casa do alfa, aquele não tinha uma aura ameaçadora; Grigory realmente havia dito que "escolheria" alguém para buscá-lo, portanto, talvez tivesse selecionado o menos assustador. 

Entendendo que, por mais receptivo que o alfa ao volante fosse, não conseguiria descobrir muita coisa, Will se encostou no vidro da janela e começou a pensar no tumulto do dia anterior. A primeira lembrança que teve foi a imagem do braço de Jiwon com o curativo, e em como o amigo estava dando o melhor de si para fingir que estava mesmo tudo bem; conhecia o ômega o suficiente para saber que aquilo havia o deixado assustado a ponto de impedi-lo de dormir com facilidade por algum tempo. Depois, recordou-se da correria, da confusão de pessoas gritando e de como Fiori conseguiu ficar mais branco que o normal, contudo, o que realmente havia o deixado alerta naquele momento foi o seu cheiro. Sentir aquilo, que podia identificar como o aroma doce de Jiwon, já era normal para si, uma vez que passavam a maior parte do tempo junto, porém, ele, um beta, pôde notar uma peculiar mudança no odor, conseguiu entender que, assim como a mudança quase imperceptível da fragrância, algo a mais estava para mudar.

Se pegar pensando em Roger foi meio impossível para Calan evitar; quem não iria querer um alfa daqueles perdido em sua mente? O beta lembrou dos olhos verdes e sérios — supostamente tranquilos — exibindo uma calma inigualável, como se aquela situação  fosse normal. Ele lembrou também do que Jiwon falou, sobre Roger ter sido o homem que voltou para ver como ele estava, quando se feriu durante o tiroteio no ponto de ônibus. Entretanto, aparentemente, Tam — como ouviu no quarto enquanto Fiori era examinado — estava no encalço de meliantes que atacaram Bryan, vendo-se obrigado a voltar para verificar o ômega, sob as ordens do próprio Bryan, quando ele, supostamente, notou alguém ferido. Mas, Will não conseguiu ficar tranquilo com aquelas explicações, não quando acreditava que ainda estavam escondendo coisas importantes.

E se Roger estiver fazendo coisas pelas costas de Bryan? 

Há mais por trás daquele tal atentado? E se sim, quem é Bryan Grigory e o que faz da vida para ter gente perseguindo-o para matá-lo? Aí, amigo, onde você foi amarrar seu burro?

Como acordado — e após Calan confirmar o endereço —, o alfa o levou até o apartamento de Jiwon, onde pegaria algumas coisas do amigo; diferente do que havia considerado, o beta se viu sendo acompanhado pelo segurança até a residência do amigo, onde o homem ficou em pé na porta, do lado de fora, aguardando-o pegar o que precisava. Para sorte do rapaz, seu acompanhante era velho demais para seu gosto, pois já estava desconcertado por ter alguém à sua disposição, mesmo ciente de que era tudo por causa de Fiori. 

Calan não pegou muita coisa, limitando-se apenas ao básico e ao que sabia que o ômega iria querer, não esquecendo-se, é claro, dos supressores na caixinha de remédios dentro da segunda gaveta da cômoda, na parede paralela a cama.

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