Sensações perturbadoras sobre sentimentos inexistentes...

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      — Até que enfim! Não seria possível que tivessem se perdido aqui com esse mala junto! — De braços cruzados ao lado de Blanco, Tam olhava para o lado oposto, onde Grigory se encontrava, em frente à porta de um quarto.

     — Fiquei preocupado, querida. Não sabia se ligava para você ou se pedia para os rapazes — referiu-se aos seguranças espalhados à paisana no prédio — procurarem vocês. — Com o carinho de sempre, Ivan recepcionou a esposa que parou encostando em seu tórax, recebendo um afago na cabeça.

    Novamente, o beta não deixou aquele comentário passar despercebido.

     — Tudo bem, apenas nos prolongamos em uma conversa — explicou ela com um sorriso claro.

     — Vejo que os dois foram inteligentes... — O comentário de Lian começou sendo mais como uma indireta para o alfa dos olhos verdes — e ele sabia disso —, porém, apenas se limitou a revirar os olhos e aguardar. Havia uma distância de cerca de 2m entre a porta do quarto onde Fiori repousava, com Bryan diante dela, e o resto deles. Ivan e Roger provavelmente lembraram que não podia chegar mais perto, portanto, agiram como o médico piadista disse e aguardaram. — Senhor Grigory, pode entrar primeiro, Will entrará em seguida... — Um sorriso adornava aquela mandíbula perfeita, ainda assim, até Reilly torcia para que aquele passo ocorresse bem. No pior dos cenários, Bryan se manteria irredutível — por permanecer fora do juízo perfeito — quanto a presença do único familiar do ômega e aquele que poderia vir a ser a ponte para o bom relacionamentos de todos, afinal, um dia, quando Fiori soubesse de toda a verdade, talvez, saber por Calan — que observou a tudo — que o alfa, seu alfa, foi o mais cortês e protetor possível — apesar de não 100% intencional —, poderia valer de alguma coisa em sua decisão sobre permitir a união; e eles precisavam ficar juntos quando tudo aquilo passasse, uma vez que estava fora de questão que dois indivíduos que possuem uma alma, vivam separados.

      — Oh, céus... — A destra de Blanco apanhou os fios sobre sua testa e em sua face uma expressão derrotada mesclava-se com temor.

    — O que foi agora? — indagou Tam.

     — Acabei de pensar em algo: como vai ser quando tivermos que cruzar parte da cidade para levar o garoto para a casa do Bryan.

     A ficha parecia ter caído para todos, os quais olharam-se como se tivessem dado de cara com o maior obstáculo de suas vidas.

     Grigory ouviu os dois, mas continuou sua ação de baixar a maçaneta da porta:

     — Naty — a chamou. — Você vai entrar com o beta...

     O corpo da mulher estremeceu e ela engoliu em seco, porém, toda a tensão da ansiedade gerada pela responsabilidade que recebera, desapareceu quando o toque dos dedos do marido resvalou em sua mão. Também havia um lado dela que se sentia mais tranquila, porque se Bryan estava a chamando com aquela voz pidonha que só uma ômega perceptível como ela podia notar, então ele realmente estava conscientemente pedindo "ajuda" — sim, mesmo ele, um dominante temível, frio e calculista, sabia quando procurar alguém de confiança, e deveria sim, estar ciente ao ponto de chamá-la sorrateiramente —, fosse para ajudar naquele momento, quanto para os próximos dias.

      Bryan estava fazendo um notório esforço para controlar seus instintos, eles podiam ver. Deixar Will entrar, sendo beta ou da família de Jiwon, não tinha muita relevância aos olhos de um alfa zelando pela bem estar de seu ômega; também havia Naty, que não era só outra ômega que não apresentaria nenhuma ameaça a ele como parceiro, a mulher era confiável e ele tinha certeza que ela não hesitaria em colocá-lo nos trilhos se chegassem ao ponto de precisar disso; seria uma grande salvaguarda para qualquer momento de descontrole que Grigory poderia ter.

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