❝Eu encontrei quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pra eu merecer
Antes um mês e eu já não sei
E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão, sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assi...
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O percurso Fortal/Rio é sempre muito cansativo, e fica ainda pior quando tem uma criança berrando e chutando o meu assento atrás de mim. A menina fez birra durante as 3 horas de voo e pelo visto a mãe não sabia acalmar a própria filha de jeito nenhum. Tô morta e até meus ouvidos doem.
— Passa e nem fala com os pobres — Ouvi uma voz masculina falar ao passar por mim e parei pra olhar.
— Pobre? — Dei risada — Pensei que não te permitiam vagar pelo desembarque do aeroporto.
— Milagres acontecem. O ônibus do time quebrou no caminho, estamos esperando outro.
— Que fase que tá o Flamengo — Tirei os óculos que estava no rosto para enxergá-lo melhor.
— Tenho uma pergunta — Colocou as mãos na cintura me encarando a uns 3 passos de mim.
— Lá vem — Cruzei meus braços esperando. Já sabem com quem eu trombei aqui né? Ele mesmo mais uma vez, Gabigol.
— Onde tá seu carro?
— Deixei guardado no estacionamento, por quê?
— Já que você mora na Barra rola carona? Tô sem saco pra esperar — Balancei a cabeça fazendo que sim — Vou pegar a mala, me espera aqui, não foge.
— Seja rápido.
Fiquei observando ele correr até o canto onde todos os jogadores estão sentados super pra baixo esperando o busão chegar. O motivo desse clima de enterro é porque eles perderam pro menor de Minas.
Aliás, esqueci de falar aqui, eu sou flamenguista.
Não aquelas malucas pelo time que toda semana vai no Maracanã, que sabe a escalação de todos os jogos, coisa e tal. Boa parte da minha família materna é flamenguista, meus amigos e meu ex também, então isso me influenciou muito em simpatizar com o Mengo.
Inclusive ontem antes de eu sair de casa o Matheus estava bem bravo assistindo o jogo e até teve forças pra soltar uns xingamentos.
— Beleza, coloca isso — Entreguei meu boné preto e ele ajustou no monte de cabelo que tem na cabeça — E tira esse casaco chamativo, tô zero afim de ouvir barulho no meu pé de ouvido e ser vista com você.
— Dia ruim gata? Tá afiada hoje — Disse me obedecendo e tirando o casaco do Flamengo.
— Viagem ruim, descobri que odeio crianças — Respirei fundo ouvindo ecoar na minha cabeça o choro da menininha linda do assento de trás, me traumatizou — Vai olhando pra baixo.
Fui arrastando minha mala caminhando na frente, já ele veio atrás de mim. Passamos pelo portão de desembarque e lá estavam eles, repórteres, que maravilha!
