❝Eu encontrei quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pra eu merecer
Antes um mês e eu já não sei
E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão, sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assi...
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— Ei, o que está fazendo? — Perguntei, ao ver o Gabriel descer do carro junto com a Dhio e o Fábio.
Me mantive sentada o encarando até ele lançar aquele olhar de sempre, esse mesmo, o debochado.
— Ué 30tinha, não vai descer?
30tinha. Faz tanto tempo que ele não me chama assim.
— Eu pensei que você ia me deixar em casa.
Lógico que eu vi que entramos no condomínio dele, mas pensei que iria deixar o Fábio e a Dhio e depois ele iria me levar de volta, já que o condomínio que moro é o último da avenida.
— Depois eu te levo — Deu uns passinhos até a porta de trás esticando a mão, prendendo a minha na dele e me tirando de dentro do carro — Pode entrar na minha casa Sofi, eu não mordo.
— Não confio — Falei, caminhando ao lado dele casa adentro.
— Sofi, quanto tempo! — A Rose fala comigo do outro lado da sala com um sorrisão no rosto.
— Apareci mais uma vez — Falei, retribuindo o sorriso mesmo sem tanta energia pra isso.
— E com um boneco na barriga, né? — Ela diz.
— Dá pra acreditar? — Parei no meio da sala vendo ela caminhar até mim.
— Seu Gabriel apronta cada coisa... — Se colocou à minha frente fazendo o gesto de quem queria tocar na minha mini barriguinha e eu permiti — Meu Deus, tô até emocionada! — Deu uma risada nervosa alisando a minha barriga.
— Só não chora, tia Rose — Dhiovanna falou, subindo as escadas com o Fábio.
— Não vou. Você tá linda grávida, e vai ficar mais ainda — Ela diz, dando alguns passinhos para trás.
— Já tá até com cara de mãe — Gabriel falou também subindo as escadas, e quando notei apressei os passos indo atrás dele. Não quero ficar sozinha nessa casa sem o dono dela.
— Como assim eu tô com cara de mãe? — Quando entramos em seu quarto imitei a forma que ele falou agora há pouco — Porra, cara de mãe é foda — Resmunguei, andando pelo quarto e ele deu risada.
— Relaxa 30tinha, isso é bom, você tá surreal de linda.
— Hum — Abracei meus próprios braços tentando me esquentar. Aqui dentro tá bem frio, o ar condicionado já estava ligado no 16 quando entrei.
Tô dando pequenos passos pelo quarto, incomodada com o silêncio dele, é claro.
No último mês eu não fiz nada além de me dedicar ao comecinho da gravidez que é a parte mais delicada da gestação, então como dizem, mente vazia é oficina do diabo. Ando pensando em cada besteira que comecei a ter dó de mim mesma.
Esse silêncio dele só me despertou vários pensamentos malucos. E ok, tá mais do que claro que eu continuo em negação e sem acreditar que estou grávida do cara que está tirando as meias dos pés nesse exato momento.
