❝Eu encontrei quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pra eu merecer
Antes um mês e eu já não sei
E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão, sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assi...
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📍São Paulo, Brasil. 🗓️22 de novembro de 2022
Estamos a pouco mais de cinco minutos em completo silêncio. Eu continuo brava por não ter falado comigo a porra do dia inteiro e ele aparenta estar bem tranquilo curtindo a música calma que toca no som do carro.
— Por que não me avisou que passaria o dia todo fora? — Resolvo abrir a boca e perguntar o que estava me matando por dentro.
— Te explico depois — Ele diz, e sinto a palma da sua mão encostar na minha coxa descoberta assim que paramos no sinal vermelho.
Suspense, suspense e mais suspense.
Não sei se gosto muito disso.
Enquanto ele acariciava minha pele e não tirava os olhos de mim, eu me encolhia no banco com um pouquinho de vergonha. Pareço acostumada em estar com ele, mas às vezes me sinto como uma adolescente sem entender os próprios sentimentos.
Outra música inicia, dessa vez com o toque bem manso. Observo ele sorrir de lado e começar a cantarolar com a voz bem suave e tranquila.
Poucos minutos depois, parou o carro de frente a um prédio rústico, entregou as chaves ao manobrista e fomos entrando, um do lado do outro e de mãos dadas.
Mãos dadas em público.
Tudo bem que aqui aparenta ser bem reservado e tal, mas pra mim isso é novidade.
— Senhor Gabriel Barbosa, que bom te rever — A recepcionista fala mostrando um sorrisão enorme do outro lado do balcão — Está tudo pronto na suíte superior do terraço. Aqui está a chave — Entregou um cartãozinho nas mãos do Gabriel. — Tenham uma ótima estadia.
— Obrigada! — Ele diz de forma simpática, voltando a segurar minha mão e me levando junto até o elevador.
Quando apertou um dos botões e as portas se fecharam, preferi aproveitar o silêncio e olhar discretamente para ele pelo reflexo do espelho à nossa frente.
Tá vestindo uma calça oversized preta e uma camisa larga e branca da Louis Vuitton, bem bonito e arrumado. E percebo que está ansioso porque não para de morder o lábio inferior enquanto olha fixamente pro chão.
De fato ele aprontou algo, sei lá, pode ter alguma coisa na suíte onde estamos indo, e eu não quero me iludir, mas se for o que tô pensando...
O elevador chegou ao quarto andar do prédio e nós saímos sem dar uma palavra um com o outro.
Ele passou na minha frente e encostou o cartãozinho no sensor da porta do quarto 404, que fez um barulhinho e acendeu uma luz verde ao destrancar.
— Espera, deixa eu respirar — Ele diz quando me vê dar um passo à frente. Respirou fundo, fechou os olhos com força, respirou de novo e me encarou — Tô meio nervoso.