Capítulo 11

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Porra, ele quer muito ir embora.

Katsuki não devia nem ter deixado o Pikachu entrar quando o paspalho simplesmente surgiu na porta de sua casa de manhã, ele já devia ter imaginado que coisa boa não via por aí, mas quem abriu a porta foi o velho, que recebeu o imbecil com toda a cordialidade que ele não merece.

É domingo, por que raios o bestão foi encher o saco dele? O Pikachu é um tonto, mas Katsuki sabe que ele tem uma boa relação com praticamente todo mundo na sala, então por que raios não foi incomodar outra pessoa em pleno domingo de manhã? O Kirishima e o Fita Crepe, por exemplo, a Orelhuda, em quem ele fica babando em cima igual a um cachorro no cio, qualquer outra pessoa que não fosse Katsuki, que mais uma vez ficou com preguiça de sair muito cedo da cama, mas também não conseguiu dormir até mais tarde como gostaria.

Ele já tava acordado quando o velho bateu bem leve em sua porta, informando-o para descer porque tinha visita. Katsuki já sabia quem era sem o velho nem ter falado, porque viu uma mensagem naquele grupo silenciado na qual se podia ler: "KACCHAAAAN, ACORDA QUE EU TÔ CHEGANDO!"

Imbecil do caralho.

E por mais tonto que o Pikachu seja, ele ainda foi meio malandro por saber que tanto a velha quanto o velho já estariam acordados, os dois prontos pra ficar gastando sua orelha sobre ser gentil e hospitaleiro com o amigo da escola, o que impediria Katsuki de mandar o palhaço embora se quisesse ter paz. Não que ele tenha tido muita depois que o Pikachu chegou, de fato.

— Bora pra praia. — foi a primeira coisa que ele disse.

— Não, rala daqui.

— Ahhh, Kacchan, bora lá! O Sero foi comprar bebida, o Kiri foi buscar o cooler lá na U.A., já tá quase tudo fechado!

Quando o Pikachu disse isso, a primeira coisa que lhe veio na cabeça estranhamente foi a Uraraka. Ela estaria lá na U.A., hoje não viria trabalhar porque é domingo, então iria acabar encontrando o Kirishima. Será que eles conversariam? Katsuki considerou por um segundo perguntar mais tarde se o ruivo a viu, se ela tava se empanturrando com os picolés e a mousse que fez, mas logo sacudiu essa ideia pra longe, lembrando-se como terminou aquela palhaçada: a velha enchendo o saco e ele concordando em ir no tal festival de verão só pra fazê-la calar a boca, maldita!

Não que seja culpa da Uraraka, mas ainda assim, ficar pensando nela o deixa incomodado, esquisito pra caralho! E acaba sendo um saco porque, por mais que não queira, a imagem dela com aquele rabinho de cavalo curtinho gemendo enquanto saboreava um picolé não lhe saiu da cabeça pelo resto da noite, foi até difícil dormir, inferno.

Então não, ele não ia perguntar nada pro Kirishima, em que lhe interessaria saber o que a Cara de Lua tava fazendo? E de todo jeito, ela ia acabar falando no dia seguinte, mesmo sem ele ter perguntado. É, não tinha porque perguntar nada mesmo.

E acabou não fazendo diferença, porque como por invocação, o Kirishima mandou mensagem um tempo depois. Katsuki ignorou a princípio, muito ocupado em xingar o Pikachu pra ver se ele ia embora e parava de ficar implorando pra que o loiro explosivo os acompanhasse, tentando convencê-lo de que ele poderia levar o que quisesse comer — como se Katsuki fosse burro e não perceberia que o palhaço só tava querendo filar a comida dele como sempre faz.

Mas então o Pikachu ficou quieto por um segundo, e Katsuki o olhou em surpresa, porque poucas coisas nesse mundo são capazes de fazer o idiota calar a boca, a maioria delas é ligada à Orelhuda.

— Meninas. — o Pikachu disse, perplexo — O Kiri vai trazer meninas.

— Tsk, e daí?

— Não, você não tá entendendo, ele vai trazer a Jirou! A JIROU!

Quase um mêsOnde histórias criam vida. Descubra agora