Capítulo 9

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Tsk, que porra ele tá fazendo?

Katsuki olha para o pôr-do-sol sumindo lentamente no horizonte e estica os braços acima da cabeça. Quando ele abaixa as mãos e olha para a Uraraka caminhando ao seu lado, ele nota que ela desvia o olhar. Ela tava o observando?

— Que foi?

— Nada, nada. — ela balança a mão levemente, e eles voltam a ficar em silêncio por mais alguns minutos, até que... — Você... vai mesmo até a estação comigo?

— Não foi o que eu disse que ia fazer?

— Sim, mas... se você quiser, não precisa. Aqui tá bom.

Ele olha ao redor, eles tão passando debaixo de uma ponte e faltam pouco mais de 10 minutos até chegar à estação.

— Vem me falar isso agora que a gente tá quase lá? — ele revira os olhos — Eu falei que vou te levar até a estação, então vou te levar, Cara de Lua, algum problema? Tô te incomodando, por acaso? — Katsuki quer que soe intimidador, mas quando ele mesmo se escuta, parece muito mais que ele tá na defensiva, quase como se temesse que ela dissesse que ele tá, sim, incomodando.

— Não, mas... só não entendi porque você quis me acompanhar hoje.

Pra falar a verdade, nem ele mesmo sabe. Não tem o menor sentido vir com ela quando a Cara de Lua tem feito esse caminho sozinha todo dia. Não é muito longe da casa dele, e a vizinhança é tranquila, não é como se ela corresse perigo andando sozinha por aí. Mesmo se fosse perigoso, ela não teria problema em se defender, o mínimo que se espera de alguém que tá treinando pra ser herói na melhor escola do país é que consiga se virar contra um trombadinha qualquer, ou mesmo um bando. Ainda mais ela, que faz um treino específico em artes marciais, pelo que ele entendeu do treino que ela disse que ia fazer hoje de manhã.

Então não, Katsuki não tem certeza de porque quis vir com ela.

— Só quis sair um pouco de casa. — mas é o que ele opta por dizer, sabendo que nenhum dos dois se contentaria com uma resposta do tipo "eu vim porque quis".

— Ah sim, hoje tá tão calor, né? Ainda bem que o Deku-kun me deu esses caquis, vou ter algo fresquinho pra comer de sobremesa à noite. — ela balança a sacola que tem em mãos animadamente.

Tsk, Deku otário.

Katsuki já tava indo pro quarto assistir alguma coisa na TV quando a Uraraka se despediu antes de sair do expediente, mas quando o loiro ouviu a voz dela exclamando o nome do merdinha, ele acabou voltando, não entendendo o que o idiota tava fazendo ali.

As coisas tão diferentes hoje em dia, Katsuki pediu desculpas pelas merdas que fez com ele no passado, mas isso não quer dizer que eles são grandes amigos que brotam na casa um do outro sem avisar, hoje em dia ele só... reconhece e respeita o nerd a uma certa distância, não tão longe a ponto de dizer que eles são apenas conhecidos, mas não tão perto também. E nada disso muda o fato de que o Deku segue sendo um nerd, de todo jeito. Ele até pediu pra que Katsuki parasse de chamá-lo pelo primeiro nome, já que tava soando estranho pra ambos. Ele é o Deku, e é um otário. Ponto.

E as conversas do otário com a Uraraka lhe dão uma profunda preguiça. Não dava pra ouvir lá de cima o que eles falaram, mas Katsuki viu como a postura dela mudou imediatamente quando começou a conversar com ele, mais relaxada e menos em guarda.

Nem durou muito, e ele só a viu acenar alegremente quando o nerd se despediu. Uraraka fechou a porta e olhou para os lados, até que olhou pra cima e o encontrou ali de pé perto da escada. Merda, ele não devia ter ficado ali, mas ela nem pareceu se importar, apenas sorriu e informou que a mãe do nerd pediu que ele entregasse uns caquis pra velha.

Quase um mêsOnde histórias criam vida. Descubra agora