— Obrigada. — Uraraka diz com um sorrisinho minúsculo e rapidamente corre pra dentro da casa dele, antes que os pingos de chuva a alcancem.
— Chegou mais rápido do que eu tava esperando.
— É, peguei o metrô mais cedo porque fiquei com medo da chuva aumentar e a estação parar. — ela explica, tirando os sapatos e se levantando — E aí, como você tá?
— Normal, ué.
— Hum, entendi.
Uraraka olha ao redor, ele sabe que ela não tá procurando pela velha, já que ela avisara mais cedo que ia ao escritório levar as peças e depois passar no banco pra pegar o dinheiro da Cara de Lua. Foi justamente por causa dessa informação que a Uraraka mandou mensagem pra ele de manhã perguntando se poderia ir um pouco mais cedo do que o horário que combinou com a velha pra conversar com ele, porque, segundo ela, não dava pra falar disso por mensagem.
Embora ele não tenha plena certeza de que entende o que é o tal "disso", Katsuki só imagina que é sobre o que eles fizeram no ateliê antes, ou melhor, o que tavam fazendo segundos antes da velha chegar. Basicamente, o que não era pra eles estarem fazendo, não naquele momento, e com certeza não naquele lugar.
Uraraka deixou claro que, se às vezes se afastou ou impôs limites, não foi porque não gosta dele, foi pelo bem de ambos. Teve um ponto em que Katsuki achou que era só em prol dela mesma, mas ontem, depois que o beijou no impulso e se arrependeu quase um minuto depois, ele percebeu que é sim uma preocupação pelos dois. Ela sabia que tava fazendo coisa errada, mas Katsuki não permitiu que a Uraraka corrigisse o que fez, apenas a afundou ainda mais no erro, devolveu o beijo com no mínimo o dobro da intensidade, Naquele momento, ela o beijou por gratidão em relação a algo do trabalho dela, e Katsuki a beijou só por puro desejo mesmo, esquecendo de toda a questão com a velha até o momento em que ouviu a voz dela ecoando pelo corredor.
E a pior parte é que ele nem se arrepende. Quer dizer, o loiro ficou com uma sensação esquisita, meio que uma certa apreensão ao se lembrar do que fez bem embaixo do nariz da velha, mas não é bem culpa, até porque sempre que pensa no tal beijo. — e desde ontem, ele pensou nisso uma caralhada de vezes — seu corpo ferve, lembrando e ao mesmo tempo desejando sentir de novo a maciez da pele dela, o gosto de seus lábios, ouvir a respiração dela ficar pesada e os barulhinhos baixos que ela fez contra sua boca.
Mas ele sabe que não vai rolar de novo, agora não tem mais clima. Uraraka tá se sentindo culpada de verdade, e não é nem que Katsuki tenha percebido, a própria disse isso por mensagem assim que saiu da casa dele ontem. Ela tá se sentindo culpada, e quis vir mais cedo hoje pra conversar com ele antes de ver sua mãe.
Talvez ela não contasse com a chuva que começou a cair um pouco depois do almoço, o que poderia ter lhe atrasado. É verão, do nada vêm umas chuvas esquisitas que só servem pra deixar o clima ainda mais úmido e abafado.
Um clima de merda, perfeito pra essa conversa que ela quer ter e que ele não vê como sendo minimamente agradável.
— E seu pai?
— Foi resolver umas coisas, não deve demorar.
— Então a gente também não pode demorar, né?
— Ele não ia ficar bisbilhotando a conversa.
— Eu sei, mas... depois de ontem, eu só... prefiro não arriscar. — ela se justifica com um sorrisinho sem graça.
— Tá. Não fica parada aí, vâmo entrando. — Katsuki sai andando, e Uraraka o acompanha logo em seguida.
Se fosse da vontade exclusivamente dele, essa conversa seria em seu quarto, ele se sentiria mais à vontade lá. Mas a Uraraka teria um piripaque se ele sequer sugerisse isso, então ambos caminham em direção à cozinha. Talvez seja melhor mesmo, no fim das contas.
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Quase um mês
Fiksi PenggemarCom um salário razoavelmente bom e alguns benefícios inesperados para um bico de férias de verão, Ochako começa a trabalhar como assistente de uma famosa estilista. Só tem um detalhe: essa estilista prefere trabalhar mais reservadamente em um ateliê...