Quase que perfeitos | com Jungkook

Falta algo

Capítulo 22

Falta algo

Três dias haviam se passado e as competições estavam cada vez mais acirradas entre os colégios locais.

Woodstock estava na frente com o time de xadrez e de vôlei, por outro lado, o time de atletismo, que costumava estar na frente de todos os demais, estava perdendo feio para dois colégios da região, isso porque o astro do time, Jungkook, não compareceu nos primeiros campeonatos e a três dias, ninguém ao menos via ele pelo colégio.

Eu não deixei de estudar esses dias, engoli os meus sentimentos e continuei indo à biblioteca nos mesmos horários, com as anotações que Jungkook havia deixado comigo. Se iria encontrar ele ou não, tão pouco me importava, pois nesse momento eu só queria saber em me formar, não de homens.

Hoje não foi diferente, a biblioteca estava vazia e os poucos alunos que estavam ali, conversavam entre si em um tom baixo, animados com o campeonato de hoje, o qual Ellen participaria, pois hoje é o dia dos artistas plásticos e outros da categoria, apresentarem as suas obras de artes. Ellen estava empolgada por esse momento e queria carregar a medalha esse ano, dizia que a sua obra iria surpreender, mas não me dava mais detalhes que esse, era uma surpresa.

Por volta das onze e meia da manhã, senti um perfume marcante e que eu conhecia bem, recebendo Yoongi sentado de modo despojado na minha frente e a expressão fechada como de costume.

Após a desastrosa noite em que Yoongi confessou os seus sentimentos por mim, ele continuou me cumprimentando ao passar por mim e a se sentar ao meu lado nas aulas em que tínhamos juntos, como se nada tivesse acontecido e eu preferia assim.

— Você e a sua costumeira expressão fechada — Falei enquanto folheava um livro.

Ele respirou fundo, pegou o celular do bolso e sem tirar os olhos do aparelho, me respondeu:

— Esses últimos dias de aula tem sido tedioso — Ele me olha. — Apenas ensaiamos e ensaiamos, cada vez mais, para o show de encerramento dos jogos.

— O colégio está cheio de exposições da turma de artes pelos corredores — Ele cruzou os braços me olhando sério. — Dê uma volta aprendendo sobre a artes moderna, quem sabe você não precise saber disso na faculdade — Dei de ombros.

— Eu não gosto de arte — Falou como uma criança birrenta e eu sabia que ele estava mentindo.

— Nunca vi um artista não gostar de arte — Eu ri e ele revirou os olhos escuros para mim.

— Não esse tipo de arte.

— De qualquer modo, vamos encontrar Ellen — Levantei juntando as minhas coisas. — Eu estou curiosa para saber o que fez para esse ano.

— Você não viu? — Neguei com um manear de cabeça.

— Ela se trancou no quarto por semanas e não me deixou nem ao menos dar uma espiada — Coloco minha mochila apoiada em um ombro.

Os corredores por dentro da Woodstock estavam cheios de pinturas e demais obras de arte, quase sendo confundido com um imenso corredor de um museu.

— Mas os ensaios, como vão? — Questiono Yoongi enquanto atravessávamos o pátio central.

— O de sempre — Colocou a mão no bolso da calça, parecendo estar na defensiva. — Está bom, mas não excelente — Coçou a nuca. — Parece que falta algo — Suspirou confuso.

Sempre que via Yoongi pelos corredores, na pausa que dava para o almoço, era isso que ele falava em poucas palavras: "está tudo bem, mas parece que falta algo".

— Você parece tranquilo — Olhei para ele. — É uma competição, mesmo sentindo que não está bom o suficiente, você parece aceitar isso bem — Desvio de um grupo em frente a um quadro. — Digo, você não pensa em fazer algo para mudar isso?

— Se quer saber se estou preocupado em ganhar, engana-se — Ele deu de ombros. — Quero apenas cantar, me divertir com meus amigos e me formar, não me importo em ganhar nada, mas claro que quero dar o meu melhor.

— Não é de algo que você está sentindo falta, é de alguém — Ele me olha atentamente.

— Jungkook — Falamos ao mesmo tempo.

— Jimin já havia notado isso, mas infelizmente esse é um problema sem solução — Falou meio triste.

— Mesmo não sendo aluno de música, ele não pode participar dessa apresentação? — Eu pergunto confusa.

— Esse não é o problema — Seu tom saí baixo, quase sufocado.

— São os pais dele né? — Eu nego com a cabeça. — Realmente, eles teriam um surto se visse Jungkook naquele palco. — De repente, Yoongi para de andar e eu paro a alguns passos a sua frente, olhando para trás confusa e encontrando seu olhar firme para mim.

— Você não faz ideia né? — Eu continuo o olhando sem entender. — O avô de Jungkook faleceu no dia do nosso último show — Meus olhos se arregalaram em surpresa. — Ele saiu às pressas para o aeroporto, estava na Coreia do Sul até agora — Isso explicava o sumiço repentino dele. — Foi a Ashley que avisou ele — Eu continuei prestando a atenção no que ele dizia. — Os pais de Jungkook achavam que eles ainda estavam juntos, tentaram ligar para ele, mas ele havia deixado o celular no camarim desligado, então Ashley foi até lá, pois sabia aonde ele estava — Tudo fazia mais sentido agora e eu estava me achando uma completa idiota. — — Os pais de Jungkook são muito reservados, os garotos e eu os conhecemos desde pequeno — Deu de ombros. — Preferiram deixar essa informação apenas para os íntimos, até termos certeza do que de fato realmente aconteceu — Ele abaixou a cabeça. — Duas horas depois, a imprensa local confirmou a morte do bilionário Jeon — Eu sentia meu coração a pesar, pois eu não me imaginava sem os meus avôs e não queria que ninguém passasse por isso, ainda mais Jungkook.

— Como ele está? — Perguntei afobada, mais do que queria, me referindo a Jungkook.

— Conformado — Bagunçou os cabelos. — Ele volta hoje, aliás... — Ele olha no seu celular rapidamente. — Já deve estar chegando.

— Pensei que talvez ele quisesse ficar mais tempo com a família — Apoiei meu peso em um lado da perna.

— Foi uma despedida rápida e sincera, a família Jeon já estava preparada para esse momento — Ergueu os ombros. — Jungkook é um cara silencioso, vai sofrer por dentro — Eu balancei a cabeça concordando. — Vamos — Ele passou por mim e eu demorei alguns segundos para conseguir sair do lugar e tenho certeza de que a minha mente ficou plantada aonde eu estava, pois eu só conseguia sentir culpa de não ter estado ao lado dele nesse momento e ter agido feito uma adolescente mimada com ciúmes.