por trás das cenas

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MADU

- Eu não aguento mais, Verônica. - Ela me encarou com aqueles olhos azuis transbordando em lágrimas. As maçãs do rosto proeminentes estavam coradas e o lábio inferior tremia devido ao choro. - Acho que é melhor nós duas não ficarmos mais juntas. - Ao ouvir a fala, caminhei desesperadamente até ela e segurei seu rosto em minhas mãos, secando as lágrimas com os polegares.

- Não amor, - colei nossas testas, sentindo sua respiração. - Não fala isso. - Pedi, com a voz falhando enquanto segurava o choro. - Eu te amo.

- Amor nunca vai ser suficiente entre a gente. - Um soluço balançou os ombros dela, e eu senti uma lágrima escapar. - Você sempre diz que me ama, mas nunca está aqui para mim quando preciso. - Suas mãos fecharam em meus punhos, afastando-as de seu rosto.

- Eu estou aqui agora. - Sussurrei, e não deixei que ela se afastasse. Abraçando sua cintura, puxei-a para um beijo desesperado. A Princípio ela tentou resistir, mas com a minha insistência, cedeu. Tentei colocar todo o sentimento que tinha dentro daquele beijo, foi intenso e longo, e ela retribuiu a altura. As lágrimas ainda banhavam nossos rostos, Mas não foi o suficiente para nos fazer parar, até que conselhinhos demorados, nos separamos.

- Corta! - Bastou ouvirmos o diretor gritar para que nos afastassemos como se estivéssemos com alguma doença contagiosa. Luana me olhou de cima a baixo, de forma desdenhosa, enquanto esfregava um lencinho na boca, e revirei meus olhos para ela. Bruaca mal amada. - Perfeito meninas, por hoje encerramos.

Dei as costas aquele projeto de Barbie e fui para o meu camarim. Desde que aceitei esse papel, minha vida estava sendo um tormento. Claro que era um sonho realizado finalmente trabalhar em uma novela com tanta representatividade, mas trabalhar com Luana Ferraz era querer morrer a cada minuto. No começo até tentei ser simpática, construir uma boa relação de trabalho para que pudéssemos ficar mais à vontade durante as cenas, mas com o passar dos dias fui percebendo que ela era a típica estrelinha. O tanto de exigências que essa mulher fazia era inconcebível na minha cabeça, a forma como ela tratava todos os funcionários me deixava doida, ela parecia ter certeza de que a grandessíssima Luana Ferraz era digna de ser tratada como rainha. E eu consegui a tolerar aquilo, até que um dia eu fui a vítima do desdém.

Era um final de dia de gravação, todos no set estavam cansados e prontos para finalizar o dia. A última cena era da minha personagem com a personagem da Luana, onde nós flertávamos em um restaurante, e para minha infelicidade, eu não estava conseguindo acertar minhas falas. Acontece as vezes, já que são muitas, mas Luana não perdoou. Após meu terceiro erro, ela soltava risinhos e fazia comentários debochados. Coisas como: "Onde você aprendeu a atuar?', e "quem te contratou devia estar querendo pregar uma peça no elenco". E foi o suficiente para mim. Me orgulho de dizer que sou calma, não gosto de brigas e costumo resolver minhas desavenças com conversa, mas aquela mulher despertava o pior de mim. Naquele dia eu falei tudo que pensava sobre ela, ali mesmo no set de filmagens. Ninguém da equipe interferiu, acredito que fiz o que muitos queriam fazer, e ela ainda teve a pachorra de colocar algumas Lágrimas de crocodilo nos olhos e pedir a minha demissão. Desde então nós mal nos suportamos.

O pior era querer odiá-la por ser ruim no que fazia, mas o maior problema nisso era que ela era ótima. Tudo o que Luana tinha de ruim como pessoa, ela compensava sendo uma atriz incrível. A fan base dela era enorme, - e aposto que nenhum dos Pobres inocentes sabiam da índole verdadeira de seu ídolo, - e graças a seu talento, ela tinha conseguido papéis fora do país, participar de uma grande série da Netflix e já concorreu a vários prêmios latinos. A filha da puta era realmente boa. Eu também tive a oportunidade de estar em alguns filmes fora do país, meu nome cresceu, não tanto quanto dela, mas também estava em destaque,e talvez isso também fosse um incentivo para deixá-la ainda mais Incomodada com a minha presença.