LUANA
Conhecer Meg me deixou energizada. Quando vi aquele golden retriever maravilhoso pendurado no pescoço da Madu, não consegui conter a exclamação de deleite. Sempre fui apaixonada por cachorros, era meu sonho ter um de grande porte, mas nunca pude devido a sempre morar em prédio. Quando aquele canzarrão pulou em cima de mim, tive certeza de que eu precisava muito adotar um daqueles. Brinquei com ela por uma hora quase completa, pouco me importando em estar arruinando meu casaquinho da Prada, poderia comprar outro depois, fiz questão de aproveitar todo aquele momento com aquela cachorrinha maravilhosa. Corri por toda a parte dos fundos da casa de Madu, joguei gravetos para ela pegar, e me abracei com Meg tantas vezes quanto possível, só parando quando já estava ofegante.
Procurando pela dona da casa, fui até seu quarto. Sabia que estava invadindo o seu espaço pessoal, mas tinha sido ela quem havia me deixado sozinha primeiro. Tomando cuidado para não tocar em nada, observei cada cantinho daquele quarto. Era bem simples, e confesso que esperava mais. Não tinha quadros além de um porta-retrato com a foto de Madu com Meg na mesinha de cabeceira, sua escrivaninha era bem organizada, e a parte mais interessante era uma pequena estante de livros logo acima da cama. Todos os lançamentos de uma autora brasileira, conhecida por trabalhar com histórias de romance sáficos, e mais algumas outras escritoras aleatórias. Eu conheci a maioria e fiquei surpresa por notar que, no quesito leitura, nós tínhamos gostos muito parecidos.
Quando ouvi o chuveiro ser desligado, fiquei parada no centro do quarto, aguardando. Mas eu não esperava que Maria fosse sair nua em pelo do banheiro. Desci meus olhos por todo aquele corpo, desde os longos cabelos pretos, que ela escovava distraidamente, até seus pés descalços. Engoli a seco, me maldizendo por ter sentido uma fisgada de excitação no ventre. Meu rosto queimou feito brasa, e me virei de costas, mas consegui notar seu olhar divertido diante da minha situação. Depois daquele momento, eu simplesmente parei de funcionar. Madu me cedeu o banheiro e algumas roupas, - coisa que jamais esperaria dela, - e me deixou, sem perceber que eu ainda ardia de vergonha.
Gosto muito, e admito isso, de atormentar Maria Eduarda. Tinha toda a intenção de fazer comentários sobre sua casa, sobre como ela poderia ter muito mais e preferiu ficar naquele lugar pequeno. Tinha planejado tentar fazer ela perder a cabeça, mas a partir do momento em que ela surgiu pelada na minha frente, meu cérebro lésbico só seguiu um caminho. Me senti novamente na adolescência, quando me pegava olhando para fotos das artistas que eu mais gostava, e as desejava tanto que chegava num nível vergonhoso. A maior parte do tempo que passei embaixo do chuveiro, foi tentando apagar da memória a imagem de Madu, e quando comecei a achar que estava sob controle, a maluca entrou no banheiro gritando comigo. Me cobri do jeito que pude e tornei a corar. Maria estava tão possessa que cheguei realmente acreditar que ela iria me agredir.
Madu me levou embora evitando falar comigo o máximo que pôde. Sua aura de irritação era tangível, e devido às inúmeras ameaças que ela já tinha feito, achei pertinente não provocar mais. Meu rosto é muito bonitinho para eu arriscar ganhar hematomas. Fiquei realmente muito surpresa em constatar que aquele ferro velho aguentava o tranco, mas ainda assim, se eu pudesse escolher, nunca mais voltaria a entrar naquele monstro. Considerando que Maria e eu moramos em lados opostos da cidade, o caminho feito em tempo normal sairia em 30 minutos no máximo, mas a desvantagem de andar numa velharia daquela, era que aquela mulher parecia ter medo de pisar no acelerador. Tentei me distrair pensando em qualquer outra coisa, mas quando eu tentei, a primeira coisa que me veio à memória foi a imagem de Maria Eduarda pelada. Chacoalhei a cabeça como se assim pudesse mandar aquilo para fora da minha mente, e ao meu lado ela soltou um muxoxo desgostoso.
- O que foi? - Minha pergunta saiu mais agressiva do que eu pretendia, estava realmente irritada com aquele cérebro traiçoeiro.
- Tem um paparazzi nos seguindo. - Madu respondeu, sem alterar a velocidade de sua direção em nenhum momento. Olhei para trás, e realmente havia um carro na nossa cola. O motorista nos acompanhava tranquilamente, enquanto o fotógrafo batia as fotos do banco do carona.
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por trás das cenas
RomanceQual a probabilidade de duas pessoas que não se suportam começarem a se envolver? Será que a linha entre amor e ódio é realmente Tênue? Luana é mimada. Madu é pé no chão. Luana gosta de atenção, e até onde pode, Madu prefere ser discreta. Luana é ob...