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LUANA

Passei o domingo todo me sentindo um lixo. Só saí da cama para usar o banheiro e depois voltar para ela. Tentei acompanhar uma das minhas séries preferidas, mas não conseguia focar. Estava revoltada demais com o com afetada eu tinha ficado sobre o que Maria Eduarda tinha me dito. Quando contei exatamente o que tinha acontecido para César, ele riu e disse que eu só estava assim, porque ela era a única que não cedia as minhas vontades, o que era uma mentira óbvia, é claro. Pelo menos foi do que eu tentei me convencer. E para piorar tudo, acompanhar as fotos daquela desgraçada de legging e top correndo com a Meg, me fez sentir extremamente estranha.

Saí curtindo todas as fotos, só para deixar claro que eu tinha visto, e deixei a internet pegar fogo com isso. Não era possível que eu ia passar por aquele inferno sozinha. Enquanto eu estava na merda em casa, madu andava feliz com aquela cachorra perfeita, posando para fotos e distribuindo sorrisos. Pois eu espero que a mensagem que deixei no twitter dela tenha ficado bem clara, e que amanhã ela seja obrigada a me mimar, porque eu merecia, e queria muito que ela fizesse aquilo. Muitos dos fãs dela tinham sido horríveis comigo, e mesmo com ela tendo deixado aquela mensagenzinha mixuruca, eles não pararam. Infelizmente eu tinha essa mania horrível de ler todos os comentários ruins que faziam sobre mim, era algo que César sempre dizia para eu parar de fazer, porque ou eu virava uma bruxa de tanta raiva, e todo mundo ao meu redor sofria comigo, ou eu me deprimia e me isolava. Nenhuma das opções era boa, mas eu não conseguia parar.

levantei na segunda-feira disposta a fingir que nada tinha acontecido. Eu tinha Total poder sobre como me sentir com relação ao que me falavam, e não seria uma atrizinha meia boca que me faria mudar isso. Mas mesmo com isso em mente, meu humor Estava azedo. Só de olhar para minha cara, o motorista soube que aquele não seria um bom dia. Tratou de se manter calado, não me deu o bom dia jovial de sempre e eu agradeci mentalmente por isso, pois com certeza teria dado uma resposta enviesada para o pobre coitado. No caminho para o estúdio, repassei as minhas falas e reclamei um pouco sozinha por ter de gravar com Maria hoje. Claro que tinha perfeita noção de que estava sendo contraditória, pois ontem mesmo a minha vontade era de que ela se rastejasse aos meus pés, mas hoje é um novo dia.

Ao chegar no estúdio, parecia que todo mundo estava com o humor completamente oposto ao meu. Nunca na vida tinha recebido tanto sorrisos dos funcionários daquele lugar, no geral, as pessoas evitavam o meu caminho, e hoje era um dia em que eu gostaria muito que elas voltassem a fazer isso. Mas aparentemente minha vida era uma piada. Fechei mais a cara, e automaticamente o meu bico cresceu. Que Deus me ajudasse a não matar ninguém no dia de hoje, amém. Ignorei todos os sorrisos e olhares calorosos, fingi não ouvir os cumprimentos de bom dia, e marchei rapidamente para o meu camarim, e assim que entrei, fui tomada por um cheiro de flores tão forte, que meu nariz ardeu na hora.

Para todo o lado que eu olhava naquela sala pequena, havia flores. De todos os tipos e cores. Maria Eduarda tinha transformado o meu camarim em uma porra de floricultura.  Fiquei parada a porta, olhando aquele lugar de ponta a ponta. Não queria acreditar no que estava vendo, pois se acreditasse, Com certeza ficaria mais difícil tentar não matar uma pessoa em específico. Levei um minuto exatamente para ter que sair e fechar a porta do camarim, pois apesar de gostar muito de flores, aquele odor forte fazia minha rinite atacar, e com certeza nesse momento meu nariz deveria estar vermelho de tanto que ardia.

- E ai, gostou amor? - A voz dela soou atrás de mim, me fazendo travar no lugar. Risinhos me diziam que não estávamos sozinhas, e que aquela desgraçada tinha armado tudo aquilo. Suspirei, tendo dificuldade para entrar no personagem, mas consegui. Plantei um sorriso alegre no rosto, e um brilho apaixonado nos olhos, me virando para ela. Vacilei por um mísero segundo quando vi o sorriso que Madu tinha no rosto. Era um grande e cheio de dentes, que deixavam suas covinhas profundamente amostra. Naquele tempinho, eu realmente desejei que fosse real, mas passou rápido. Em seus braços, como se as flores do camarim já não fosse o suficiente, Maria carregava um buquê de margaridas.

por trás das cenasOnde histórias criam vida. Descubra agora